SBPC: Pesquisador discute Sementes florestais na Amazônia, desafios e perspectivas
Sidney Ferreira analisa as necessidades de pesquisas inerentes a sementes abordando questões da pré-colheita até análises de germinação para fins de comércio
Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa
Rio Branco (AC)
“Os desafios são muitos e, no caso de sementes, os problemas vão desde a questão de identificação de espécies até sua coleta”, afirmou o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Sidney Alberto do Nascimento Ferreira, durante palestra sobre “Sementes florestais na Amazônia, desafios e perspectivas”.
O pesquisador fez uma análise das necessidades de pesquisas inerentes a sementes abordando questões da pré-colheita até análises de germinação para fins de comércio. A palestra aconteceu, no último sábado (26), na Universidade Federal do Acre (Ufac), durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), cujo tema deste ano foi “Ciência e Tecnologia em uma Amazônia sem fronteira”.
Para Sidney Ferreira, a coleta não é uma atividade tão fácil o quanto possa parecer. “Muitas vezes o material de interesse está em áreas remotas, requerendo planejamento e custos para o deslocamento, seja com transporte aéreo, terrestre ou fluvial, e equipamentos para acesso à copa das árvores (escada, podão, esporas de escalar, cordas, dentre outros), além de pessoal capacitado em coleta e conhecedor da área”, conta.
O pesquisador explica que obtidas as sementes o problema não está resolvido, porque as sementes não se comportam de maneira igual. Segundo ele, existem sementes que são sensíveis e outras que toleram a desidratação e cada uma requer um tratamento específico.
Outro problema citado por Ferreira diz respeito à conservação dessas sementes. Como elas se comportam de maneira diferente em relação à desidratação, o pesquisador conta que há necessidade de armazená-las também de maneira diferente. “Conservada a semente esbarramos em outro problema que é a questão da germinação”, pontua o pesquisador, acrescentando que há espécies que germinam em uma semana e outras que levam dois ou três anos para germinar.
Segundo o pesquisador, isso dá para ter uma ideia de quanto é variável a questão das sementes.Ele explica que cada parte dessa demora para germinar está relacionada à dormência das sementes. “Mesmo você dando todas as condições para as sementes germinarem elas não germinam por algum impedimento, seja físico, mecânico, fisiológico e aí tem que ser superada essa dormência para que essas sementes germinem”, diz.
Outro ponto que o pesquisador considera importante observar é que se as sementes forem para fins comerciais, as áreas de coleta ou matrizes devem estar registradas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Para Ferreira, com apenas o assunto semente, há muito a se investigar a fim de contribuir para um melhor aproveitamento das plantas da região.
Redução na germinação de tucumã
O pesquisador revela que o Grupo de Pesquisas Sementes da Amazônia, do Laboratório de Sementes, da Coordenação de Biodiversidade do Inpa, no qual está vinculado, conseguiu reduzir o tempo de germinação do tucumã, que é uma espécie que em condições naturais leva até dois ou três anos para germinar. “Hoje, conseguimos fazer germinar em dois a três meses”, conta o pesquisador.
De acordo com o pesquisador, o resultado do trabalho é fruto de anos de dedicação fazendo a quebra de dormência e tratamento com temperatura. “Conseguimos reduzir para um tempo muito curto de germinação dessas espécies, o que foi um avanço muito grande”, comemora.
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