Conselho Técnico Científico do Inpa avalia produção e desafios da instituição
Balanço da gestão será feito à comunidade na próxima sexta-feira (13) durante reunião do Conselho Diretor Expandido, às 9h, no Bosque da Ciência
Por Cimone Barros (texto e foto) – Ascom Inpa
Apesar da retração no financiamento para a ciência e do quadro reduzido de recursos humanos, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) conseguiu sobreviver com funcionalidade e avançar em algumas áreas nos últimos quatros anos. A avaliação é de coordenadores do Inpa e de membros do Conselho Técnico Científico (CTC) na 1ª reunião do ano do colegiado máximo da instituição.
Em parceria com outras entidades, o Inpa construiu algumas instalações físicas, a exemplo do prédio da Capacitação e da Base Alto Cuieiras, manteve a média de 600 publicações científicas por ano e implementou os planos e políticas de informação e comunicação que vão permitir ao Inpa adquirir materiais e equipamentos de informática. O investimento em TI é de R$ 3 milhões e a expectativa é que os primeiros equipamentos cheguem até o fim deste ano.
“Na minha gestão, o Brasil passou por uma crise econômica e política muito forte. O Instituto tinha de se manter vivo e funcional e conseguimos isso, como se vê pelos indicadores”, disse o diretor do Inpa Luiz Renato de França. “Tivemos ainda avanços significativos na qualidade de vida dos servidores, expandimos a infraestrutura, tornamos o Inpa mais harmônico, já que uma instituição como o Inpa complexa e com várias vertentes tem uma multiplicidade grande”, completou o diretor, que em breve deixará o cargo após quatro anos de mandato.
Um balanço das atividades da gestão será apresentado na próxima sexta-feira (13) durante a reunião do Conselho Diretor Expandido (CDE), às 9h, no Auditório da Ciência do Inpa, localizado no Bosque da Ciência, rua Bem-te-vi, s/nº, Petrópolis. A reunião será aberta a toda a comunidade.
Desafios
Para Luiz Renato de França, a riqueza do Inpa é a sua complexidade, ao mesmo tempo em que precisa começar a focar mais em algumas áreas que considera prioritária. Universidades e outras instituições fazem o que o Inpa fazia anos atrás. “O Inpa precisa focar e manter-se integrado com os grandes projetos que tem de mudanças climáticas, que são muitos e extremamente importantes. Para isso, precisa ter mais pessoas trabalhando nessa área em contratação, porque é uma oportunidade que não pode perder”, ressaltou o diretor.
O membro do CTC, o professor da Universidade Federal do Acre (UFAC) Foster Brown, aproveitou a oportunidade para destacar o papel do Inpa com relação aos desafios que a Amazônia enfrentará nos próximos 50 anos, frente a uma série de mudanças tecnológicas, populacional, clima e outros fatores. “O Inpa é a instituição para lidar com isso na escala regional, por suas competências e natureza”, destacou.
Brown lembra que o Inpa e outras instituições precisam começar a pensar no futuro de maneira realista. A ciência elabora as tendências, projeta essas tendências no futuro e se pode ver o mundo bastante diferente hoje do que se teve no passado. “O Inpa tem a oportunidade e responsabilidade para preparar a sociedade para essas mudanças que estão no caminho e precisa começar ontem”, reforçou.
Mudança climática é um e por si só um grande desafio, segundo o professor e pesquisador da UFAC. Mas a Amazônia continua com problemas de desmatamento e de grandes queimadas afetando a qualidade de ar na região. Também enfrenta mudanças nos sistemas de transporte e suas implicações para ocupação da Amazônia e a tendência de intensificar no futuro as relações com outros países.
“Perante uma série de coisas que estão se intensificando, quais são as informações que nós precisamos acompanhar para entender. O Inpa tem papel fundamental, tanto na área biofísica, mas também socioeconômica, afinal de contas é da Amazônia”, enfatiza Brawn, que se diz feliz de participar do CTC e de poder ajudar no processo.
Ciência básica
Além da apresentação sucinta do relatório do Termo de Compromisso de Gestão (TCG) de 2017 e pactuação do TCG 2018, as coordenações gerais do Inpa fizeram um balanço de metas alcançadas na atual gestão. Na produção de ciência básica, o Inpa apresentou algumas quedas no índice, dada a própria política do governo de recuar com os editais e chamadas públicas e a menor quantidade de recursos humanos disponíveis. Nas instituições de pesquisas públicas do Brasil, são as fontes externas oriundas, por exemplo, do CNPq, Capes, Finep, FAPs e convênios internacionais que de fato mantém a produção científica.
“O diagnóstico apresentado tem vários aspectos preocupantes, mas é bom saber que sobrevivemos talvez ao que parece ao pior momento da crise. Agora, precisamos pensar, por exemplo, para onde queremos andar e como nos inserimos na política nacional da pós-graduação, que é o nosso motor de produtividade”, disse o pesquisador do Inpa e membro do CTC Jansen Zuanon.
Para o reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Emmanuel Tourinho, todos os que fazem o instituto estão de parabéns, entre outros motivos por serem eficientes na superação das dificuldades que se vive de financiamento da ciência. “Os dados apresentados mostram que o instituto, apesar da conjuntura adversa, vem mantendo as atividades e conseguindo avanços importantes na produção e transferência de conhecimento para as comunidades da Amazônia”.
Tourinho também trouxe para a reunião a preocupação com o desinvestimento na pesquisa básica no Brasil e a pressão que se tem para desenvolver inovação, embora seja muito importante também. A Amazônia é conhecida pela riqueza da sua biodiversidade, mas ainda não é conhecida, e quem isso é a ciência básica. “Temos de cobrar políticas públicas das autoridades para que pensem o país do ponto de vista estratégico, que compreendam a importância que ciência e educação têm para construir uma nação soberana e capaz de enfrentar grandes desafios”.
Gestão
O Inpa possui 561 servidores, dos quais 158 são pesquisadores. O quadro é 40% do máximo que o instituto já teve, situação semelhante a de outros institutos brasileiros. Além disso, cerca de 40% dos servidores estão em abono permanência, encontram as condições legais necessárias para se aposentar. Todos os anos o Inpa prepara uma série de documentos e leva ao Ministério a necessidade de contratação de pessoal, mas ainda não há previsão de concurso público.
“Meu conselho: não insistam no argumento de aposentadorias. Todo mundo usa isso e isso não causa nenhum efeito. O que temos feito é demonstrar nos projetos que para executar coisa tal, precisa-se de tal especialista e especificar em detalhes”, orientou o pesquisador e diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTIC) Ricardo Galvão.
A coordenadora de Administração do Inpa informou que aos R$ 25,5 milhões de orçamento, somaram-se outros R$ 10 milhões liberados recentemente. O recurso é usado principalmente para pagar os contratos e serviços do Instituto. “Estamos na expectativa da liberação de mais R$ 6 milhões”, conta Cristiane Okawa.
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