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Pesquisador do Inpa realiza pesquisa inédita na região para diagnosticar a presença de vírus da mesma família do HIV

  • Publicado: Quinta, 23 de Abril de 2015, 16h50
  • Última atualização em Quinta, 23 de Abril de 2015, 17h10

A pesquisa será conduzida, num primeiro momento, com a triagem dos pacientes pelo Hemoam, sendo que o critério de inclusão no estudo será o diagnóstico de alguma doença hematológica

Por Luciete Pedrosa/Ascom Inpa

Foto: Acervo pesquisador

Uma parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e a Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) pretende realizar uma pesquisa inovadora e inédita na região amazônica para diagnosticar a presença do Vírus Linfotrópico de células T Humanas (HTLV) em pacientes com doenças hematológicas.

O HTLV é um retrovírus da mesma família do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), que infecta a célula T humana, um tipo de linfócito (células brancas do sangue) importante para o sistema de defesa do organismo. Não existe vacina e nem tratamento para a infecção e para as doenças relacionadas a esse vírus.

De acordo com o pesquisador do Inpa, o biomédico Gemilson Pontes, doutor em Ciências Médicas com ênfase em Imunologia, Microbiologia e Patologia, vinculado ao Laboratório de Virologia e Imunologia da Coordenação de Ciências, Ambiente e Saúde (CSAS), estima-se que existam, no mundo, mais de 20 milhões de pessoas infectadas pelo HTLV tipo 1 e tipo 2 (HTLV-1/2). O Brasil é onde se encontra uma das maiores prevalências da infecção por esse vírus com cerca de 2,5 milhões de pessoas infectadas. 

“Estudos demonstram uma prevalência significativa da infecção na Região Norte, no entanto, em relação à Amazônia Ocidental, não se sabe qual é esta prevalência, porque são escassos os estudos epidemiológicos voltados para infecção pelo HLTV-1/2 na região”, explica o pesquisador.

Para Pontes, é importante que se conheçam quais são os subtipos virais circulantes e as patologias associadas à infecção por esse vírus. “Como nossa região apresenta índices elevadíssimos de doenças hematológicas, é importante investigar se essas patologias estão associadas à infecções virais, nesse caso, à infecção pelo HTLV-1/2”, explica Pontes, acrescentando que no Hemoam são atendidas cerca 3 mil pacientes portadores de doenças hematológicas por ano.

Segundo o pesquisador, o projeto foi fundamentado há um ano, porém, começou a ser colocado em prática somente este ano. A pesquisa se baseia no diagnóstico sorológico, molecular e análises filogenéticas da infecção pelo HTLV-1/2, em pacientes com doenças hematológicas. O projeto também visa avaliar as variáveis sociodemográficas que possam estar associadas à susceptibilidade à infecção pelo vírus. Além disso, o estudo também avaliará, por meios de dados laboratoriais, a possível correlação entre a infecção pelo HLTV-1/2 e prognóstico das doenças hematológicas.

O projeto está na fase inicial e é coordenado pelo pesquisador do Inpa, juntamente com colaboradores do Hemoam e o aluno de mestrado e de iniciação científica da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Hygor Halyson Ribeiro e Diana Mota, respectivamente. 

Pontes explica que a pesquisa será conduzida, num primeiro momento, com a triagem dos pacientes pelo Hemoam, sendo que o critério de inclusão no estudo será o diagnóstico de alguma doença hematológica. Caso o paciente aceite participar da pesquisa, será coletada uma amostra do sangue para a realização de exames sorológicos e moleculares no Laboratório de Virologia e Imunologia do Inpa para identificar se o indivíduo apresenta ou não a infecção pelo HTLV.

Lab 1

 

O pesquisador ressalta que um estudo dessa natureza, realizado pela primeira vez na região, tem um cunho científico e social importante. “O paciente que não sabe se tem a infecção poderá passar a dispor de estratégias de tratamento mais adequadas”, diz Pontes. “A partir desses resultados, os pacientes serão aconselhados e poderão ter um prognóstico melhor da doença, uma vez que será conhecida uma infecção que pode estar relacionada com aquela patologia”, pondera o pesquisador.  

Antecedentes e dificuldades

Pontes explica que o HTLV foi o primeiro retrovírus humano descoberto em 1980 e o HIV, em 1982. Posteriormente, com pesquisas aplicadas em pacientes infectados foram identificadas duas patologias relacionadas à infeção pelo HTLV: a paralisia dos membros inferiores, conhecida como Paraparesia Espática Tropical/Mielopatia associada ao HTLV-1 (PET/HAM) e a Leucemia de Células T Humanas. Estas patologias estão associadas ao vírus tipo 1.

Quanto ao vírus tipo 2, o pesquisador do Inpa explica que ainda não existem provas concretas de patologias associadas à infecção por esse tipo de vírus, contudo, segundo Pontes, há deduções que relacionam a vários outros tipos de doenças.

Para o pesquisador, a importância que se deu anteriormente e continua se dando até hoje ao HIV é pelo simples fato de que apenas de 2% a 5% das pessoas que são infectadas pelo HTLV irão desenvolver as patologias correlatas. Segundo ele, é uma porcentagem relativamente baixa, o que gera pouco interesse público e científico em desenvolver pesquisas relacionadas a esse vírus.

Na opinião de Pontes, este fato dificulta a aprovação de projetos junto às Fundações de Amparo à Pesquisas. “Isso é um dos fatores que dificulta o avanço no desenvolvimento de um tratamento padronizado para infecções pelo HTLV, como o que  existe ainda que, paliativamente, para o HIV”, finaliza o pesquisador.

 

 

 

 

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