Inpa realiza seminário de encerramento do Projeto Dinâmica de Carbono da Floresta Amazônica
O objetivo é compartilhar com as organizações ligadas às questões de mudança climática global os desafios e as conquistas do projeto Cadaf, além de discutir abordagens para subsidiar a implantação do REDD+
Por Luciete Pedrosa - Ascom Inpa
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), por meio do Laboratório de Manejo Florestal (LMF), realiza de 27 a 29 de abril, o Seminário Final do Projeto Cadaf 2014: Dinâmica de Carbono da Floresta Amazônica. O seminário tem como objetivo compartilhar com as organizações ligadas às questões de mudança climática global os desafios e as conquistas do projeto Cadaf, além de discutir abordagens e métodos para subsidiar a implantação do REDD+ (sigla para Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal) na Amazônia.
O seminário Final do Projeto Cadaf 2014 acontecerá no Auditório da Ciência, situado no Bosque da Ciência do Inpa, com entrada pela rua Otávio Cabral, Petrópolis, zona Sul. Participarão do seminário profissionais que lidam com projetos de carbono, gestores dos setores públicos e privados, ONGs, pesquisadores e pessoas interessadas no tema.
Dentre os palestrantes convidados, estão o superintendente da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Virgílio Viana, que falará sobre a experiência do projeto de carbono florestal na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma; a analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e responsável pelo REDD+, Letícia Guimarães; a pesquisadora Thelma Krug, representando o Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC); e o cacique Almir Suruí que falará da experiência do projeto de carbono na Reserva Indígena Sete de Setembro, localizada na fronteira entre Rondônia e Mato Grosso. O cacique ganhou recentemente da Organização das Nações Unidas (ONU) o prêmio de herói da floresta pelo seu trabalho de manter a floresta em pé.
Segundo o coordenador geral do Projeto Cadaf, o pesquisador Niro Higuchi, o projeto teve início em 2010 e término em março de 2014. Ele teve como objetivo desenvolver técnicas de avaliação, em larga escala, da dinâmica do carbono na floresta amazônica, produzindo informações que consolidaram, dentre outros resultados um sistema de Inventário Florestal Contínuo (IFC) para monitorar o carbono florestal da Amazônia Central, a identificação de uma relação entre tipos florestais e a dinâmica do carbono em florestas maduras e manejadas, e a elaboração de um mapa de carbono florestal utilizando dados dos Inventários Florestais Contínuos e de sensoriamento remoto.
Este projeto foi parte do programa de cooperação bilaterial entre o Brasil e o Japão, por meio de uma parceria institucional que envolveu o Inpa, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Instituto de Pesquisas de Florestas e Produtos Florestais do Japão (FFPRI) e a Universidade de Tókio. O projeto teve o financiamento da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica).
Para a coordenadora do seminário e membro do Projeto Cadaf, a técnica Flavia Durgante, o projeto buscou equilibrar a realidade do campo com técnicas de sensoriamento remoto. “Para alcançar mapas de carbono florestal realizamos a quantificação de carbono por meio de equações alométricas como uma equação específica que foi desenvolvida para a região de São Gabriel da Cachoeira com a derrubada e pesagem de mais de 100 árvores”, explica.
De acordo com ela, dentre os produtos gerados pelo Projeto Cadaf, no período de 2010 a 2013, foi realizada a instalação e medição de mais de 1.000 novas parcelas permanentes e temporárias (áreas de terra com metragem de 20m X 125m, onde todas as árvores com diâmetro na altura do peito (dap) acima de 10 centímetros são medidas. Neste local, os pesquisadores conseguem informações para quantificar o estoque de carbono florestal nas árvores.
Para Flavia, o Projeto Cadaf veio incrementar o sistema de Inventário Contínuo Florestal que existe desde 2004. Esse inventário vem sendo realizado em diversos municípios do Amazonas como Jutaí, Fonte Boa, Novo Aripuanã, Itacoatiara, Manacapuru, Barcelos, Manaus e Rio Preto da Eva. O Cadaf também realizou estudos em São Gabriel da Cachoeira, Atalaia do Norte, Juruá, Tapuá, Manicoré e Maués.
Dinâmica do carbono
Flavia Durgante, que é mestre em Ciências Tropicais, explica que no contexto de mudança climática global, o carbono florestal é um ponto chave para conseguir amenizar o impacto das mudanças climáticas.
Segundo ela, é preciso saber qual é o papel da floresta nesse contexto de mudança climática, sabendo que a floresta já possui uma grande quantidade de carbono armazenada nas árvores. “Estamos trabalhando no sentido de quantificar o quanto de carbono florestal está estocado, o quanto a floresta absorve e o quanto ela emite e, também, buscar mecanismos para evitar emissões desse carbono florestal armazenado, ou seja, manter a floresta em pé”, explica.
A floresta desmatada pode liberar todo esse carbono florestal estocado e aumentar as emissões de gases de efeito estufa provenientes de florestas, contribuindo com a problemática mundial do clima. “Em um hectare de área queimada é possível estimar o quanto de carbono florestal é emitido pela queima das árvores e assim avaliar o impacto das queimadas neste contexto”, explica.
Programação
O seminário terá abertura oficial na noite de domingo (27), às 19h, no Auditório da Ciência, situado no Bosque da Ciência do Inpa, com a apresentação do grupo musical Camerata de Ukulelê de Manacapuru (resultado do projeto “Construindo instrumento musical com madeiras da Amazônia” financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -CNPq).
Confira aqui a programação do seminário.
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