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Pesquisadores do Inpa e da Malásia propõem um método para entender o delineamento de blocos incompletos

  • Publicado: Terça, 30 de Dezembro de 2014, 20h00
  • Última atualização em Segunda, 20 de Abril de 2015, 10h45

 

O novo método ajuda a explicar, de forma bem simples, a estrutura deste tipo de esquema de pesquisa, facilita sua construção e permite comparar delineamentos alternativos. “Tudo isto faz com que apresente grande valor didático”, diz Johannes van Leeuwen 

Da Redação - Ascom Inpa

O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Johannes van Leeuwen, juntamente com o pesquisador português do Agro Biotechnology Institute, da Malásia, Victor Neto, propõem um método que permite entender o delineamento em blocos incompletos. O novo método ajuda a explicar, de forma bem simples, a estrutura deste tipo de esquema de pesquisa. 

Para o pesquisador van Leeuwen, o método proposto também ajuda a entender diversas características destes delineamentos, além disso, facilita a sua construção e permite comparar delineamentos alternativos. “Tudo isto faz com que tenha grande valor didático. Este método, nunca proposto antes, não se encontra em livros que tratam da introdução à estatística experimental”, afirma o pesquisador, que é coordenador do Núcleo Agroflorestal do Inpa e que elaborou um método de Diagnóstico e Delineamento Agroflorestal que focaliza o estabelecimento agrícola individual. 

Johannes van Leeuwen e Victor Neto publicaram, recentemente, na Revista Brasileira de Biometria um artigo com o título “A tool for teaching, building and comparing incomplete block designs(em português, “Uma ferramenta para ensinar, construir e comparar delineamentos em blocos incompletos”), o que, segundo eles, pretende mudar a forma de ensinar os delineamentos em blocos incompletos. 

Na opinião de , a estrutura dos delineamentos em blocos incompletos é de difícil entendimento. “Esta é uma das razões porque esses delineamentos são menos usados do que deveriam, o que leva a um uso ineficiente dos recursos para a pesquisa”, ressalta. 

Para explicar melhor, primeiramente, ele apresenta um exemplo de um delineamento em “blocos completos”. “Imagine um experimento para comparar seis tipos de ração para cachorrinhos, no qual cada cachorrinho de uma mesma ninhada (de seis cachorrinhos) vai receber uma ração diferente. No jargão científico, as seis rações são os “tratamentos”, a ninhada o “bloco completo” e os cachorrinhos seriam as “unidades experimentais”, explica o pesquisador do Inpa. 

Ele observa, ainda, que o uso de blocos homogêneos é fundamental para se obter um baixo erro experimental. “Para isso, as unidades experimentais do mesmo bloco devem ser tão parecidas quanto possível. Escolhendo ninhadas e cachorrinhos, cuidadosamente, os cachorrinhos de um bloco (ninhada) vão ser muito semelhantes”, comenta o pesquisador. 

Para explicar o que é um bloco incompleto, van Leeuwen dá como exemplo a comparação de 15 tipos de ração. Neste caso, afirma ele, as ninhadas não podem servir como blocos completos, uma vez que não ocorrem ninhadas de 15 cachorrinhos. “Usando neste caso ninhadas de seis cachorrinhos (cada animal recebendo uma ração diferente), estas tornam-se “blocos incompletos”, diz o pesquisador, ressaltando que são “incompletos”, porque um bloco (ninhada) de seis cachorrinhos não contém todos os 15 tratamentos. 

De acordo com o pesquisador, para blocos completos a distribuição dos tratamentos é claríssima. No caso dos blocos incompletos, essa distribuição não se entende facilmente. “Assim há uma tendência de evitar o uso desses delineamentos”, ressalta. 

Para resolver esta questão, os pesquisadores propuseram a construção de um quadro onde é visualizada, para todos os pares de tratamentos, quantas vezes dois tratamentos de um par ocorrem juntos no mesmo bloco. 

Johannes van Leeuwen é mestre em Ciências Agrárias pela Universidade Agrária de Wageningen (Holanda), onde combinou Silvicultura, Melhoramento Vegetal, Estatística Matemática e Sociologia Rural. Trabalha com pesquisa participativa, sistemas agroflorestais, melhoramento genético de espécies arbóreas e estatística experimental. Victor Neto é doutor em Ciências Vegetais e Estatística Aplicada pela Universidade de Reading (Reino Unido) e tem grande experiência como consultor e professor em estatística.

 

Contexto

Os delineamentos em blocos, hoje em dia, usados em pesquisas, nos mais diversos ramos da ciência, foram desenvolvidos nas décadas de trinta e quarenta do século passado. Na época, a análise dos dados experimentais fazia-se à mão com o auxílio de calculadoras mecânicas. Os delineamentos em blocos incompletos precisam de cálculos mais complexos do que os em blocos completos, outra razão para evitar seu uso. 

Os pesquisadores van Leeuwen e Victor Neto chamam a atenção pelo fato de que, nas últimas décadas, as possibilidades de processamento de dados experimentais aumentaram drasticamente. “Com um programa adequado de computação e alguém capaz de usá-lo, os dados de qualquer delineamento podem ser analisados”, consideram. 

Para os pesquisadores, até tornou-se possível analisar delineamentos nunca cogitados antes, como os de blocos de tamanho diferente (ninhadas variando na quantidade de animais) e/ou tratamentos repetidos com diferente número de vezes. “Este tipo de delineamento pode tornar-se importante no caso de haver pouco material disponível para pesquisa, por exemplo, na investigação de espécies ou variedades ameaçadas de extinção”, finalizam. 

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