A construção da tecnologia social se faz com diálogo entre a ciência e o saber popular, diz pesquisador
“O saber popular se soma à Ciência para transformar ações, serviços e produtos que atendam à sociedade”
Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa
“Não se pode pensar a Tecnologia Social sem o diálogo entre a Ciência o saber popular”, disse o professor Luiz Otávio Alencar de Miranda, do Instituto de Tecnologia Social Brasil, em São Paulo, em palestra no III Workshop de Tecnologia Social, promovido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), nesta terça-feira, no auditório Eulálio Chaves da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Para Luis Miranda, pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o saber popular vem somar-se com a Ciência na construção das políticas públicas. “O saber que está presente nas comunidades resolve muitos problemas enfrentados por diferentes comunidades. E este saber às vezes é limitado quando se depara com certas barreiras que precisam ser superadas por exigências de mercado”, diz Miranda acrescentando que o saber popular não é modificado ou redesenhado. “O Saber popular se soma à Ciência para transformar ações, serviços e produtos que atendam à sociedade”.
Durante o workshop, o pesquisador comentou que a Tecnologia Social não existe por acaso porque pode ser pensada comoum conceito ou item de pesquisa. Segundo Miranda, Tecnologia Social existe no sentido de resolver os problemas reais da comunidade. “Tecnologia Social não é só produtos ou serviços, mas é, também, a reavaliação dos processos de tudo aquilo que se constrói no diálogo entre a academia o saber popular”, revela.
Para esta terceira edição do workshop, cujo tema é “Participação social e desenvolvimento regional na Amazônia”, o objetivo é discutir temas que ajudem a entender as interfaces entre Ciência e sociedade.
Pouco interesse
De acordo com o coordenador de Extensão do Inpa, o pesquisador Carlos Bueno, o instituto tem uma gama de tecnologias sociais já desenvolvidas e reconhecidas pelas agências de fomento a projetos, porém, com poucas empreendedores interessados em investir. “O Inpa possui 166 produtos e processos patenteados e, de certa forma, poucas empresas interessadas em aproveitar esse conhecimento”, disse Bueno.
Dentre as Tecnologias Sociais que o Inpa possui, estão produtos que envolvem áreas de habitação, processos e materiais verdes, produção de materiais e processos educativos,processamento de alimentos, produção de energia, capacitação para o trabalho e geração de renda, acesso à água potável, promoção de saúde e recuperação ambiental.
Dione Torquato, do Conselho Nacional das Populações Extrativistas e um dos participantes do workshop, disse que veio para verificar o que a academia tem a oferecer em termos de inovação dentro da área de atuação do conselho, que é a preservação socioambiental. “O que temos feito é procurar alternativas dentro do processo de inovação de trabalho de resgate de cultura, mas também valorizando a cultura tradicional das populações extrativistas”, contou.
O III Workshop, que começou na segunda e terminou nesta terça-feira, teve ainda no último dia a palestra do professor Henrique Marcelo da Costa, da Universidade Veiga de Almeida, do Rio Janeiro, sobre Desenvolvimento econômico solidário e sustentabilidade e exposição de produtos desenvolvidos pelo Inpa e demais parceiros.
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