Pós-doutorando do Inpa participa de edição de livro internacional sobre vespas sociais
Alexandre Somavilla divide a edição e mais autoria de cinco dos 24 capítulos da obra. O livro traz uma visão geral e atualizada de diferentes aspectos das vespas sociais, conhecidas popularmente em várias partes do Brasil como marimbondos e como cabas, na Amazônia
Da Redação – Inpa
Banner e fotos: Victor Mamede e Alexandre Somavilla
Sete anos após as primeiras conversas sobre a necessidade de uma obra atual e completa a respeito das vespas sociais compilando diferentes abordagens que se encontram fragmentadas em centenas de artigos científicos, nasce o livro “Neotropical Social Wasps: Basic and applied aspects”, publicado pela Springer. O livro conta com a edição do pós-doutorando da Entomologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) Alexandre Somavilla, juntamente com três pesquisadores brasileiros: Fábio Prezoto, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fábio Santos Nascimento, da Universidade de São Paulo (USP/Ribeirão Preto), e Bruno Corrêa Barbosa, da UFJF.
A publicação oferece aos leitores um vislumbre da fascinante história das vespas sociais neotropicais, inspirando uma nova geração de vespólogos. O livro é o primeiro em língua inglesa sobre vespas sociais neotropicais e aponta tendências em diferentes áreas de pesquisa, no decorrer dos 24 capítulos escritos por 45 autores. Além da edição, Somavilla divide a autoria de cinco capítulos, sendo o único com vínculo com o Inpa a participar da obra.
Segundo Somavilla, a região Neotropical, que abrange a parte sul da América do Norte, a América Central e do Sul, possui a maior diversidade de vespas sociais do mundo. Esse é o motivo que, ao longo dos anos, chamou a atenção de pesquisadores, que investigaram diferentes aspectos biológicos, ecológicos, comportamentais e evolutivos usando as espécies de vespas sociais como modelo.
| Apoica pallens (caba-da-noite), vespa social com comportamento tipicamente noturno. Foto: Alexandre Somavilla
As vespas sociais são conhecidas como marimbondos na maior parte do Brasil e como cabas, na Amazônia, com nomes populares para algumas espécies como caba-tatu, caba-da-noite e caba-do-chapéu. Na Amazônia brasileira há o registro de mais de 250 espécies de vespas sociais, tornando esse o bioma o mais diverso no mundo todo.
Nas últimas décadas, os estudos com vespas sociais neotropicais aumentaram significativamente, já que o grupo oferece um terreno fértil para muitas pesquisas. No entanto, os resultados dos trabalhos estão fragmentados em diversos artigos científicos, o que dificulta ter uma visão do estado da arte desses insetos.
“Com este livro queremos compartilhar o conhecimento obtido por vários grupos de pesquisa em diferentes países (como Bélgica, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Japão, Nova Zelândia, Portugal, Reino Unido e EUA), cujos esforços resultaram em uma grande quantidade de informações sobre vespas sociais”, contou Somavilla, biólogo com mestrado e doutorado em entomologia, especialista em vespas sociais e integrante do Grupo de Pesquisa do Inpa Entomologia na Amazônia - diversidade de insetos, liderado pelo pesquisador José Albertino Rafael.
Os interessados em obter a obra publicada em dezembro último podem encontrá-lo em formato digital ou impresso, acessando o site da Springer: https://www.springer.com/gp/book/9783030535094
Saiba mais
| Alexandre Somavilla em palestra no Curso de Entomologia na Amazônia realizado em 2019 no Inpa. Foto: Acervo Alexandre Somavilla
Idealizada em 2013 durante o I Primeiro Encontro Internacional de Vespas ocorrido no Inpa, a obra fornece uma visão geral e atualizada de diferentes aspectos das vespas sociais neotropicais e também presta homenagem aos pesquisadores pioneiros que descreveram a história natural desses “fantásticos insetos”. Entre eles está o naturalista Adolpho Ducke (1976-1959), que trouxe inúmeras contribuições do grupo para a Amazônia brasileira.
Segundo Somavilla, as vespas sociais são extremamente importantes em aspectos ecológicos, uma vez que contribuem para a regulação das populações de diversos outros insetos por conta do seu hábito de predador, e no controle biológico de pragas agrícolas, já que se alimentam de larvas que podem ser pragas agrícolas. São importantes ainda na polinização de algumas plantas, já que algumas espécies são visitantes florais.
“E hoje em dia cada vez mais são investigadas pelas propriedades farmacêuticas, uma vez que o veneno da vespa contém diversas substâncias que podem ajudar no controle e tratamento de algumas doenças”, contou o entomólogo, que além da pesquisa atua com popularização da ciência e educação ambiental.
Alexandre Somavilla
Atualmente é professor do Programa de Pós-Graduação em Entomologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Pós-Doutorado em andamento através do Programa Fixação de Doutores no Amazonas, FIXAM - FAPEAM e membro do Comitê do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica PIBIC/PAIC/INPA, Ciências Biológicas, Subárea Zoologia II. Possui Mestrado e Doutorado em Ciências Biológicas, pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), com período de Doutorado Sanduíche pelo American Museum of Natural History (New York, USA), além de estágios de pequena duração nos Museus de História Natural em Londres, Paris e Berlim. Além de pesquisa, desenvolve atividades de popularização da ciência e educação ambiental em parceria com o Bosque da Ciência/INPA principalmente com o intuito de mostrar para as crianças a importância dos insetos.
Redes Sociais