Biólogas são primeiras pesquisadoras do Inpa a receberem bolsa produtividade em pesquisa nível 1 A do CNPq
Albertina Lima e Neusa Hamada agora fazem parte de um grupo seleto de sete pesquisadores do estado que têm a bolsa de produtividade do nível mais alto do órgão governamental de incentivo à pesquisa
Por Cimone Barros
As biólogas Albertina P. Lima e Neusa Hamada são as primeiras mulheres do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI) a obterem a bolsa de produtividade em pesquisa 1A (nível mais alto) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No Amazonas, há apenas sete pesquisadores com esse tipo de bolsa, todos do Inpa, sendo cinco homens e duas mulheres.
De acordo com os dados mais atuais do CNPq (agosto/2013), a região com o maior número de pesquisadores 1A é a Sudeste com 979, seguida pela Sul com 187, Nordeste com 101 e Centro-Oeste com 38. A Região Norte tem 13 pesquisadores desse nível, sendo sete do Amazonas (todos do Inpa) e seis do Pará - um do Instituto Evandro Chagas (IEC) e cinco da Universidade Federal do Pará (UFPA), dentre eles a bióloga Maria Paula Schneider.
A bolsa de pesquisa em produtividade incentiva e valoriza a produção científica de alta qualidade em veículos representativos da área do pesquisador. Para a doutora em Ecologia (ciência que estuda asinterações entre os seres vivos e o meio ambiente) Albertina Lima, a mudança do nível dela de 1B para 1A é uma conquista e o reconhecimento do trabalho diário construído ao longo dos anos no Instituto.
A doutora em Entomologia(ciência que estuda os insetos) Neusa Hamada concorda com Lima e destaca ainda a possibilidade de, a partir de agora, concorrerem a editais específicos para pesquisadores com esse enquadramento. “É o reconhecimento do que fazemos”, disse.
Entretanto, diferente de Lima, Hamada “pulou” de 1 D para 1 A. “Passei três anos (2007-2010) no comitê de avaliação do CNPq e, nesse período, a bolsa ficou congelada. Essa mudança de nível dos pesquisadores só foi possível porque o CNPq fez uma reavaliação geral recentemente”, completou.
As duas pesquisadoras têm mais de uma centena de trabalhos publicados em periódicos científicos. Paralelo aos estudos nos laboratórios e orientações de estudantes de iniciação científica a doutorado, as biólogas desenvolvem projetos e materiais didáticos (livros, cartilhas, jogos) de divulgação e popularização da ciência.
Participação feminina
Mesmo com a participação feminina crescendo nos diversos setores econômico, científico e tecnológico, alcançar a tão respeitada bolsa de produtividade 1A não é uma tarefa simples para as mulheres. Segundo Lima, além do contexto histórico e socioeconômico para o sexo feminino adentrar ao mercado mais tarde que o masculino, o papel de mãe “atrasa” a progressão na carreira de pesquisadora quando comparada com os homens.
“Chega uma fase na vida que vamos nos dedicar aos filhos e quando eles são pequenos isso requer muito tempo. Essa situação contribui de forma significativa para chegarmos atrasadas à pesquisa”, explica Lima, que tem duas filhas.
Paraense por nascimento e amazonense por opção, Lima chegou a Manaus (AM) há 31 anos, onde fez carreira. Ela entrou no Inpa como técnica em 1988 e permaneceu assim até o ano 2000 quando foi aprovada para pesquisadora. Quatro anos antes, em 1996, ela concluiu o doutorado.
Hamada também não é amazonense de nascimento, é do interior de São Paulo (SP). A pesquisadora chegou a capital amazonense em 1984 para realizar o mestrado no Inpa e foi contratada pela instituição em 1987. Nesse tempo conciliou o trabalho com a dedicação à família.
Hamada lembra que o essencial é gostar do que faz: “Minha sala de pesquisa é minha casa. Faço o que gosto, então isso aqui não é simplesmente um trabalho, é minha vida”.
As bolsas de pesquisa de produtividade são concedidas para pesquisadores de todas as áreas do conhecimento com o objetivo de distinguir seu trabalho e valorizar sua produção. Entre os critérios para a concessão estão a produção científica, a participação na formação de recursos humanos e a efetiva contribuição para a área de pesquisa.
Para concorrer a bolsa, o candidato precisa atender aos critérios estabelecidos pelo CNPq, como possuir o título de doutor ou perfil científico equivalente, e dedicar-se às atividades que constam no seu pedido de bolsa.
O período de vigência da bolsa para pesquisador nível 1A é de 60 meses; níveis 1B, 1C e 1D de 48 meses; para a categoria 2 o período é de 36 meses. As mensalidades variam de R$ 1.100 a R$ 1.500, de acordo com a categoria e nível de enquadramento.
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