Projeto Cenários chega ao fim deixando sua contribuição para pesquisas na Amazônia
Apesar de reconhecido o mérito do Projeto Cenários e da necessidade de sua continuidade, o próximo passo dependerá de uma demanda específica ao Ministério e do apoio dos institutos de pesquisas, das FAPs e das secretarias estaduais de Ciência e Tecnologia.
Por Luciete Pedrosa
A conferência que marcou o encerramento do Projeto Cenários chegou ao seu fim na manhã desta quarta-feira (5) quando foram apresentados os produtos gerados pelo projeto durante os últimos cinco anos. O projeto oportunizou ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e parceiros, entre outras coisas, a criação de um gerenciador de dados e informações na Web (Software Livre Mo Porã), a implantação de três laboratórios de biologia molecular; além de investimentos em infraestrutura (torres e plataformas em plena floresta) adaptadas para pesquisas combinadas, permitindo associar os resultados em biodiversidade aos parâmetros climáticos, em diversos pontos da Amazônia. Isso significa dizer que estudos podem ser realizados simultaneamente em biodiversidade, clima, uso da terra.
Segundo o coordenador do Projeto Cenários, Flavio Jesus Luizão, o projeto recebeu recursos financeiros do Finep na ordem de R$ 4 milhões e executou, a partir de 2009, estudos em quatro Centros de Endemismos (unidades de estudo de grande interesse para integração de clima, biodiversidade e uso da terra). Os estudos foram realizados em Manaus, Pará (Caxiuanã e Santarém), parte do Maranhão e em Humaitá (no sul do Estado do Amazonas). Esta foi uma primeira tentativa de integrar os três grandes programas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI): o Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), a Rede Temática de Pesquisa em Modelagem Ambiental da Amazônia (Geoma) e o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio).
“O Projeto Cenários foi um grande desafio e representa um exemplo de integração que o Inpa quer adotar para algumas pesquisas que estão sendo desenvolvidas no instituto”, destacou o coordenador de Assuntos Estratégicos e diretor substituto do Inpa, Estevão Monteiro de Paula.
No Amazonas, o Projeto Cenários proporcionou a criação de uma estrutura em Humaitá para que esse município cresça como um centro capaz de fazer pesquisas. O município dispõe de três torres metereológicas e dois laboratórios de biologia molecular. Um, equipado para triagem de amostras de solos e plantas, e outro laboratório com equipamentos para análises de gases, de águas, plantas e solos. Com os recursos do projeto, além desses laboratórios criados, também foram melhorados outros laboratórios dentro do Inpa para atender demandas de análises como o de solos e plantas.
No Pará, o Museu Paraense Emílio Goeldi também dispõe de um laboratório de biologia molecular que foi usado neste projeto para gerar informações, por exemplo, de como a biodiversidade se distribui dentro da Amazônia (nos Centro de Endemias) e como ela é afetada por mudanças no uso da terra. Estes estudos foram baseados por marcadores genéticos detectados e mapeado nesse labortório. Também foi possível melhorar a estrutura de pesquisas em campo, em Caxiuanã, com a aquisição de equipamentos.
Também como resultado do Projeto Cenários, foi desenvolvida uma nova plataforma computacional capaz de fazer a integração de dados em um sistema único de qualquer projeto científico na Amazônia. Trata-se do “Mo Porã3.0 – Repositório de sites colaborativos” (palavra que em Tupi guarani significa guardar em local seguro), que será institucionalizado para futura distribuição às instituições parceiras do Inpa. O projeto é um gerenciador de repositórios distribuídos, colaborativos e federados do Projeto Cenários.
Mais resultados
Na oportunidade, foi pré-lançado o compêndio Cenários que reúne a síntese do projeto e seus resultados durante os últimos anos. O livro foi organizado pela pesquisadora associada do Inpa, Thaise Emilio, e está divido em cinco partes que contemplam aspectos sobre as relações biodiversidade e clima; mudanças de uso e cobertura da terra; clima e ecossistemas; ferramentas e tecnologias; e perspectivas, que ainda está sendo finalizada. O pré-lançamento do livro contou com a presença do diretor do Departamento de Políticas e Programas Temáticos do MCTI, Osvaldo Moraes.
“O MCTI tem interesse que o Projeto Cenários não se esgote”, afirmou Osvaldo Moraes, que disse ser um profundo conhecedor dos desafios de se realizar pesquisas na Amazônia e veio participar das discussões com os pesquisadores do projeto sobre o futuro das pesquisas na região.
Segundo Flavio Luizão, o primeiro passo foi dado e, embora reconhecido o mérito do Projeto Cenários e da necessidade de uma continuidade, isto agora vai depender de uma demanda específica e bem justificada feita diretamente ao MCTI. Para ele, esta ação precisa contar com o apoio decisivo dos diretores dos institutos de pesquisas envolvidos, bem como das Fundações de Apoio e Amparo à Pesquisa (FAPs) e das secretarias estaduais de Ciência e Tecnologia. “Este esforço será feito dentro dos próximos dois meses junto ao ministério para tentar uma continuidade dessa integração dos programas na Amazônia”, afirmou Luizão.
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