Inpa prepara livro com síntese de pesquisas do Projeto Cenários
A conferência será encerrada nesta quinta-feira (5) com a presença do Departamento de Políticas e Programas Temáticos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Leal de Moraes
Por Luciete Pedrosa
Dando prosseguimento à conferência que marca o encerramento do Projeto Cenários e que está sendo realizado no auditório do Bosque da Ciência, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), a manhã desta terça-feira (4) foi dedicada às apresentações finais dos trabalhos desenvolvidos durante os cinco anos de existência projeto e que vão compor um livro que reunirá a síntese dessas pesquisas. O pré-lançamento da publicação acontece nesta quarta-feira (5) com a presença do diretor do Departamento de Políticas e Programas Temáticos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Leal de Moraes.
O livro é organizado pela pesquisadora associada da Coordenação de Biodiversidade do Inpa (CBio), Thaise Emílio. Ela destaca as dificuldades encontradas e explica que a ideia do projeto é ser um trabalho integrado e que gere cenário sobre a Amazônia. “Tentar colocar tudo isso dentro de um pano de fundo comum foi uma das dificuldades encontradas para se produzir este compêndio. A outra dificuldade foi tentar transferir a linguagem técnico-científica para uma linguagem um pouco mais comum na qual um leigo possa ler. Precisamos utilizar uma linguagem para que um tomador de decisões consiga ler ou que uma pessoa que vai se utilizar daquela informação possa entender de maneira geral o que está escrito”, esclarece Thaise.
A organizadora do livro explica que tendo em vista o grande volume de informações consistente o livro ainda está em fase final de ajustes e que essas informações vão servir de base para se pensar qual o futuro da pesquisa para a Amazônia.
De acordo com Thaise, sendo o projeto uma primeira tentativa de integração de três grandes projetos e que tem a participação de pesquisadores de vários estados e de outros países, é muito difícil juntar estas pessoas para preparar uma coisa em conjunto. “Só em se ter um livro físico numa versão quase final já é um avanço muito grande, mesmo porque ele só será fechado quando tiver o capítulo de perspectiva e isto só acontecerá quando todos puderem estar discutindo juntos quais são as nossas perspectivas”, explica a pesquisadora informando que o livro só deverá estar pronto para impressão, distribuição e divulgação a partir do próximo dia 7 de março.
A conferência final do Projeto Cenários para a Amazônia: Uso da terra, Biodiversidade e Clima será encerrada nesta quinta-feira (5) quando o ponto maior será o encontro com o diretor do MCTI, com quem deverá acontecer uma discussão sobre o futuro das pesquisas na Amazônia.
Para o coordenador do Projeto Cenários, Flávio Luizão, o compêndio também servirá para destacar os produtos derivados do projeto. Dentre eles, uma série de sugestõesde organização de redes de transportes, rede de produções rurais que foram detectadas ao logo do projeto e que existem informalmente e que poderiam ser aproveitadas e institucionalizadas para melhorar a vida dos ribeirinhos no interior. Segundo Luizão, o projeto Cenários trabalhou muitas pesquisas no interior da Amazônia conhecendo uma realidade que muitos tomadores de decisões simplesmente não conhecem.
O pesquisador destaca outros produtos gerados pelo Projeto Cenários como novos sítios de pesquisa integrados, por exemplo, em Santarém, onde havia torres para medida de clima e microclima, mas não havia instalações próprias para estudo da biodiversidade, sendo que agora já foram instalados cinco módulos de pesquisas do programa PPBio com recursos do projeto. Em Humaitá, também foram instaladas a mesma estrutura (torres e cinco módulos do PPBio). “Criamos novas infraestruturas de pesquisas integradas que podem contemplar biodiversidade, clima e, em alguns lugares, mudança no uso da terra também”, enumera Luizão.
Dificuldades
O coordenador do Projeto Cenário destaca que os principais gargalos enfrentados ao longo do projeto foram de ordem administrativa, já que o projeto foi pensado em expedições de campos de 15 a 20 dias nas regiões do Xingu, Araguaia e Tapajós em áreas de acesso muito difíceis onde requer uma certa logística como alugar barco e veículos próprios.
“Tivemos extrema dificuldade em executar certas atividades por conta das amarras burocráticas dos regulamentos do Governo Federal, porque não se permitia fazer adiantamento, isto é, não tínhamos dinheiro para pagar serviços e pessoas no meio da floresta amazônica se não tínhamos dinheiro em mãos. Isto foi um sofrimento muito grande para os pesquisadores e para o coordenador resolver este tipo de gargalo”, lamenta Flavio Luizão.
O Projeto Cenários teve início em 2009 e obteve recursos do Finep na ordem de R$ 4 milhões, sendo que 30% (aproximadamente R$ 1,2 milhão) foram destinados aopagamento de 54 bolsistas que participaram do projeto,e o restante (aproximadamente R$ 2,8 milhões) será aplicado em equipamento e custeio. O coordenador informa que os recursos não foram gastos no total por causa das amarras burocráticas, sendo que este recurso será devolvido.
Segundo o coordenador do Projeto Cenários, Flávio Luizão, durante o encontro espera-se que novas oportunidades sejam abertas no sentido de que novos editais de projetos de pesquisas para Amazônia trabalhem nessa ideia de integrar vários programas. Flavio Luizão comenta que existe um Termo de Referência (TR) já no MCTI há algum tempo esperando uma resposta positiva para uma segunda fase do Cenários, mas como o governo muda a sistemática dos editais poderia ser um edital integrado de todos os grandes programas para que sejam trabalhados em conjunto.
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