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SBPC: Pesquisador do Inpa fala em palestra sobre as potencialidades de abelhas na Amazônia

  • Publicado: Sábado, 26 de Julho de 2014, 20h00
  • Última atualização em Quarta, 15 de Abril de 2015, 10h54

 

Para o pesquisador Marcio Luis de Oliveira a alternativa que se tem de pensar em apicultura na região Amazônica, seria desenvolvê-la em áreas desmatadas em escala familiar

Por Luciete Pedrosa

“Temos a maior floresta do mundo, mas as abelhas africanizadas (Apis mellifera) não se alimentam dela, por esse motivo a apicultura em grande escala na região Amazônica seria inviável”. Foi o que afirmou o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Marcio Luis de Oliveira, durante palestra sobre abelhas na Amazônia, na 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que este ano está sendo realizada em Rio Branco, no Acre.

O pesquisador Marcio Luis, Pós Doc em Zoologia e Taxonomia pela Universidade de Kansas (EUA) e curador da Coleção de Invertebrados do Inpa, explica que pensou-se que a criação de abelhas africanizadas na Amazônia seria uma alternativa para alavancar a produção de mel no Brasil pelo fato de possuirmos uma grande extensão territorial e a mais rica floresta do mundo, o que poderia suplantar a  Argentina.

Segundo ele, após pesquisas realizadas na área Reserva ZF-3 do Inpa, situada na BR-174 na altura do quilômetro 70, em Manaus, as abelhas africanizadas não visitam as plantas da floresta amazônica, por alguns motivos que ainda estão sendo investigados e que pode ser a umidade ou a luminosidade que não permite que se elas se orientem.

“A abelhas não se servem da floresta, pelo contrário, elas estão do lado de fora, nas áreas abertas e  desmatadas, nas capoeiras e, também, nas áreas urbanas se alimentando de refrigerantes e de tudo o que sobra de açúcar em canudinhos e copos descartáveis jogados nas lixeiras”, explica Marcio Oliveira ressaltando que por esse motivo não é recomendável a apicultura em grande escala.  

Para o pesquisador a alternativa que se tem de pensar em apicultura na região Amazônica, seria desenvolvê-la em áreas desmatadas em escala familiar. “O que seria uma alternativa de renda para famílias de agricultores que já praticam algum tipo de cultivo. Acredito que a apicultura neste sentido poderia entrar como um acréscimo na renda familiar”, explica.

Abelhas sem ferrão: maior reserva na Amazônia

Marcio Oliveira afirma que a grande reserva de mel de abelhas sem ferrão para o uso na meliponicultura em área florestais está na Amazônia. Para o pesquisador, estas espécies de abelhas poderiam ser canalizadas para ajudar na melhoria de renda e qualidade de vida da população. 

“O que falta para alavancar o setor é mais apoio governamental”, comenta o pesquisador que acredita que se esse produto fosse trabalhado de forma correta e pudesse ser exportado teria uma aceitação bem maior “Os Estados Unidos,  o Japão e a Europa não têm esse produto. Imagina isso na mesa dessas pessoas. Quanto eles não pagariam para ter um produto orgânico que é exótico e produzido pelos povos da Amazônia”, comenta o pesquisador.

Segundo ele, estima-se que a região amazônica possui cerca de 150 espécies ou mais e no Brasil, calcula-se cerca de 200 espécies.  “Temos material suficiente não só para produção de mel de abelhas sem ferrão, mas também outras que são importantes para a polinização”, diz Marcio Oliveira.

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