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Inpa e Universidade de Kyoto mapearão genoma de peixe-boi pela primeira vez

  • Publicado: Quarta, 17 de Abril de 2013, 20h00
  • Última atualização em Quarta, 22 de Abril de 2015, 09h31


“Após o mapeamento será possível realizar pesquisas com mais precisão e rapidez, diagnosticando doenças com mais facilidade, além de obter informações sobre a dieta desses animais no seu habitat natural”, explicou a pesquisadora do LMA/Inpa, Vera Silva

Por Fernanda Farias

Por meio de um acordo de cooperação entre o Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa/MCTI) e o Centro de Pesquisa de Vida Selvagem (WRC – sigla em inglês), da Universidade de Kyoto (Japão), será realizado, pela primeira vez, o mapeamento do genoma do peixe-boi da Amazônia.

A ideia do projeto, pioneiro com mamíferos aquáticos no Brasil, é sequenciar o genoma do peixe-boi utilizando um equipamento de sequenciamento de DNA de nova geração da Universidade de Kyoto, que permitirá aos pesquisadores obterem mais informações e ampliarem o conhecimento sobre a espécie.

A pesquisadora da Coordenação de Biodiversidade (CBio/Inpa) e do LMA, Vera Silva, explica os procedimentos da coleta: “O sangue de dois peixes-bois machos vivos do plantel (Lote de animais) do Inpa foi coletado pelo veterinário do LMA e os pesquisadores japoneses vieram ao Inpa, no laboratório temático de genética, e extraíram o DNA que vai ser utilizado para sequenciar o genoma do peixe-boi, isto é, toda a sequência do código genético ou da informação hereditária de um organismo codificada em seu DNA, que forma o animal”.

Segundo a pesquisadora, o equipamento de sequenciamento tem o potencial de acelerar as pesquisas biológicas e biomédicas permitindo uma completa análise do genoma. O equipamento funciona como se fosse uma triagem do próprio peixe-boi. “Depois do mapeamento do genoma vamos conseguir ampliar ainda mais o nível de pesquisas e conhecimento sobre a biologia e ecologia do animal no seu ambiente natural, como por exemplo, identificar com mais facilidade doenças, ocorrência de parasitas, hábitos alimentares, entre outros”, explanou.

Parceria

A parceria entre o Inpa e a Universidade de Kyoto foi concretizada em 2012, quando o diretor do Inpa, Adalberto Val, selou formalmente os convênios com a instituição japonesa.

Ainda em 2012 aconteceu no Inpa o “1st International Workshop on Tropical Biodiversity Conservation in Brazil (The JSPS Core to Core Program)”. “O workshop foi uma atividade do projeto dessa cooperação internacional que o Japão fez entre Brasil, Índia e Malásia, com foco voltado para o estudo de animais de grande porte, onde tivemos uma grande troca de informação com os pesquisadores desses países”, lembrou Silva.

Intercâmbio

Com base nessa cooperação, o pesquisador/colaborador da Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), Diogo Souza, juntamente com o biólogo Thiago Pires, participaram do intercâmbio, em outubro de 2012, entre o WRC e o LMA, que também recebeu alunos japoneses neste período.

Souza conta que a capacitação, que ocorreu durante 45 dias no Japão, não ficou apenas nos laboratórios. “Na ocasião, participamos de um curso de ciência no campo, na ilha de Yakushima, considerada a Galápagos do oriente, e lá trabalhei especificamente o comportamento de macacos japoneses. Depois, junto com estudantes da Índia, Malásia e do Japão, participei de um curso de genética no laboratório da Universidade de Kyoto para analisar a ecologia alimentar desse grupo de macacos”, relata.

O pesquisador ressalta que durante sua visita na Universidade pode conhecer tecnologias que poderão ser utilizadas com os mamíferos aquáticos da Amazônia. “Será de extrema importância transferir as tecnologias utilizadas pelos pesquisadores do Japão para os mamíferos aquáticos da Amazônia, como por exemplo, os equipamentos de bioacústica e de monitoramento acústico dos animais na natureza”, disse.

Projeto

De acordo com Vera Silva, outros projetos ainda surgirão da parceria entre o Inpa e a WRC/Universidade de Kyoto. “Temos em vista realizar um grande projeto na Amazônia, com a implementação do Museu Natural (Field Museum), nas áreas de reserva do Inpa, no âmbito de uma cooperação técnica entre o Inpa e a Universidade de Kyoto”, finalizou.

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