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Estudo sobre a biodisponibilidade de camu-camu no organismo ganha prêmio nacional na área de nutrição clínica

  • Publicado: Domingo, 20 de Outubro de 2013, 20h00
  • Última atualização em Segunda, 27 de Abril de 2015, 09h13

 

O trabalho é de autoria da nutricionista Bianca Languer em coautoria com os pesquisadores do Laboratório de Alimentos e Nutrição (CSAS) do Inpa Francisca Souza, Jaime Aguiar e Lucia Yuyama (in memoriam)

Por Cimone Barros

Rico em ácido ascórbico (vitamina C), o camu-camu quando passa por processo de desidratação também consegue ter uma boa absorção da vitamina C pelo organismo humano. Apesar de ser em proporção inferior a vitamina C sintética, praticamente 50%, o camu-camu liofilizado (processo de desidratação que transforma o fruto em pó conservando as propriedades nutricionais) pode ser utilizado como uma fonte natural de suplementação de vitamina C e como alternativa de alimento funcional a ser inserido na alimentação saudável.

Esse é o resultado a que chegou um estudo da nutricionista Bianca Languer, egressa do mestrado de Ciências de Alimento, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), realizado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI).

A pesquisa “Avaliação da biodisponibilidade plasmática de ácido ascórbico em adultos após administração de cápsulas de vitamina C e Camu-Camu (Myrciaria dúbia)” ganhou o prêmio de melhor trabalho de nutrição clínica do Mega Evento Nutrição 2013, o maior evento de nutrição e alimentação da América Latina, que ocorreu no início do mês, em São Paulo. O estudo faz parte de um projeto maior do Inpa.

A premiação foi surpreendente; é o reconhecimento do nosso trabalho. Acredito que ela vai auxiliar na divulgação dos frutos amazônicos e do trabalho do Inpa para o restante do País”, disse Languer.

O estudo

O trabalho tem a orientação dos pesquisadores do Laboratório de Alimentos e Nutrição do Inpa (CSAS/Inpa) Francisca Souza, Jaime Aguiar e Lúcia Yuyama. Lúcia orientou Languer no mestrado, mas faleceu em abril deste ano.

Para verificar a absorção pelo organismo da vitamina C do camu-camu, os pesquisadores elaboraram cápsulas com o pó do fruto. A amostra contou com participação de 19 adultos saudáveis, de 19 a 35 anos, divididos em dois grupos: o grupo de intervenção recebeu cápsulas de camu-camu liofilizado e o grupo controle recebeu cápsulas de vitamina C sintética. Ambos ingeriram 320 miligramas de ácido ascórbico diariamente por um período de 15 dias.

Para saber os níveis plasmáticos de ácido ascórbico, foram feitos testes bioquímicos (exames de sangue) antes e depois da ingestão das cápsulas. O organismo do ser humano é capaz de absorver em torno de 60% a 80% da vitamina C que é ingerida,  variando de pessoa para pessoa, dependendo de seu estado de saúde.

Os resultados mostraram que os participantes do grupo que ingeriram vitamina C sintética tiveram um aumento de 33% do nível plasmático de ácido ascórbico, enquanto os participantes do grupo que tomaram cápsulas de camu-camu alcançaram um aumento de 16,6%.

“Apesar da absorção menor, o camu-camu é fruto mais rico do mundo em vitamina C e quem tomou a cápsula do fruto ganhou outras vantagens nutricionais”, disse o pesquisador Jaime Aguiar.

Valor nutricional

O camu-camu possui uma quantidade significativa de flavonóides e antocianina, substâncias com comprovada ação antioxidante, que inibem os radicais livres (podem danificar as células sadias do corpo) e o depósito de gorduras nas artérias. Os alimentos a base de vitamina C auxiliam na prevenção de doenças porque aumentam o sistema imunológico, retardam o envelhecimento e ajudam a reduzir doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Também ajudam na absorção de ferro de origem vegetal quando consumidas depois das refeições, combatendo a anemia.

Para a pesquisadora Francisca Souza, outras vantagens de se utilizar o camu-camu em cápsula é que ele é um produto natural e a liofilização não interfere na composição nutricional. “Além disso, o camu-camu é muito mais barato para a indústria farmacêutica do que o remédio sintético, sem contar que o tempo de prateleira da vitamina C é alto, podendo chegar a um ano sem a presença de luz”.

Desde a década de 1980, o Inpa estuda o camu-camu em vários aspectos: agronômico, biológico e tecnológico. O Instituto já conseguiu domesticar o fruto, fez melhoramento genético da semente e trouxe a produção típica das várzeas e curso dos rios da Amazônia para a terra firme.

A pequena fruta que se parece com cereja e jabuticaba e é rica em vitamina C. Uma unidade equivale a três acerolas, 20 laranjas e 30 limões. O consumo diário de camu-camu deve ser limitado a 2 ou 3 frutos de tamanho médio ou um copo de suco puro. Quantidades maiores podem ultrapassar o valor máximo de ingestão diária de vitamina C, que é de 2. 000 miligramas.

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