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Grupo de estudos do Inpa recebe escritor amazonense Márcio Souza

  • Publicado: Terça, 28 de Maio de 2013, 20h00
  • Última atualização em Quarta, 22 de Abril de 2015, 10h30

 

O encontro debateu as questões culturais do país. O objetivo é promover a inserção da cultura no processo de pesquisa

Por Clarissa Bacellar

Em sua 28ª reunião, o Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), recebeu nesta quarta-feira (29) o escritor amazonense Márcio Souza, que palestrou sobre o “Processo cultural da Amazônia”.

Para o secretário-executivo do GEEA, Geraldo Mendes, discutir o processo cultural é essencial para o avanço da sociedade brasileira. Ainda de acordo com Mendes, a ideia é promover a inserção da cultura no processo de pesquisa.  “As instituições científicas dedicadas ao estudo da biodiversidade não costumam inserir o ser humano em suas pesquisas. Isso é uma lacuna, pois este é o ser que mais impacta o planeta e único consumidor do conhecimento. O GEEA ajuda no preenchimento dessas lacunas trazendo para o foco de suas análises as questões diretamente relacionadas a sociodiversidade amazônica”, explica.

Conhecer o passado é essencial

O escritor convidado para palestrar, Márcio Souza, fez um compilado resumido de fatos históricos e personalidades que marcaram a formação da identidade cultural amazônica. Movimentos históricos como a Cabanagem fizeram parte do panorama dinâmico e atualizado versados no discurso do autor do célebre “Mad Maria”.

Souza relembrou conceitos já comuns ao próprio povo brasileiro, como o de que a Amazônia é precária, prioritariamente indígena e sem avanço tecnológico, como se estas características inverídicas fossem fora do padrão de modernidade aceito atualmente. “Ao contrário do sul do Brasil, que foi construído, a Amazônia foi desmontada. (...) Há problemas de integração complicados no Brasil. O desconhecimento do Brasil em relação à Amazônia, a contraposição a ideias preconcebidas em relação a nossa região, o tratamento que nossa região recebe como se não tivesse vida inteligente aqui, tudo está localizado no processo histórico”, discursou Souza.

“A cultura de um país, não só do Brasil, é muito complexa. Do ponto de vista da arte, os artistas querem o mesmo que os cientistas querem: conhecer a realidade. As formas são distintas, mas os processos de criação artística e científicos tem seus princípios, suas leis e suas comprovações também. Os cientistas do Inpa sempre foram muito importantes e cito uma que passou por aqui e foi muito importante para o meu grupo de teatro por conhecer os povos indígenas e contribuir em uma montagem, a Janet Chernela”, lembrou Souza.

As discussões finais sobre a palestra foram direcionadas as bases evolutivas culturais, como: a falta de estudos sobre a evolução e produção cultural de povos indígenas com a justificativa de que existem poucos registros sobre ela; diversidade linguística perdida com o tempo, que, afirma Souza, “são irreparáveis, uma vez que a fala determina a cultura”; fatos históricos que levam à desvalorização da expressão cultural do norte do país, ou “o processo de integração forçada”, como ressaltou o escritor; e a mudança no pensamento sobre as práticas e métodos de divulgação de uma cultura.

“Tivemos o privilégio de presenciar uma alma literária visitando um grupo de almas científicas, Ambas estão convivendo no mundo e também com a realidade de compartilhar dos mesmos sonhos de tornar feliz a humanidade”, frisou Geraldo Mendes.

Sobre o GEEA

O Grupo de Estudos Amazônicos (GEEA) foi criado em 2007 pela direção do INPA, com o objetivo de constituir um fórum permanente e multidisciplinar para a análise de questões relevantes para a Amazônia e a socialização da ciência através de uma linguagem acessível a todo cidadão interessado.

O Grupo é formado por pesquisadores, professores, empresários, humanistas e gestores que se reúnem geralmente a cada dois meses para debater um tema escolhido previamente.

Os textos resultantes da reunião são apresentados no Caderno de Debates do GEEA, uma obra que vem sendo editada em série, já contando com cinco livros, sendo o de 2012 ainda em andamento.

“Com o GEEA, buscamos compreender que a sociedade e a natureza formam uma unidade coesa, duas faces da mesma moeda”, ressaltou Mendes.

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