Inpa inaugura Oficina Escola de Ukulelê em parceria com a Prefeitura de Presidente Figueiredo
O projeto atenderá 20 alunos de duas escolas municipais e contará com o apoio do Projeto INCT/ Inpa - Madeiras da Amazônia e da empresa Puro Amazonas
Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa
Aliar arte, educação e ciência. Essa é a proposta do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI), em parceria com a Prefeitura de Presidente Figueiredo, com a implantação da Oficina Escola de Lutheria na Terra das Cachoeiras (município a 107 quilômetros de Manaus), que será inaugurada nesta quinta-feira.
Uma oficina escola nos mesmos moldes funciona em Manacapuru (a 68 quilômetros da capital amazonense). Os estudantes aprenderam a confeccionar e tocar o instrumento musical de quatro cordas de origem havaiana e até se apresentaram no Teatro Amazonas, em outubro 2013. A Camerata de Ukulelê juntamente com a Orquestra de Violões do Amazonas encantou uma platéia de 700 pessoas no maior ícone cultural do Estado.
De acordo com a coordenadora do projeto e pesquisadora do Inpa, Claudete Catanhede, o projeto “Construindo Instrumento Musical com Madeiras da Amazônia: Ukulelê” visa capacitar jovens de escolas públicas na arte de construir o instrumento musical e conscientizar os estudantes quanto ao valor da floresta e sua utilização de forma sustentável como fonte de renda. Também é uma oportunidade de socializar o conhecimento produzido no Instituto e de tirar os jovens da ociosidade, dando-lhes uma oportunidade de aprender um ofício.
Coordenada pelos Laboratórios de Engenharia de Artefatos de Madeira (Leam) e de Manejo Florestal (LMF) do Inpa, a Oficina Escola atenderá 20 alunos de 14 a16 anos das escolas municipais Deyse Lammel e Engenheiro Nelson Dorneles. O projeto conta com o apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT/ Inpa) - Madeiras da Amazônia e da empresa Puro Amazonas, empresa parceira do Inpa.
A cerimônia de inauguração acontece, às 10h, no auditório da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), situada na Av. Onça Pintada, s/nº, bairro Galo da Serra. Na ocasião, estarão presentes autoridades do município e dirigentes do Inpa, além dos participantes da oficina-escola implantada no município de Manacapuru, em 2011, que farão uma explanação do projeto e uma apresentação musical.
De acordo com o coordenador de extensão do Inpa, Carlos Bueno, o Instituto desenvolve projetos em Presidente Figueiredo há mais de 30 anos. Entre eles estão estudos sobre madeira e ecologia de água no início da década de 1980 quando então era construída a Hidrelétrica de Balbina no rio Uatumã, mais recentemente com variedades e sistemas de produção de cupuaçu como prevenção à vassoura de bruxa e na área de silvicultura fez pesquisas com pau rosa, pau de balsa, andiroba e jacareúba para recuperação de áreas degradadas com a expectativa de colher essa madeira no futuro.
“Nossos pesquisadores também já fizeram monitoramento e impacto da qualidade físico-químico e biológico da água dos igarapés de Presidente Figueiredo antes e depois das festas, já que é a cidade é conhecida pela grande quantidade de cachoeiras e pela Festa do Cupuaçu”, contou Bueno.
Projeto
O projeto nasceu da necessidade de socializar os conhecimentos de lutheria utilizando as madeiras amazônicas, de acordo com a coordenadora do projeto. Ela conta que o projeto foi aprovado pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Junior (Pibic Jr), dentro do consórcio Fundação de Apoio e Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A escola funcionará como atividade extraclasse, durante 12 meses, às segundas, terças e quartas-feiras com aulas teóricas e práticas que versarão dentre outros assuntos sobre metodologia de pesquisa, noções básicas de estatística, história da lutheria, informações sobre madeiras, teoria musical, manuseio dos equipamentos e finalmente construção dos instrumentos.
“Os alunos vão aprender quais as madeiras utilizadas no mercado e qual o seu valor para terem o entendimento do porque se está utilizando aquele tipo de madeira para a confecção dos instrumentos”, explica a pesquisadora.
Serão utilizadas madeiras de demolição, de árvores caídas e de processamento mecânico. “Isso é resíduo, mas tem o mesmo valor das madeiras que estão sendo comercializadas, principalmente, pela qualidade dessas madeiras para a confecção dos instrumentos musicais”, diz.
Segundo Catanhede, o projeto só foi viabilizado naquele município porque o prefeito Neilson Cavalcante abraçou a ideia depois de assistir, em 2013, no Teatro Amazonas a uma apresentação dos alunos da escola de lutheria de Manacapuru. “O prefeito motivou-se com o projeto e há um ano o Inpa vem mantendo contatos para firmar convênio com aquela prefeitura, que dará todo o apoio com a infraestrutura e logística. O Inpa entrará com a parte dos equipamentos, acessórios, kits com mochilas, aventais e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual)”, revela.
A expectativa é que o projeto implantado em Presidente Figueiredo tenha o mesmo desempenho que houve em Manacapuru. “Espero que ao final do projeto o prefeito dê continuidade à oficina-escola de lutheria e faça parte das atividades de rede municipal de educação. Também espero que entre estes 20 alunos tenha um instrutor capacitado para ensinar novos alunos, como acontece em Manacapuru e o Inpa só assessorando quando houver necessidade”, ressalta a pesquisadora.
Incentivo
De acordo com o prefeito Neilson e o vereador Nito Cordeiro, incentivadores para a implantação da oficina-escola de lutheria em Presidente Figueiredo, o principal motivo de apoiar o projeto foi o fato de tentar buscar iniciativas que resolvessem a questão da ociosidade de muitos jovens e adolescentes. “Ao conhecer o projeto, visualizamos o potencial de transformação, aliando conhecimento científico com o cultural e o social, o que será importante para despertar o interesse desses jovens”, ressalta o vereador.
Para os incentivadores, o convênio com o Inpa representa o fortalecimento para novas parcerias entre as duas instituições envolvendo as escolas municipais e que esta é uma oportunidade de Presidente Figueiredo se destacar em outros setores, além de suas belezas naturais.
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