Núcleo de Pesquisa do Inpa em Roraima completa 30 anos
O núcleo é uma extensão do Inpa no estado de Roraima e vem desenvolvendo pesquisas sobre os diferentes tipos de habitat, além de estabelecer diálogos com as comunidades indígenas do estado
Por Camila Leonel – Ascom Inpa
O Núcleo de Pesquisas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI) localizado em Roraima completou 30 anos de existência, no último dia 13 de abril (domingo). Nascido através de um convênio firmado entre o Inpa e o então governo do Território Federal de Roraima, em 1984, o núcleo vem desenvolvendo relevantes pesquisas através de parcerias com órgãos estaduais e federais.
“A presença do Inpa, em Roraima, é emblemática por vários motivos, entre os quais se destaca, a firme decisão de contribuir com a integração do território nacional e com a busca de informações robustas que permitam o exercício pleno da soberania. Meus parabéns a todos que no passado e no presente vem contribuindo com essa perseverança em Boa Vista”, destacou o diretor do Inpa, o pesquisador Adalberto Val.
O estado de Roraima, que ocupa uma área aproximada de 224,3 mil km², possui uma diversidade de paisagens naturais. No seu território é possível encontrar vegetação típica da floresta amazônica, de campos ou savanas e, mais ao note do estado, uma vegetação característica de montanhas. Essa variedade de biomas necessita de pesquisas específicas para cada ambiente, bem como estudos de alternativas de desenvolvimento das populações que vivem nessas regiões, sobretudo as populações indígenas presentes em Roraima.
Dentro desse contexto, o Inpa procurou estabelecer sua presença na local estabelecendo parcerias com órgãos, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Universidade Federal de Roraima (UFRR), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Governo do Estado de Roraima e com a Fundação Estadual de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia de Roraima (Femact), para promover diálogos mais abertos sobre o uso de unidades de conservação e controle e prevenção ambiental, além de qualificar pessoas por meio de diversos cursos.
Para o pesquisador do Inpa, Reinaldo Imbrozio Barbosa, a presença do Inpa “é de fundamental importância no que tange ao treinamento dos tomadores de decisão regionais e ao refinamento dos futuros formadores de opinião que acabam tomando acento nos quadros funcionais das universidades de Roraima.”
Pesquisas
Entre as pesquisas desenvolvidas no núcleo, merecem destaque estudos sobre estoques de carbono derivado dos sistemas florestais da matriz de savana e como os recursos naturais são delimitados pelos fatores edáficos (relacionados ao solo) locais, além de grupos de pesquisa que atuam junto às comunidades indígenas chamado Wazaka'ye (árvore da vida), que visa formar recursos humanos integrados a seminários e debates sobre temas socioambientais e mapeamentos étnicos. Esse projeto é uma parceria com o Instituto Insikiran, da UFRR, que dialoga com as comunidades indígenas de Roraima.
Renovação
Atualmente, o Núcleo está em fase de renovação de pessoal e vem passando por uma remodelagem de participação no contexto local. Apesar dessa reformulação, o núcleo do Inpa continua empenhado em estudar e entender a dinâmica dos ecossistemas como os recursos naturais deste grande ambiente local podem proporcionar desenvolvimento sustentável para as populações humanas que o habitam. Sobre perspectivas do núcleo, Reinaldo disse que “as perspectivas de ampliação de projetos locais em associação à qualificação de recursos humanos locais é uma diretriz sem retorno que o Núcleo de Roraima prega com orgulho e em consonância com a política do Inpa que representa o MCTI nesta região da Amazônia.”
A sede do Núcleo Regional Roraima (NRRR) localiza-se em Boa Vista. Além da sede, possui quatro sítios de coletas padronizados para o núcleo: um no Parque Nacional do Viruá, localizado em Caracaraí; um na Estação Ecológica de Maracá, que possui amostra do ecossistema Amazônico; outro sítio localizado no campus Água Boa, área pertencente à Embrapa que possui habitats de savana; e o campus do Cauamé (Monte Cristo), espaço pertencente à UFRR com habitats de savana.
Em relação a parcerias, Barbosa ressalta que apesar do pequeno número de pesquisadores, o Inpa participa em diferentes colegiados locais promovendo debates mais balizados e condizentes com a realidade científica.
“Nós temos tido sucesso nas nossas cooperações locais com todos os parceiros federais e estaduais. Isso pode facilmente ser demonstrado através das participações do Inpa em diferentes colegiados locais, em especial nas formatações dos cursos de pós-graduação, no sistema de C & T local e nas discussões sobre prevenção e controle ambientais” , frisou.
Histórico
O Núcleo de Pesquisas de Roraima (NPRR) nasceu através do primeiro convênio firmado entre o Inpa e o então Governo do Território Federal de Roraima em 13 de abril de 1984. O objetivo do acordo era fornecer material bibliográfico ao governo e fomentar um sistema de piscicultura que a política de desenvolvimento local queria ver estimulado através da pesquisa aplicada. O primeiro diretor do instituto foi o Dr. Henrique Bargamin Filho, mas o setor de pesquisa se desenvolveu em abril de 1985 com a chegada do Dr. Calso Morato de Carvalho.
Em 1994, houve uma mudança organizacional no Inpa e os núcleos regionais foram extintos, porém, o NPRR, possuía uma boa estrutura, produção científica e relacionamento com os organismos locais e foi efetivado como uma Coordenação Técnica e Administrativa (CTA). Além disto, a sede física de Boa Vista continuou a manter um forte sistema de apoio à pesquisa regional, funcionando como uma base operacional para programas e projetos de pesquisa interinstitucional que solicitavam apoio do Inpa.
Somado a estas atribuições, a CTA do convênio com o Governo de Roraima oportunizou uma troca de política e a ampliação das relações dos estudantes de graduação regionais com o sistema de pós-graduação do Inpa em Manaus.
Em 2004, o NPRR foi formalizado através de um termo de cooperação com as instituições parceiras: Ibama-RR, UFRR, Femact, Embrapa-RR. Hoje o Núcleo de Pesquisa de Roraima possui bolsistas de pós-graduação em nível de mestrado e doutorado, que desenvolvem atividades em parcerias com a Universidade e núcleos de pós-graduação.
Redes Sociais