Inpa expõe produtos e resultados de pesquisas na Feira de Produção Familiar na Ufam
Durante dois dias, os visitantes puderam comprar alimentos diretamente do produtor e conhecer os trabalhos que o Inpa vem desenvolvendo em seus laboratórios e em parceria com as comunidades
Por Luciete Pedrosa
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), por meio da Coordenação de Tecnologia Social (COTS), participa da AgroUfam: Feira de Produção Familiar, que acontece nas dependências da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com trabalhos científicos desenvolvidos pelo instituto. Dentre eles estão a utilização da madeira da pupunha em arco para violino, as tecnologias verdes para a construção sustentável como o tijolo vegetal (à base de ouriço e casca da castanha-da-amazônia (Bertholletia excelsa H.B.K), caroço de tucumã (Astrocaryum acaule Mart.) e de coco (Coccus nucifera L.), a chapa de folhas para forros e divisórias, além das pesquisas desenvolvidas na Estação Experimental de Olericultura (hortaliças) e diversas publicações editadas pelo Inpa.
Durante dois dias, agricultores familiares comercializaram diretamente ao consumidor, - a maioria da própria comunidade universitária - hortaliças, frutas e laticínios sem ou com reduzida utilização de agrotóxicos. A proposta de tornar a feira uma atividade permanente na universidade será discutida em reunião ainda nesta sexta-feira (24), quando termina a AgroUfam.
O agricultor Antônio Chagas da Silva, do município de Rio Preto da Eva (a 80 quilômetros de Manaus), levou para a feira cerca de seis quilos de tucumãin natura,de mudas selecionadaspelo Inpa. “Estes são os melhores tucumãs produzidos na região”, garante o produtor rural.
Silva tem cerca de 2 mil pés monitorados pelo Inpa, há 8 anos, e só agora os frutos estão sendo colhidos. A pesquisa está sendo conduzida pelo pesquisador Johannes Van Leeuwen,do Grupo de Pesquisas Sistemas Agroflorestais para a Amazônia,da Coordenação de Tecnologia e Inovação (COTI). Este é o primeiro plantio experimental de maior envergadura no Amazonas, tendo em vista o melhoramento da espécie quanto ao sabor, alto teor de polpa e ausência de fibrosidade.
Para o técnico da (COTS/ Inpa), Marcel Leão, esta é uma oportunidade que os visitantes têm de conhecer trabalhos que o Inpa vem desenvolvendo em seus laboratórios e em parceria com as comunidades. “É uma oportunidade de conhecer, principalmente, as tecnologias sociais, as técnicas de manejo para pequenos agricultores, além dos trabalhos científicos levados pela Editora do Inpa”, disse o técnico.
O Grupo de Pesquisas com Abelha (GPA) está expondo o trabalho que vem realizando, desde 2002, com os ribeirinhos e diversas comunidades indígenas na reprodução das abelhas sem ferrão, utilizando-se de técnicas de manejo sustentável para fins comerciais e de conservação. Durante a feira, os visitantes podem conhecer como as abelhas da espécie jupará (Melipona interrupta) podem ser criadas de modo não-convencional, ou seja, em caixas moduladas padronizadas desenvolvidas pelo Inpa.
“Quando saímos de uma comunidade, deixamos o caboclo capacitado com todas as práticas de manejo que envolvem as abelhas, desde a sua transferência do tronco para as caixas moduladas até o envase do mel”, explicou Hélio Vilas Boas, técnico do GPA, ressaltando que nas comunidades ribeirinhas onde o grupo desenvolve trabalhos de pesquisa a realidade agora é outra. “Antes, era preciso derrubar árvores para a coleta do mel que continha resíduos inapropriados para o consumo e as abelhas eram deixadas ao relento. Hoje, o cenário mudou porque os criadores de abelhas utilizam as técnicas com manejo aprimorado”, completou Hélio.
O GPA realiza trabalhos junto a agricultores na área da meliponicultura desenvolvendo novas técnicas de manejo e o uso sustentável das abelhas, que é um polinizador importante na natureza, responsável pela fecundação das flores, nas comunidades do Ramal do Brasileiirinho, na zona Leste de Manaus; em Boa Vista do Ramos; em Parintins; em Tabatinga e em Benjamim Constant. Também realiza trabalhos nas comunidades indígenas dos Mura (em Autazes); dos Saterê-Maué (em Barreirinha e Maués); dos Baniwas (em São Gabriel da Cachoeira) e Deni (em Itamarati), dentre outras etnias.
Solução cravo-da-índia e Terceiro Setor
“Uma coisa simples e acessível a todos e que pode ajudar a combater o mosquito da dengue”. Assim se referiu o técnico-colaborador do Laboratório de Malária e Dengue, da Coordenação de Sociedade, Ambiente e Saúde (CSAS/ Inpa), Márcio Oliveira, ao inseticida natural à base do cravo da Índia para combater as larvas do mosquito transmissor da dengue (Aedes Aegypti). O experimento que foi desenvolvido pela pesquisadora Eunice da Silva Medeiros é capaz de acabar com as larvas da dengue em 24 horas. O segredo está no eugenol, substância encontrada no cravo-da-índia.
A solução do cravo da Índia pode ser usada nos reservatórios de água, como os pratinhos de vasos de plantas. Para prepará-la são necessários 60 botões de cravo-da-índia e uma xícara e meia de água. Depois é só bater todos os ingredientes no liquidificador, armazenar em frasco plástico e guardar na geladeira por até um ano. Veja a receita aqui.
Também participa da AgroUfam, a Amazônia Socioambiental, uma das empresas incubadas pelo Inpa, especializada no Terceiro Setor e que vai assessorar as associações e cooperativas a atingir novos mercados e melhorar seu serviços e produtos. “A empresa faz a ligação da tecnologia social que é produzida no Inpa com as necessidades do público-alvo para o qual essas tecnologias foram criadas”, declarou o diretor-executivo da Amazônia Socioambiental, Diego Brandão.
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