Semana Nacional de C&T 2013: estudantes unem ciência e cultura em apresentação musical no Teatro Amazonas
O grupo formado por estudantes de escolas públicas de Manacapuru (AM) usam madeiras de demolições para confecção do instrumento musical chamado Ukulelê
Por Daniel Jordano
O grupo musical Camerata de Ukulelê, resultado do projeto que envolve ciência, educação e cultura desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) por meio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT)-Madeiras da Amazônia, irá se apresentar em um dos mais tradicionais palcos da cultura no país: o Teatro Amazonas. O evento ocorrerá no próximo domingo (20), às 19h, e faz parte das atividades do Instituto durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
A Camerata de Ukulelê irá se apresentar com a Orquestra de Violões do Amazonas tendo como regente o maestro Davi Nunes.A primeira apresentação será no Teatro para 700 convidados, outra apresentação para público em geral está prevista para novembro em Manacapuru, interior do Amazonas.
Projeto
O trabalho com o Ukulelê é resultado do projeto ‘Construindo instrumento musical com madeiras da Amazônia’ desenvolvido no Programa de Bolsa de Iniciação Científica (Pibic-Jr) e conta com a participação de estudantes de escolas públicas do município de Manacapuru.
O objetivo do projeto é transferir tecnologia para a fabricação com madeiras da Amazônia de um instrumento musical de cordas. A tecnologia foi adquirida no estado do Espírito Santo por um dos sócios da empresa incubada pelo Inpa Puro Amazonas e a matéria-prima para o projeto foi obtida de resíduos de demolição dentro do campus I do Inpa e de algumas árvores caídas naturalmente.
Segundo a coordenadora do projeto, a pesquisadora do Inpa Claudete Catanhede, os ensaios começaram há oito meses. Ainda de acordo com ela, o projeto tem um diferencial: une cultura e ciência. “O resultado é positivo e pela primeira vez envolve conhecimento científico e cultura. Eles aprenderam a confeccionar e a valorizar o instrumento além de aprender a parte musical e a leitura das partituras. Eles tiveram aula também de postura musical, ou seja, foram oito meses de aprendizado”, afirmou.
O projeto tem o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A apresentação da Camerata no Teatro Amazonas tem o apoio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC).
De acordo com o coordenador do INCT-Madeiras da Amazônia, Niro Higuchi, os alunos foram muito além do objetivo do projeto. “Os estudantes aprenderam a tocar o instrumento de fabricação própria. Após o encerramento do projeto, os alunos realizaram várias apresentações em Manaus e em uma delas, o maestro da Orquestra de Violões do Amazonas se encantou com a performance deles e convidou o grupo para um treinamento mais profissional. Após alguns ensaios, no início de deste ano, o maestro decidiu que tinha chegado a hora de apresentá-los ao grande público na forma de Camerata”, disse.
Ainda de acordo com Higuchi, o projeto tem foco ambiental e social. “Temos o apelo das mudanças climáticas porque o material de demolição seria queimado, emitindo gás carbônico, ou deixado para decomposição emitindo metano. Também temos o apelo da inclusão social, ao oferecer atividades alternativas fora do horário escolar para meninos de 14 a 16 anos e ainda gerar renda já que cada Ukulelê está sendo vendido a R$ 300, além do apelo da sustentabilidade ecológica e da utilização do recurso florestal da Amazônia. É a pesquisa científica cumprindo, o seu papel social”, destacou.
INCT
O INCT-Madeiras da Amazônia é um Centro Nacional de Pesquisas e Inovação de Madeiras da Amazônia que reúne pesquisadores do Inpa e de Instituições parceiras. A meta principal é o desenvolvimento e execução de estudos de manejo florestal e aproveitamento por meio de processos industriais da madeira e dos seus resíduos. A associação do manejo à tecnologia de processamento.
O projeto iniciado em 2009 tem duração prevista de cinco anos e busca socializar o conhecimento e transferir tecnologia que permita dobrar o rendimento da madeira amazônica. Um dos produtos de maior liquidez econômica extraído da floresta.
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