Inpa encerra Projeto Dinâmica de Carbono da Floresta Amazônica
Seminário que reuniu pesquisadores brasileiros e japoneses terminou nesta terça-feira
Por Luciete Pedrosa - Ascom Inpa
Depois de quatro anos de execução, o Projeto Dinâmica de Carbono da Floresta Amazônica (Cadaf, sigla em inglês) chega ao fim com o compromisso do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI) de dar continuidade aos estudos sobre o carbono florestal iniciados em 1998. Os investimentos da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) com o Cadaf reforçaram e impulsionaram essas pesquisas.
Organizado pelo Laboratório de Manejo Florestal do instituto, o Seminário de Encerramento do Cadaf aconteceu de domingo até a manhã desta terça-feira (29), e reuniu pesquisadores brasileiros e japoneses, além de estudantes e interessados no tema mudanças climáticas, no Auditório da Ciência do Inpa.
“Do ponto de vista técnico e científico, o Projeto Cadaf cumpriu com o que foi planejado e fez um bom trabalho. Podemos atribuir sucesso absoluto com a execução desse projeto e com produtos realizáveis”, diz o pesquisador do Inpa e coordenador do Pojeto Cadaf no Brasil, Niro Higuchi.
O projeto Cadaf foi resultado de um acordo bilateral internacional entre o Brasil e o Japão desde 2010 com o objetivo de desenvolver técnicas de avaliação, em larga escala, da dinâmica do carbono na floresta amazônica, produzindo informações que consolidaram, dentre outros resultados: um sistema de Inventário Florestal Contínuo (IFC) para monitorar o carbono florestal da Amazônia Central; a identificação de uma relação entre tipos florestais e a dinâmica do carbono em florestas maduras e manejadas; e a elaboração de um mapa de carbono florestal utilizando dados dos Inventários Florestais Contínuos e de sensoriamento remoto.
O Projeto contou com a parceria institucional que envolveu o Inpa, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Instituto de Pesquisas de Florestas e Produtos Florestais do Japão (FFPRI) e a Universidade de Tókio.
De acordo com Higuchi, não basta ter bons produtos, é preciso compartilhar e refletir sobre o que foi discutido e produzido. “Temos aqui uma grande oportunidade que pode ter consequências importantes para esse mecanismo que queremos para a Amazônia, que é a implantação do Projeto REDD+”, explica Niro Higuchi. REDD+ é a sigla para Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal.
Carbono florestal
O pesquisador Adriano Nogueira, um dos integrantes do Projeto Cadaf, explica que o estoque de carbono florestal é importante para conseguir amenizar o impacto das mudanças climáticas, sendo que a floresta já possui uma grande quantidade de carbono armazenada nas árvores.
De acordo com ele, a floresta executa o processo de fotossíntese e respiração. Na fotossíntese, a planta capta o Carbono (CO2) e libera o oxigênio. A floresta ao ser desmatada libera para a atmosfera todo esse carbono florestal estocado, o que é prejudicial para o meio ambiente com o aumento das emissões de gases de efeito estufa.
“Dentro desse contexto, a floresta é importante, não é que isso vá resolver o problema do planeta, mas vai manter e aumentar o tempo de incidência de carbono estocado na floresta”, ressalta o pesquisador.
Projeto REDD no Amazonas
O superintendente-geral da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Virgilio Viana, apresentou a experiência do Projeto REDD na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma, no município de Novo Aripuanã (a 227,78 quilômetros de Manaus) - primeiro projeto no Brasil, em 2008, a ter um processo de validação de sua metodologia.
Segundo ele, os resultados no Juma são expressivos, como por exemplo a redução do nível de desmatamento mensurado por diferentes imagens de satélite por organismos nacionais (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia - Imazon) e internacionais (Centro para Pesquisa Florestal Internacional – Cifor, sigla em inglês).
Segundo Viana, o projeto proporcionou um impacto positivo com o acesso à educação de cerca de 200 alunos no ensino fundamental e médio; além de investimentos em geração de renda permitindo um aumento na renda dos moradores da RDS do Juma e um nível de participação elevado das comunidades em todas as etapas no processo de decisão.
Para Virgilio Viana, esse conjunto de resultados aponta para uma série de lições aprendidas, com o projeto. “É possível, sim, implantar um Projeto de REDD numa escala como a do Juma, numa área de 589 mil hectares e trazer benefícios para aqueles que conservam a floresta”, diz.
Segundo Viana, o Juma realiza um mecanismo de doação condicionada de carbono florestal, o que significa que no mercado voluntário é permitido a uma instituição contabilizar a compensação de suas emissões de gases de efeito estufa. Ele cita como exemplo a Editora Abril que realizou por dois anos seguidos, em 2012 e 2013, a compensação de suas emissões de gases de efeito estufa com a FAS em aproximadamente 46 mil toneladas de carbono florestal.
Sobre o Projeto Juma
O Projeto REDD no Juma visa conter o desmatamento e suas respectivas emissões de gases de efeito estufa em uma área sujeita à grande pressão de uso da terra no Estado do Amazonas.
A RDS do Juma foi criada em uma área de 589.612 hectares de floresta amazônica, localizada nas cercanias da rodovia BR-319, em uma área de intensa pressão por desmatamento. A sua criação e implementação efetiva só foi possível com a perspectiva de efetivação de um mecanismo financeiro para geração de créditos de carbono oriundos da Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD).
O projeto foi desenvolvido em 2008 pela FAS em parceria com a Secretaria de Meio ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas (SDS), com apoio financeiro do grupo hoteleiro Marriott Internacional e apoio técnico do Instituto de Conservação e Desenvolvimento sustentável do Amazonas (Idesam).
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