Workshop de tecnologia social do Inpa debate economia solidária como meio de inclusão
Segundo a professora Myrian Rocha, o modelo de economia solidária é o mesmo, o que precisa ser feito são arranjos para adaptar tal modelo de acordo com o local em que se quer inserir
Por Josiane Santos
Entre as oficinas realizadas no II Workshop de Tecnologia Sociais do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), a oficina “Economia Solidária”, ministrada por Myrian Nydes Monteiro da Rocha, do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC), destacou-se por trazer conceitos, características e meios de aplicabilidade adaptáveis.
Segundo Myrian Rocha, para criar uma economia solidária é necessário o rompimento com a estrutura capitalista, o modo de pensar, formar uma mentalidade empreendedora. “O fato de existir fomento, pesquisa ou um subsídio de políticas públicas não caracteriza uma economia solidária. O que vai caracterizar uma economia solidária é um rompimento da estrutura do capitalismo com essas diferenças entre quem é o dono e o empregado. Se você não formar uma mentalidade empreendedora as pessoas não conseguem empreender, a questão é o tempo. Se nós estamos falando de populações, sobretudo populações vulneráveis em risco, nós temos que ter um olhar especial sobre elas, porque precisam romper o ciclo da miséria, assim como precisamos romper nosso olhar exclusivamente capitalista”, explica.
Dentro desse contexto, a palestrante questionou sobre o papel das universidades e centros de pesquisas nas contribuições para formação da economia solidária. “Eu estou produzindo conhecimento e alimentando a estrutura capitalista ou estou produzindo conhecimento que permite a mudança. Quem vai jogar a semente em solo fértil das demandas sociais e irá permitir a mudança?”, questionou Rocha, complementando que a interface entre universidade, centros de pesquisas e as comunidades acontece por meio da extensão.
Características
Rocha apontou quatro pontos que caracterizam a economia solidária: autogestão - não há só quem decida e não há quem só obedeça, todos tem ambas posições; solidariedade - justa distribuição dos resultados; cooperação - propriedade coletiva dos bens, partilha dos resultados; e viabilidade econômica – base da motivação de agregação de esforços, recursos e conhecimento.
Baseado em um levantamento feito pelo Sistema Nacional de Economia Solidária, a professora expôs os principais desafios enfrentados nesse setor: comercialização, acesso ao crédito e a falta de assistência técnica.
Para superar esses desafios, a pesquisadora apontou como principal ponto a definição de novo significado do modo de trabalho, como colaboração. “Não é competição, é a cooperação. A colaboração não pode ser confundida com ações de responsabilidade social ou com o terceiro setor. Não se trata de uma proposta apenas de geração de trabalho e renda para os excluídos do mundo de trabalho. Não é só uma proposta para quem está no lado de fora, é mais do que isso. Quando ressignifico o trabalho, eu trabalho com a dignidade humana dando outra dimensão para gerar renda”, finalizou.
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