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Pesquisa do Inpa transforma madeiras de árvores caídas naturalmente em produto de alto valor no mercado

  • Publicado: Quinta, 07 de Fevereiro de 2013, 20h00
  • Última atualização em Segunda, 20 de Abril de 2015, 11h19

 

O processo de desenvolvimento da “mesa barril” está entre os sete processos de patentes depositados pelo Inpa em 2012. A pesquisa incentiva o uso racional da madeira na Amazônia

Por Josiane Santos

O uso de madeiras provenientes de árvores caídas naturalmente seja por degradação ou fatores naturais, ainda é pouco comum no estado do Amazonas. Tendo em vista sua não utilização, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Madeiras da Amazônia - coordenado pelos pesquisadores, Niro Higuchi e Estevão Cavalcante Monteiro de Paula - por meio de estudos de madeiras caídas, promoveram o desenvolvimento de um protótipo de uma mesa visando a futura utilização da matéria-prima em questão, nomeada de “mesa barril”, de fácil montagem e transporte. 

O protótipo é resultado da dissertação de mestrado da designer de produtos Mirella Sousa e Silva, orientada por Claudete Catanhede, pesquisadora do Inpa, cuja proposta do estudo é desenvolver produtos feitos a partir de madeira caída, agregando valor comercial e aliando o design com a tecnologia da madeira, valorizando ao máximo os recursos provenientes da floresta, principalmente por trata-se de madeiras amazônicas. 

O protótipo foi desenvolvido por meio de painéis que podem agregar em sua composição diversas espécies de madeiras. Importante ressaltar que a matéria-prima vem sendo estudada ao longo de sua pesquisa, a fim de validar a viabilidade tecnológica desta madeira, possibilitado sua aplicação em produtos de alto valor agregado.

A “mesa barril” é composta por peças modulares, parafusadas, de fácil montagem e transporte, e será confeccionada a partir de painéis construídos por meio de técnicas de colagem. Segundo Mirella, o uso dos painéis no desenvolvimento da mesa servirá como alternativa para melhor utilização e valorização dos resíduos florestais, uma vez que as toras serão desdobradas em função do maior rendimento do material lenhoso, permitindo o desenvolvimento de painéis tanto em madeira maciça de única espécie, quanto em madeiras de espécies e dimensões diferentes.

“O intuito de se trabalhar com o painel é justamente a possibilidade de agregação de valor e maximização dos recursos. Porque hoje encontramos muitos móveis formatados com painéis que não são de madeira maciça, geralmente são aglomerados – o MDF ou MDP. Contudo, existe uma demanda no mercado por estes produtos, principalmente por tratar-se de painéis constituídos de madeiras nobres, visando o máximo do seu aproveitamento, salientando que muitas destas têm se mostrado cada vez mais escassas e de difícil obtenção”, explica Mirella Silva.

 O MDF geralmente é usado na confecção de portas e interiores de móveis de cozinha, escritório e ambientes. O MDP é fabricado a partir de partículas de madeiras em camadas, utilizado em móveis residenciais e comerciais.

Matéria-prima

Na etapa de seleção da matéria-prima, Mirella afirma que a escolha das peças para a formação dos painéis, não será realizada em função da espécie, mas pela qualidade e dimensão das peças que serão classificadas e agrupadas após a secagem, agregando ao produto a tecnologia de formação de painéis.

De acordo com Mirella, o mercado consumidor tem apresentado boa aceitação de produtos - dentre eles porta, tampo de mesa, móveis em geral, etc - fabricados a partir de painéis por meio da colagem de madeira maciça.   

 “Nosso intuito será dar um destino útil à madeira caída, que não tem nenhum tipo de aproveitamento até o momento, possivelmente pelo desconhecimento de seu potencial tecnológico. Através desta pesquisa será possível conhecer suas características, para posteriormente transformá-la e aplicá-la no desenvolvimento de produtos”, conclui.

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