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Nota de Pesar – Paulo Apóstolo Assunção

  • Publicado: Quarta, 13 de Janeiro de 2021, 12h14
  • Última atualização em Quarta, 13 de Janeiro de 2021, 12h31

NotadePesarPauloApostoloAssuncao

 

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) lamenta com profundo pesar o falecimento do parabotânico Paulo Apóstolo Assunção, na última terça-feira (12), vítima de Covid-19. Colaborador por mais de 30 anos do Instituto nos inventários botânicos, Paulo Assunção era um exímio representante da escola de técnicos de campo do Inpa que se formaram na prática e considerado “um dos melhores parabotânicos em atividade na Amazônia”. Iniciou suas atividades no Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), em 1986, com o qual mantém fortes vínculos, e no decorrer da carreira atuou em vários outros projetos, especialmente como consultor independente nos últimos 20 nos. Paulo Assunção é coautor de obras e artigos, com destaque para o livro Flora da Reserva Ducke, uma das mais importantes referências sobre plantas da Amazônia. Ele foi parceiro de inúmeros trabalhos de pesquisadores, estudantes de pós-graduação em diversas expedições e identificação de material no herbário. Paulo Assunção deixa esposa (Morgana) e três filhos (Pedro, Samuel e Dam). Descanse em paz! À família e aos amigos, nossa solidariedade e sinceras condolências.

 

Colegas de trabalho lamentaram a morte de Paulo Apóstolo Assunção.

 

"Tive a sorte incrível de encontrar com Paulo logo depois que cheguei em Manaus para coordenar o Projeto da Flora da Reserva Ducke em 1993.  Também tinha a sorte de ter um projeto com uma administração flexível, e assim consegui contratar ele no dia que eu o encontrei, e ele começou trabalhar na mata no próximo.  Ele trouxe o conhecimento de parataxônomo, e seu olho para dicas necessárias para identificar as famílias e espécies da rica flora da Amazônia; o famoso "jeitão" que ele percebeu, mas para mim foi ainda um livro fechado.  Sob a influência dele, a ideia toda da flora virou: como podemos interpretar o conhecimento de Paulo até que leigos possam identificar as plantas da Reserva, e não somente monografias botânicas, difíceis de serem usadas por leigos.  Felizmente ele ficou 6 anos no projeto e participou diariamente em tudo. Botânica Amazônica sofreu uma perda incalculável."

Dr. Mike Hopkins, curador do Herbário INPA e coordenador do PPG-Botânica.

 

“Conheci Paulinho no final de 1995, na minha primeira ida a campo pelo Projeto Flora da Reserva Ducke. Até hoje fico pensando o quanto tenho sorte por ter iniciado na ciência através de pessoas tão iluminadas e tão competentes. Isso mudou o rumo do que eu esperava para minha vida acadêmica e profissional. O Projeto Flora não era uma equipe, era uma família trabalhando junta. A sensação que a gente tinha quando estava junto, seja no campo seja no laboratório, era de estar em casa, de todos estarem fazendo o que mais gostavam.

Isso tornou o aprendizado muito mais fácil, mais gostoso. Eu, crua, leiga, literalmente entregava minha vida nas mãos do Paulinho, do Everaldo e do Toshiba. Eu gostava do trabalho no laboratório, trabalhar nas imagens das fotos, nos textos, preparar o relatório... Mas nada se comparava a estar no campo. Cada ida ao campo era um novo aprendizado. Era muito cansativo, trabalho pesado, longas caminhadas, chuva, sol, quedas, cabas, mutucas, carrapatos, mucuins, cobras etc. Voltávamos exaustos. Mas eu não via a hora de ir novamente na próxima semana. Sinto falta até hoje do campo, dos nossos intervalos sentados em troncos comendo laranja pra conseguir continuar; dos nossos cafés da manhã e jantar, que Zoraide preparava com tanto amor; principalmente, dos longos papos que tínhamos durante essa convivência.

Quando o projeto acabou, tivemos oportunidade de trabalhar novamente, em diferentes projetos, em Mamirauá, em Belém (EMBRAPA), na Ducke novamente (em cursos de parataxônomos). Então tive o prazer de continuar trabalhando junto com Paulinho. É indiscutível que ele tinha um conhecimento incrível da flora amazônica. Mas o mais incrível era a paciência e a disponibilidade que ele tinha de partilhar esse conhecimento. Sua forma de ensinar na prática as características determinantes de cada família, de cada espécie, de mostrar como chegar até aquilo, desde a raiz até a copa, passando pelos odores, pelas resinas, látex, seivas... tudo isso que ele resumia como o “jeitão” da planta. Isso é lindo, é fabuloso, é mágico. Esse conhecimento é a base para a ciência, base que muitos desprezam hoje em dia. Sou grata por ter tido esse professor. Sou grata ainda mais, por poder dizer que somos amigos. Sou grata por cada momento que tivemos juntos, por todas as histórias que ele contava, suas experiências de vida (muitas!), suas histórias no garimpo, suas viagens aos campos mais remotos, suas crenças, sua família. Sou grata pelo privilégio de ter convivido com Paulinho. Amigo Paulinho, obrigada por tudo! Você fará muita falta para cada um que conheceu e estará sempre em nossos corações, em nossas lembranças, em nossas florestas, nos registros dos herbários. Siga em paz, muita luz no seu caminho.”

Mariana Mesquita, técnica do Inpa.

 

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