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Claudete Catanhede recebe homenagem em palestra na Escola Judiciária Eleitoral do TRE

  • Publicado: Quinta, 21 de Março de 2019, 09h09
  • Última atualização em Quinta, 21 de Março de 2019, 14h01

A pesquisadora do Inpa falou sobre a Mulher na Ciência, focando as diferenças em termos de acesso a cargos, posições de controle e comando no mundo da ciência

 

Por Cimone Barros e Victor Mamede - Inpa

Fotos: Ascom TRE-AM

 

Trabalhos de tecnologia social e formação de recursos humanos a partir dos estudos com tecnologias das madeiras da Amazônia renderam a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), doutora Claudete Catanhede, homenagens pela Escola Judiciária Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM). O reconhecimento público ocorreu durante evento em que Catanhede fez palestra sobre “Mulheres no Poder: a educação como ponto de partida”.

 

O tema da palestra também foi ministrado pela juíza titular da 40ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, presidente da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (AMAERJ) e vice-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Dra. Renata Gil de Alcantara Videira. A juíza falou sobre a participação política feminina no universo jurídico, fazendo um resgate histórico do papel da mulher na medida das conquistas que elas tiveram na sociedade até os dias de hoje.

 

Catanhede é graduada em Tecnologia da Madeira (UTAM/ hoje UEA), mestre em Ciências Florestais (USP) e doutora em Ciências Biológicas pelo Inpa, instituição de pesquisa onde começou a trabalhar em 1982, após ser aprovada em seleção para assistente de operação. Ela é filha da dona Araceles e do senhor Raimundo Nonato, que deram apoio para que pudesse prosseguir e perseguir na carreira, especialmente à mãe. Dona Araceles estava na plenária da palestra, na última segunda-feira (18).

 

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“A frase da minha mãe: ‘Vocês têm pai e mãe, e tem de estudar para ser alguém na vida e não passar pelo que eu passei’ marcou a minha vida. Meus pais não tinham ensino superior e nem noção do que é ciência, mas me deram a base e me ensinaram a ciência do amor e da benevolência”, contou a pesquisadora.

 

Durante a cerimônia, Catanhede foi muito elogiada pelos juízes do Tribunal. Também recebeu homenagens de quatro membros do Grupo Ukulelê, que tocaram e falaram sobre a importância que ela teve na vida de cada um deles. Ela é uma das autoras do projeto de inclusão social e socialização do conhecimento Ukulelê, que ensinou jovens do Ensino Médio (hoje cursam faculdade) de Manacapuru a fabricarem e tocarem o próprio instrumento musical que leva o nome do projeto. O grupo Ukulelê tocou em algumas oportunidades no Teatro Amazonas e na SBPC de Minas Gerais (2018).

 

“Claudete merece muito, porque é uma pessoa que trabalha silenciosamente, não é dos holofotes, mas ela tem um trabalho muito sólido e de impacto importante na vida de muita gente. Então, parabéns a Dra. Claudete”, disse a coordenadora de Extensão do Inpa, Dra Rita Mesquita, que na oportunidade representou a diretora do Inpa Antonia Franco.

 

Para o diretor da Escola Judiciária Eleitoral, Dr. Abraham Peixoto Campos, nada tem o poder de promover a equidade que a educação tem. “Sem educação o indivíduo permanece um coadjuvante da própria existência e vive à margem do curso da história”, disse Campos em material divulgado pela assessoria do Tribunal.

 

Desafios

 

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Na palestra, Claudete Catanhede traçou, ainda, um panorama das mulheres na ciência, desde Marie Curie (Varsóvia/Polônia 1867-1934), a primeira mulher do mundo a ganhar um Prêmio Nobel, até a realidade brasileira, mostrando que hoje as mulheres correspondem a 50% do total de pesquisadores do país. Em 1995, as mulheres representavam apenas 29%. Para a pesquisadora, esse percentual de 50% ainda é pequeno comparado com a quantidade de pesquisadores existentes.

 

“Acredito que precisamos aumentar ainda mais a política de distribuição de bolsas, incentivando a entrada e permanência da mulher na pesquisa científica, e falta também, para nós mulheres, ‘lutarmos’ pelo nosso espaço e criar as oportunidades quando elas não existirem”, opinou Catanhede.

 

Aliar os vários papéis de mulher – como filha, esposa, mãe – com a carreira profissional ainda hoje é uma tarefa árdua. Com Catanhede não foi diferente. Segundo ela, enquanto mulher e negra, suas principais dificuldades foram superar a humilhação, o preconceito e enfrentar a escolha de ir fazer mestrado na USP deixando em Manaus a filha Larissa – amor da sua vida- de apenas dois meses com o pai e os avôs por um ano.

 

“As duas primeiras dificuldades foram de sangrar a alma, mas a minha escolha profissional de deixar minha filha e ir para Piracicaba estudar doeu muito”, revelou Catanhede, lembrando que o sonho de se tornar pesquisadora ainda na década de 1980 não se afastava nem nas férias do Inpa, aliás era nesse período que ele ganhava corpo. “Eu viajava e ia para USP, UNB, Viçosa, para ver linhas de pesquisa e provas para o mestrado. Eu queria fazer as minhas próprias pesquisas”, contou.

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