Simpósio Internacional sobre cogumelos debate meios de tecnologia e produção para viabilizar a comercialização
Especialistas nacionais e internacionais irão discutir sobre a importância tecnológica e biotecnológica de cogumelos comestíveis e medicinais reunidos em quatro temas: produção e tecnologia de cultivo; biodiversidade; biotecnologia, tecnologia, nutrição e saúde; e meio ambiente, pesquisa e desenvolvimento
Da redação da Ascom
Ingrediente fundamental nas comidas asiáticas e muito conhecido pela população, o cogumelo comestível tem um cultivo desconhecido nos campos do Amazonas. No mundo há aproximadamente 25 espécies cultivas e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) já conseguiu domesticar e cultivar quatro espécies regionais.
De acordo com a pesquisadora do Inpa Ceci Sales-Campos, há 13 anos desenvolvendo pesquisas no Laboratório de Cogumelos Comestíveis do Instituto conseguiu produzir tecnologia para o cultivo de cogumelos em condições rústicas e climatizadas por meio de câmeras de cultivo com controle de temperatura, luminosidade, umidade e oxigênio, possibilitando maior produtividade.
Com o objetivo de debater a importância dos cogumelos comestíveis e medicinais para a Amazônia e promover a interação entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros, o Inpa realiza, simultaneamente de sábado (12) até terça-feira (15), das 8h às 18h30, o Vll Simpósio Internacional sobre Cogumelos no Brasil e o Vl Simpósio Nacional sobre Cogumelos no Tropical Hotel Manaus.
Os eventos são voltados para a produção de cogumelos comestíveis e medicinais, abordando diferentes formas de cultivo. Será debatida ainda a aplicação de substâncias extraídas dos cogumelos para tratamentos de efluentes, biorremediação (quando organismos vivos são usados para remover contaminações no ambiente), bioenergia, além das propriedades nutricionais e medicinais dos cogumelos.
“Esse evento reunirá as pesquisas nacionais e internacionais sobre cogumelos comestíveis. Especialistas do mundo inteiro estarão aqui. Com isso buscamos promover o intercâmbio científico, tecnológico e cultural sobre o cultivo e potencial biotecnológico de cogumelos comestíveis e medicinais entre a comunidade científica nacional e internacional”, disse.
Entre os palestrantes estão o presidente da Sociedade Internacional de Estudos Científicos de Cogumelos, Greg Seymour, além de especialistas de países como China, Japão, Coréia, Estados Unidos, Nova Zelândia, Espanha, Portugal e especialistas nacionais.
Produção e comercialização
De acordo com a pesquisadora do Inpa e responsável pela organização do evento, Ceci Sales-Campos, a comercialização mundial de cogumelos (cultivados, medicinais e selvagens) giram em torno de US$ 45 bilhões, sendo os maiores produtores China, Japão, Estados Unidos, Holanda, Polônia e Espanha. Somente a China consegue produzir 21,5 milhões de toneladas/ano. No Brasil, a produção fica em torno de 15 mil toneladas/ano, sendo que o país importa quase a mesma quantidade que produz. Dentre as espécies comercializadas no Brasil, Ceci Campos destaca: champignon, hiratake (shimeji preto e branco) e shiitake. A produção brasileira é feita em pequena escala concentrada no interior de São Paulo, por conta do clima, como os municípios de Mogi das Cruzes, Cabreuva e Itapeuma e Sorocaba.
Ceci Campos afirma que Amazônia possui potencial para a produção de cogumelos comestíveis, mas ainda é preciso a criação de uma cadeira produtiva que envolva pequenos, médios e grandes produtores.
Estudos
Como o clima da nossa região é quente e úmido, Ceci Sales-Campos relata que é possível o cultivo de espécies regionais mais rústicas como Pleurotus ostreatus, Pleurotus ostreatoroseus, Lentinus strigosus e Polyporus sp., a uma temperatura de 25º a 28º grau centígrados na fase de frutificação, todas já domesticadas e cultivadas no Laboratório de Cogumelos Comestíveis do Inpa.
O Laboratório possui a tecnologia para o cultivo tanto em condições rústicas quanto climatizadas por meio de câmeras de cultivo com controle de temperatura, luminosidade, umidade e oxigênio, possibilitando maior produtividade.
Sales-Campos ressalta que apesar de existirem vários estudos como teses, dissertações e artigos científicos, ainda há necessidade de se desenvolver um trabalho para a implementação de um nicho economicamente sustentável de cogumelos na Amazônia e os simpósios servirão para promover o intercâmbio entre pesquisadores da Amazônia com os de outros países.
Ainda de acordo com a pesquisadora, os simpósios inserem o país no contexto mundial do mercado de cogumelos com divulgação dos estudos de espécies nativas da Amazônia para o mundo. “Vamos debater ainda formas de transferir a tecnologia de cultivo de cogumelos comestíveis para a população de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentável do país. Teremos a grande oportunidade de apresentar resultados de pesquisa com estes organismos de grande importância para o homem e o meio ambiente”, ressaltou.
Parceria
Os eventos contam com a parceria Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Sociedade Brasileira de Micologia (SBMy). Com o apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (Capes), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e das secretárias do estado de Produção Rural (Sepror) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e da Empresa Natura.
Confira a programação aqui.
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