Inpa e instituições parceiras organizam Espaço Agroecológico na Floresta Nacional do Tapajós

Acervo pesquisador

O espaço produzir hortaliças sem produtos químicos

O espaço tem por objetivo produzir hortaliças sem produtos químicos que abasteçam a população da região, além de promover a troca de conhecimentos entre pesquisadores, agricultores e estudantes

Por Camila Leonel

Para estimular a produção de hortaliças sem a utilização de produtos agroquímicos e solucionar a carência no abastecimento de hortaliças na área LBA, COOMFLONA e comunidades próximas ao KM 84 da BR - 163 , o Núcleo de Apoio a Pesquisa no Pará (Nappa) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), está desenvolvendo o Espaço Agroecológico na Floresta Nacional do Tapajós (Flona Tapajós).

O projeto é uma parceria do Nappa com o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) e com a Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós (Coomflona). O Espaço Agroecológico visa a democratização do conhecimento agroecológico dentro da Floresta Nacional do Tapajós. O projeto, que visa aproveitar o espaço destinado pelo ICMBio à Coomflona, foi apresentado pelo técnico em extensão rural do Inpa, Hélcio Honorato de Sousa, em março deste ano durante uma reunião do ICMBio em Santarém (PA).

O Espaço Agroecológico visa a implantação, o manejo e a produção de hortaliças sem a adição de produtos agroquímicos para beneficiar cerca de 100 cooperados que executam atividades de Manejo Florestal Comunitário na Flona Tapajós. A iniciativa também espera possibilitar o intercâmbio de experiências e conhecimentos acadêmicos e populares. Além disso, temas como a importância da segurança alimentar, da prática de produção de adubos orgânicos e produção de mudas de espécies florestais são abordados no projeto.

No espaço são produzidas hortaliças e frutas como: pepino, alface, maxixe, coentro, couve, quiabo, cebolinha, feijão de corda, melancia, maracujá, entre outros. Todos os alimentos são cultivados sem a utilização de inseticidas, pesticidas ou adubos químicos que podem trazer prejuízos à saúde e ao meio ambiente se utilizados incorretamente. Até o momento mais 200 kg de produtos já foram colhidos neste espaço com o auxilio dos próprios cooperados e comunitários.

De acordo com Jorge Porto, chefe do Nappa, na região oeste do Pará, as ações do núcleo servirão para “cooperar na minimização dos custos econômicos dos alimentos para a COOMFLONA e para o Programa de Larga Escala da Biosfera – Atmosfera da Amazônia (LBA), contribuirá ainda como incentivo ao consumo de alimentos saudáveis e mitigará eventuais danos ambientais”, disse.

Para Hélcio Honorato o projeto possibilita a democratização do ensino, da pesquisa e da extensão de forma multidisciplinar agregando comunidades, estudantes, professores e instituições governamentais e não governamentais. Essa união possibilitará “o tão almejado entrelaçamento dos saberes na construção do conhecimento agroecológico, mediados pela práxis de cada sujeito através de processos participativos produtivo, poderá ser alcançado”, declarou Honorato.

A agroecologia é uma alternativa de agricultura familiar sustentável que é economicamente viável. O termo foi utilizado pela primeira vez em 1928 e é uma ciência agregadora que utiliza conhecimentos de vários campos além de utilizar saberes populares provenientes de comunidades camponesas e indígenas.

Florestas Nacionais

A Floresta Nacional do Tapajós, uma das 66 Florestas Nacionais existentes no país, está localizada no oeste do estado do Pará e foi criada em fevereiro de 1974. Com uma área de aproximadamente 545 mil hectares, a Flona Tapajós é considerada modelo na área de manejo florestal madeireiro comunitário e familiar.

Essas Florestas são áreas de cobertura florestal de domínio público onde predominam espécies nativas que tem como objetivo utilizar de maneira sustentável e múltipla os recursos naturais. Por isso a pesquisa científica é incentivada, principalmente se esta tiver ênfase no desenvolvimento sustentável. As populações tradicionais que habitam essas áreas podem permanecer dentro da extensão da Flona se estão em conformidade com o plano de manejo da unidade de conservação.