Inpa ensina hábitos saudáveis a crianças de creche de Manaus
Acervo Laboratório de Alimentos e Nutrição - Inpa
As crianças fizeram oficina de comidinha saudável e depois degustaram as receitass
O projeto da pesquisadora Dionísia Nagahama acompanha os alunos da Casa da Criança ensinando a importância de comer alimentos saudáveis e praticar atividades físicas
Por Camila Leonel – (texto e foto da chamada) Ascom Inpa
Um projeto do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) está mudando os hábitos alimentares de crianças que estudam na Casa da Criança, uma instituição filantrópica administrada pelas irmãs da Congregação São Vicente de Paula, no Centro de Manaus. O estudo introduziu no cardápio alimentos geralmente rejeitados pelos pequenos - como as frutas, verduras e proteína animal rica em ferro para combater anemia - e mostrou que mexer o corpo, através de brincadeiras, é algo prazeroso e saudável.
“Há três anos, procuramos introduzir uma alimentação mais saudável no cotidiano das crianças e incentivar os pequenos a praticarem exercícios físicos”, disse a pesquisadora do Laboratório de Alimentos e Nutrição do Inpa, a nutricionista e doutora em Saúde Pública Dionísia Nagahama.
Para a pesquisadora, no processo é fundamental a participação dos pais. “É necessária uma mudança de atitude dos pais, uma tomada de decisão a favor da saúde futura do seu próprio filho, seja em relação à alimentação seja ao estilo ou qualidade de vida”, destacou.
No projeto “Estratégia de Educação Nutricional para Promoção da Alimentação Saudável e Prevenção da Anemia em Pré-escolares da Cidade de Manaus”, as crianças foram apresentadas a alimentos saudáveis que muitas vezes as fazem torcer o nariz só de ouvir falar o nome, como jerimum, maxixe,feijão verde, couve e fígado de boi. As frutas, em geral, não sofrem rejeição.
Com cartilhas de super-heróis, músicas, atividades e filmes, as crianças aprenderam como esses alimentos podem fazer bem à saúde e deixá-las mais forte. Após esse trabalho de conscientização, a aceitação das crianças a determinados alimentos foi maior do que antes.
Além das atividades, algumas das crianças fizeram oficina de comidinhas saudáveis, meteram a mão na massa e fizeram degustações. De acordo com a irmã Tânia, que coordena a cozinha da Casa da Criança, ensinar as crianças a tomarem o gosto por legumes foi um desafio.
“Foi um aprendizado eles comerem legumes. No começo era ralado para eles não verem, mas agora a gente coloca os pedaços e diz que são legumes para eles terem a consciência de que comer legumes e frutas é bom”, disse a irmã.
Desde que o projeto teve início, a creche já contratou um nutricionista, conseguiu recursos para a reativação da horta para o cultivo de algumas hortaliças não convencionais e para a construção de uma câmara frigorífica, cujos projetos tiveram a colaboração da pesquisadora.
A creche conta também com um educador físico (voluntário) que realiza as atividades com as crianças. Além disso, elas passaram a consumir mais alimentos saudáveis e os pais foram conscientizados a oferecerem para os filhos mais frutas, legumes e a diminuírem as guloseimas do cardápio dos pequenos.
A pesquisa faz parte de um estudo multicêntrico do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e é feita em parceria com outras instituições do país, como a Universidade Estadual do Ceará (UECE) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Prevenção da Anemia
Nagahama iniciou o projeto intitulado “Estratégia de Educação Nutricional para Promoção da Alimentação Saudável e Prevenção da Anemia em Pré-escolares da Cidade de Manaus”, que é um projeto guarda-chuva, ou seja, abriga outras pesquisas em seu interior. Um desses é o estudo da bolsista Elisângela Costa, recém-formada em nutrição que desenvolve o projeto "Efeito da Atividade Física em pré-escolares com sobrepeso de uma creche de Manaus-AM".
Costa avaliou durante um ano como as atividades físicas podem melhorar a qualidade de vida de crianças de 4 e 5 anos e alterar quadros de sobrepeso em crianças nessa faixa etária. No estudo, 207 crianças foram monitoradas e submetidas a avaliações antropométricas, os quais eram medidos o peso e a altura, e o nível de hemoglobina para verificar se havia casos de anemia ferropriva (anemia por deficiência de ferro). Desse total, 22 apresentaram sobrepeso ou obesidade, mas apenas 19 participaram das atividades.
Os pequenos diagnosticados com sobrepeso passaram a ter atividades três vezes por semana de 30 a 50 minutos. Os exercícios são variados e estimulam a motricidade e tentam despertar nas crianças o gosto pela atividade física, que é importante para o desenvolvimento infantil.
O projeto obteve poucas alterações significativas no peso das crianças por conta do atraso na conclusão em função dos feriados e da Copa. Por outro lado, resultou numa mudança de atitudes das crianças, dos pais e da própria creche, que sobrevive de doações.
“A importância maior é um conjunto de fatores que estão ocorrendo com este subprojeto: despertar o gosto pela atividade física, o melhoramento na motricidade e, principalmente, a mudança de atitudes dos pais”, disse Nagahama.
Projeto guarda-chuva
Dentro do projeto maior, há subprojetos de iniciação científica, nos quais os bolsistas contribuem com seus estudos para o andamento do projeto da doutora. Um deles recebeu neste ano a menção honrosa do subcomitê de saúde do Inpa, que é o mais concorrido pelo número de bolsistas que contempla.
A honraria foi para a bolsista Josélia Oliveira de Melo (Pibic/ Paic 2012-13) que desenvolveu o projeto “Avaliação e Implementação das Boas Práticas na Unidade de Alimentação e Nutrição de uma Instituição Filantrópica de Manaus-AM”.
O projeto de Josélia foi direcionado às merendeiras da creche com o objetivo de implementar boas práticas na manipulação de alimentos. Baseado nas normas da Divisão de Vigilância Sanitária (DVISA) foi feito um check list com perguntas, que incluíram estrutura física, segurança, procedimentos, manipulação, higiene e conceitos de alimentação saudável para a faixa etária das crianças da creche.
Após a avaliação, as merendeiras da instituição receberam um treinamento sobre essas boas práticas e um novo check list foi realizado ao final do processo com significativas mudanças na Unidade de Alimentação e Nutrição da creche.
Outra ação desenvolvida no interior do projeto foi a verificação da percepção dos pais a respeito da alimentação dos filhos e, ao mesmo tempo, na creche com relação aos alimentos - como legumes - e outros de origem animal de menor custo, mas de grande valor nutricional, como fígado e coração de boi, que foram introduzidos aos poucos na alimentação das crianças. O alvo era incluir alimentos ricos em ferro para combater a anemia.
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