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Pesquisa do Inpa analisa comportamento do pássaro dançador-estrela com o ambiente

  • Publicado: Quinta, 14 de Fevereiro de 2013, 20h00
  • Última atualização em Segunda, 20 de Abril de 2015, 11h23

 

Estudos sobre o pássaro, que vive na região de Manaus (AM), descartam o favorecimento sensorial na fidelidade da ocupação de territórios. A pesquisa foi feita com novas técnicas de estimativa de cores desenvolvidas nos últimos seis anos

Por Raiza Lucena

Destacados por suas danças elaboradas, os pássaros da família Pipridae, especificamente o Dançador-estrela (Lepidothrix serena), comuns na região de Manaus (AM), foram o objeto de estudo de Wanner Medeiros, sob a orientação de Marina Anciães, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPG Eco) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), que pretendeu estudar o comportamento da espécie com o ambiente sob o tema “Efeito do contraste da plumagem com ambiente de fundo: caso do Dançador-estrela na Amazônia Central”.

Medindo de sete a oito centímetros, o macho da espécie pode ser reconhecido pela sua cor preta com entradas branca, azul, amarela e laranja. São eles que fazem a dança e cantam para chamar a atenção das fêmeas - que podem ser reconhecidas por serem verdes com o ventre amarelado - para a reprodução.

Frutívoros, também se caracterizam pela sua forte ocupação de territórios, chamados de “leks”. São frequentes na região de Manaus até o escudo das Guianas e limitados a sul pelo rio Amazonas, a oeste pelos rios Negro e Branco e a leste pelo oceano.

A pesquisa

Visto que os machos piprídeos são muito fiéis aos leks e várias hipóteses já foram levantadas sobre o motivo dessa relação, o estudo focou na hipótese do favorecimento sensorial da qual prevê que os machos selecionam locais em resposta à comunicação eficiente, ou seja, locais onde são mais visíveis, onde há contraste de cores, e possam se apresentar para as fêmeas.

“Há indícios de que a hipótese de favorecimento sensorial pode ser válida para o Dançador-estrela, por isso decidimos testar algumas premissas aqui na Amazônia Central, aplicando novas técnicas de estimativas de cores desenvolvidas nos últimos seis anos (com aplicações de fórmulas de Vorobiev e Osorio (1998) num ambiente digital desenvolvido por Stoddard e Prum (2008))”, explica.

A base da hipótese é de que o contraste entre machos e o ambiente varia entre locais e momentos, e que os machos selecionam seu ambiente de corte e seus momentos de apresentação em resposta ao contraste.

Técnicas de pesquisa

Medeiros se limitou a estudar 20 territórios da espécie, na Reserva Florestal Adolpho Ducke e nas áreas do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF). Para o desenvolvimento do estudo, foi necessário o uso do espectrofotômetro (equipamento que mede cores) para medição da cor dos indivíduos, a cor das folhas no folhiço (cobertura de folhas secas sobre o chão) e na folhagem (conjunto de galhos ou folhas de árvores) dos locais em que se encontravam as espécies e a cor da luz ambiente, tanto em locais com a presença das aves quanto a locais sem sua presença.

Também foram coletadas luz e folhas nos leks e fora deles, além de outros dados - como taxa de atividades e números de indivíduos que visitaram as áreas. “Com os espectros estimei dois índices de contraste distintos, o primeiro entre plumagem e luz e o segundo entre plumagem e folhas. Depois, gerei modelos baseados em verossimilhança e obtive as variáveis que mais explicam a variação para cada uma das minhas perguntas”, explana.

 “Como resultados notamos que os indivíduos não selecionam locais em resposta ao contraste de luz”, afirma o estudante.

Resultados divergentes

“Quanto ao contraste entre plumagem e folhas, notamos que o solo é um ambiente que reduz o contraste do macho com o ambiente e também que os leks que tiveram maior contraste foram aqueles com menor taxa de atividades, indo completamente em oposição a hipótese do favorecimento sensorial. As características da plumagem foram cinco vezes mais importantes para o contraste que as características ambientais”, informa.

Dessa forma, Medeiros afirma ainda que não há forças indicativas de favorecimento sensorial para esta espécie com exceção no que tange a seleção de estação reprodutiva. "Meu estudo mostra ainda que o ambiente é menos importante que a própria plumagem para os valores do contraste, indicando que o comportamento e a plumagem da espécie evoluíram por outras pressões, mas não por favorecimento sensorial. Acredito que este padrão, de maior importância da cor dos próprios organismos no contraste, deve ser o mesmo para as demais aves", conclui.

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