Estudantes do interior do Amazonas unem ciência e cultura em projeto de iniciação científica do Inpa
A utilização de madeira caída da Amazônia é matéria-prima para estudantes de Manacapuru e Iranduba aprenderem a confeccionar Ukulelê, instrumento de cordas de origem havaiana que os alunos também aprender a tocar.
Por Cimone Barros
Despertar a vocação científica e oportunizar a estudantes de ensino médio a vivência com pesquisadores. Esse é o objetivo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI) ao implementar o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (PIBIC Jr.), que realizou nesta quarta-feira o VIII Seminário de Avaliação de Resultados dos trabalhos dos bolsistas de PIBIC Jr.
Segundo a coordenadora de capacitação do Inpa, Beatriz Teles, participaram das apresentações 59 bolsistas de oito áreas: engenharias, ciências humanas, agronomia, multidisciplinar, saúde, química de produtos naturais e zoologia I e II. “Quem passa pelo programa se torna um aluno com diferencial. Ele passa a ter uma vivência com os pesquisadores e a ter uma outra visão do que é a ciência”, disse.
Outra vantagem do programa é despertar ainda na educação básica a curiosidade dos alunos e a disciplina que o conhecimento científico requer. Também é um vasto campo para “identificar talentos”. Muitos deles se interessam por cursar uma graduação e alguns seguem a carreira científica.
E a aptidão dos jovens não é apenas para ciência e tecnologia. O programa acaba se tornando interdisciplinar. Alguns alunos vão mais longe e conseguem abraçar o projeto, que possui vários apelos. O Ukulelê – nome de instrumento de cordas havaino - vai desde a sustentabilidade ecológica, passando pela inclusão social, geração de renda, até a atividade cultural.
Pibic Jr -
Iniciado em 2011, o projeto Pibic Jr “Construindo instrumento musical com madeiras da Amazônia”, em Manacapuru, deu origem a Camerata Ukulelê. Além de confeccionarem o instrumento de quatro cordas usando madeira caída da floresta amazônica, os estudantes aprenderam a tocar ukelelê. Em outubro, a Camerata Ukulelê se apresentou no maior palco cultural do Estado, o Teatro Amazonas, juntamente com a Orquestra de Violões do Amazonas (OVAM).
“Eu já sabia tocar violão. Mas construir o instrumento e aprender teoria e prática musical do ukulelê é muito divertido; não quero parar”, revelou Pedro Paulo Gomes, 16, estudante do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual José Mota, que pretende cursar Música.
Expansão
Para atender mais jovens, a coordenação do projeto montou duas oficinas itinerantes com equipamentos de bancada que ficam disponíveis em caixas, permitindo replicar o projeto com certa celeridade em outros lugares. Em 2012 foi para Iranduba, e Boa Vista (RR) já se interessou pelo projeto. O investimento com os equipamentos e materiais é de R$ 18 mil.
“Como temos dois jogos, levamos um para Iranduba, que demonstrou mais habilidade para a prática musical do que para a confecção, e agora levaremos esse jogo para Presidente Figueiredo. Enquanto isso, os jovens de Iranduba vão ter aulas de música”, disse a coordenadora do projeto Claudete Catanhede.
Os dois projetos participaram do Seminário de resultados do Pibic Jr do Inpa, com direito a apresentação do trabalho científico e a ‘palinha musical’. No repertório constaram músicas como Dólar Furado, Banzeiro e Agora é Tarde.
“Eu já toco bateria e o projeto é uma nova forma de conhecimento e uma oportunidade para se ocupar, já que o município não oferece muitas opções”, disse Dandara Mendonça, 15, estudante do 2º ano do Ensino Médio da Escola Municipal Creusa Farah, em Iranduba.
A expectativa da garotada de Manacapuru agora é pela aprovação para participar de um festival de música, que fará parte da programação da 31ª Conferência Mundial da Internacional Society of Music Education (ISME), que ocorre em Porto Alegre de 20 a 25 de julho de 2014. Esta é a primeira vez que o evento bianual acontece na América Latina.
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