Ir direto para menu de acessibilidade.
Portal do Governo Brasileiro
Você está aqui: Página inicial > Últimas Notícias > Projeto internacional GOAmazon medirá níveis de poluição da área urbana de Manaus
Início do conteúdo da página
Notícias

Projeto internacional GOAmazon medirá níveis de poluição da área urbana de Manaus

  • Publicado: Quarta, 12 de Fevereiro de 2014, 20h00
  • Última atualização em Segunda, 13 de Abril de 2015, 11h31

 

O Inpa é parceiro do projeto que fornecerá dados de pesquisa básica que poderão ser usados para tornar modelos climáticos mais precisos. Serão investidos R$ 24 milhões, oriundos do Departamento de Energia dos Estados Unidos das Américas (DOE-EUA), da Fapeam e da Fapesp

Por Raiza Lucena

Para avançar na compreensão dos processos que produzem chuva na região dos trópicos úmidos e medir níveis de poluição na área urbana de Manaus e sua influência no ciclo de vida das nuvens, uma parceria entre Brasil e Estados Unidos investirá R$ 24 milhões para realizar o maior esforço observacional já empreendido nesse campo. Isso será possível por meio do Projeto Green Ocean Amazon (GOAmazon) que produzirá novos conhecimentos científicos sobre a atmosfera, formação de nuvens e precipitação de chuva.

O lançamento do GOAmazon acontecerá na próxima terça-feira (18), às 19h, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI), parceiro do projeto. “Esse é um projeto extremamente ambicioso. Com ele, também iremos conhecer melhor vários aspectos da interação entre a floresta e a atmosfera e obter informações mais precisas para serem usadas em outras pesquisas”, disse o pesquisador responsável pelo GOAmazon no Inpa, o doutor em Física da Atmosfera Antonio Manzi.

No período de dois anos, o GOAmazon objetiva ainda avançar nos conhecimentos científicos de como os processos superfície-atmosfera afetam a hidrologia e o clima tropical. A estrutura física do projeto é composta por 11 contêineres-laboratórios que estão em fase final de instalação, na Fazenda Agropecuária Exata S/A, localizada em Manacapuru, município a 68 quilômetros da capital amazonense.

Esses laboratórios possuem uma série de equipamentos que medirão propriedades da atmosfera, como concentração de gases e material particulado (aerossóis), formação e desenvolvimento das nuvens, fluxos de radiação solar e atmosférica, variáveis meteorológicas como temperatura, velocidade e direção do vento, umidade, velocidade da chuva, pressão atmosférica, fluxo do gás carbônico, de calor latente e sensível, entre outros. Os equipamentos foram estrategicamente instalados em um local com pouca interferência humana, porém, é onde chega com certa regularidade a pluma de poluição de Manaus, por conta do transporte provocado pelos ventos alísios (ventos que sopram de leste para oeste nos trópicos).

As pesquisas serão realizadas em diversos sítios experimentais na cidade de Manaus e no seu entorno e, também, com aeronaves equipadas para obter dados para o estudo do ciclo de vida dos aerossóis (partículas de suspensão na atmosfera) e das nuvens e da interação entre eles.“As cidades produzem poluição pela queima de combustível dos automóveis e das termelétricas. Essa poluição tem impacto direto na formação das nuvens. No período mais seco do ano, a poluição gerada pela queima de biomassa de pastagens e desmatamentos também provoca mudanças importantes nas características das nuvens”, destaca Antonio Manzi.

O GOAmazon é um projeto coordenado e com financiamento de R$24 milhões, sendo R$ 12 do Departamento de Energia dos Estados Unidos das Américas (DOE-EUA), R$6 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e R$6 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), além do financiamento de projetos paralelos pela Fundação Nacional de Ciências (NSF-EUA) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Também são parceiros o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/BRA) e o Instituto de Espaço e Aeronáutica (IAE/BRA) e o Instituto Max Planck de Química (MPIC/Alemanha), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Harvard, dentre outras universidades do Brasil e dos EUA.

Modelos climáticos

As partículas de aerossóis também interagem com a radiação solar e influenciam na quantidade de energia que chega à superfície, responsável pelos fenômenos meteorológicos que são: gerar ventos, aquecer a superfície e o ar que fica em contato (calor sensível) e o calor latente (responsável por transformar a água em estado líquido para vapor), além de influenciar na fotossíntese das plantas.

O meteorologista Juarez Viegas, responsável por manter o funcionamento de alguns equipamentos de identificação e medição de aerossóis, ressalta que o estudo dessas partículas é de grande importância para a pesquisa climática. “Parte dos aerossóis tornam-se núcleo de condensação de nuvens, ou seja, em condições favoráveis de umidade na atmosfera, o vapor d'água condensa em torno do aerossol, formando pequenas gotículas que se aglutinam, incorporam mais vapor d'água e formam gotas maiores. Quando essas gotas atingem massa suficiente para vencer a força de flutuabilidade das nuvens, elas precipitam na forma de chuva”, explica.

Informações como composição química e quantidade serão medidas e fornecerão um conjunto de dados que servirá para aprimorar a representação dos aerossóis e das nuvens nos modelos climáticos e de previsão de tempo.

No Bosque da Ciência, que fica dentro das dependências do Inpa, em Manaus, foi instalada uma estação meteorológica e de qualidade do ar em que os dados serão exibidos em tempo real aos visitantes, além de servir para pesquisas. Este ponto é um dos locais que servirá de base para as pesquisas do GOAmazon. Segundo o coordenador de extensão do Inpa, Carlos Bueno, os dados que serão monitorados poderão ajudar a melhorar a qualidade de vida da população: "Verificar a qualidade do ar pode mostrar indicativos para melhorar a saúde. Serão dados científicos oferecidos pelo Inpa que poderão servir de base para as políticas públicas", afirma.

O projeto GOAmazon ainda contribuirá com a formação de mestres, doutores e pós-doutores, brasileiros e norte-americanos.

Locais de estudo

O projeto possui cinco sítios de pesquisa bem equipados que se complementam e que integrados fornecerão as informações necessárias para o desenvolvimento do GOAmazon. Além do Bosque da Ciência e da Fazenda Exata em Manacapuru, os sítios de pesquisas envolvem o Observatório com Torre Alta da Amazônia (Projeto ATTO), localizado a 150 km a nordeste de Manaus na RDS-Uatumã; o hotel Tiwa em Iranduba (município a 25 km de Manaus); e a Reserva do Cuieiras do Inpa, localizada50 km ao norte de Manaus, na ZF2 (BR-174).Também serão utilizadas duas aeronaves e dois balões cativos que servirão para coletar dados adicionais.

Os aviões são equipados para coletar dados de gases-traço (existentes em menos de 1% na atmosfera), aerossóis e medidas de nuvens. Serão realizadas duas campanhas intensivas de observação: a primeira, entre 16 de fevereiro e 27 de março com avião de pesquisas Gulfstream ARM-1 (G-1) e a segunda, de 1º de setembro a 10 de outubro, junto com o G-1 eo avião alemão HALO - High Altitude and Long Range Research Aircraft.

Cerimônia de apresentação

No dia 18 de fevereiro, às 19h, acontecerá a cerimônia de apresentação do projeto, no Auditório da Ciência, localizado no Bosque. No evento, serão apresentados painéis científicos com explicações do GOAmazon, além de contar com representantes das instituições envolvidas. Nas apresentações em inglês, será oferecida tradução simultânea. 

registrado em:
Fim do conteúdo da página