Inpa capacita técnicos de empresa produtora de purificador de água por luz ultravioleta
A Água Box é uma das quatro tecnologias desenvolvidas pelo Inpa e que já foram transferidas para empresas licenciadas para comercializarem os produtos.
Por Luciete Pedrosa
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), por meio da Coordenação de Tecnologia e Inovação (COTI) e com o acompanhamento da Coordenação de Extensão Tecnológica e Inovação (CETI) realiza capacitação e assistência técnica com os técnicos da Hitec Componentes da Amazônia, empresa licenciada para comercializar a Água Box. A proposta é elaborar um fluxograma para o sistema de montagem e produção com maior rapidez e eficácia do equipamento portátil que purifica a água por meio de radiação ultravioleta tipo C, uma tecnologia desenvolvida pelo pesquisador Roland Ernest Vetter.
A Água Box é um equipamento portátil para purificação da água, por meio de radiação ultravioleta tipo C. Trata-se de um sistema capaz de tornar águas sujas de rios e lagos em água potável, livre de germes e que já foi testado com sucesso em aldeias na região amazônica. A tecnologia apresenta vantagens de coletar diretamente a água do rio e poder levar a lugares sem acesso a água potável, como expedições e operações no interior da Amazônia.
A capacitação acontece no Laboratório de Secagem de Madeiras e Energias Renováveis, no Inpa, até a confecção de 50 equipamentos. Segundo o técnico responsável pelo treinamento, Ray Cleiser Nascimento, a etapa agora é de repasse da tecnologia para a empresa e discutir a melhor forma do procedimento de produção, assim como padronizar o sistema de montagem para que o equipamento possa ser produzido em grande escala no mercado local.
“Estamos discutindo as melhores formas e ferramentas a serem utilizadas na linha de produção da Água Box para que possamos ter facilidade de manutenção. A pesquisa com o produto já foi feita e o resultado foi de 100% de eficiência. A etapa agora é de montagem e de organização para a produção”, explica o técnico.
Para a coordenadora da CETI, Rosangela Bentes, a ideia da capacitação e assistência técnica, nesse primeiro momento, é importante para configurar a interação e troca de experiência entre a pesquisa e a linha de produção da empresa, permitindo as devidas adequações na confecção do equipamento e possíveis melhoramentos da tecnologia.
“A Água box é uma tecnologia que tem um cunho que beneficia comunidades da nossa região e que não têm acesso à água potável, porém, é uma tecnologia que necessita de uma empresa para a sua confecção e disponibilização para a sociedade”, explica Bentes.
De acordo com o diretor da Hitec, Roberto Lavor, a empresa já trabalhava com uma tecnologia europeia similar, implantada em algumas áreas indígenas do estado e se interessou em comercializar a tecnologia desenvolvida pelo Inpa porque está alinhada com o negócio da empresa.
“O produto se alinha com os nossos objetivos, na medida em que trata da sustentabilidade, por meio da portabilização da água e da purificação para o consumo. Também achamos o produto um interessante aliado ao fato dessa tecnologia estar à disposição em um instituto de pesquisa como o Inpa, que tem reconhecimento nacional e internacional. Isso reforça a credibilidade do produto em termos mercadológicos”, diz Lavor.
Ainda conforme o diretor da Hitec, a empresa está interessada, também, em desenvolver subprodutos oriundos dessa tecnologia com o objetivo de ser cada vez mais acessível à sociedade. “Se esta é uma tecnologia que tem um apelo social, então tem que estar acessível para a sociedade em todos os seus níveis, mas para isso é preciso se fazer melhorias contínuas para que possa chegar a todas as camadas da sociedade”.
A inovação do produto está no método para proteção contra bactérias e outros micro-organismos perigosos que, em alguns casos, podem produzir efeitos negativos para o ser humano e para o meio ambiente.
Transferência
Segundo explica a coordenadora da CETI, Rosangela Bentes, a Água Box é uma das quatro tecnologias desenvolvidas pelo Inpa e que já foram transferidas para empresas. As outras são a farinha de pupunha integral, processo de obtenção de Zerumbona isolada dos óleos essenciais das raízes de zingiber I. Smith e a composição farmacêutica do extrato de zingiber zerumbet.
A coordenadora da CETI explica que o Inpa trabalha com resultados de pesquisas biotecnológicas e esses produtos demandam tempo para serem desenvolvidos, sobretudo, na organização da cadeia de fornecedores de matéria-prima.
Ela explica que ao licenciar os resultados, por meio do processo de transferência de tecnologia para a empresa ou indústria, o Inpa faz a transferência sem pedir qualquer tipo valor antecipado. Oferece dois anos para a empresa se organizar e adequar sua linha de produção, por meio de contrato de transferência de tecnologia.
De acordo com a Lei e Inovação, ao final desses dois anos, com o produto no mercado, ocorre o lançamento e inicia o processo de recebimento dos royalties, que são os retornos financeiros para a Instituição que passa por divisões de percentuais distribuídos ao inventor, ao laboratório que gerou a tecnologia e ao setor de inovação para a geração e apoio a novas pesquisas.
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