Inpa e Ufam aproximam compradores e organizações da agricultura familiar
No Seminário Regional de Comercialização dos Produtos da Agricultura Familiar - Norte serão apresentadas experiências, demandas e ofertas da produção e comercialização da agricultura familiar, incluindo os alimentos orgânicos e dos sistemas agroecológicos
Da Redação – Ascom Inpa
Fotos: Karen Canto e Luciete Pedrosa - Ascom Inpa
Responsável principal pela comida que vai para a mesa do brasileiro, a agricultura familiar responde por cerca de 70% do alimento produzido no Brasil. Para fortalecer a comercialização dos produtos da agricultura familiar no Amazonas, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em parceria com o movimento SlowFood, realizarão um seminário nos dias 02 e 03 de maio, das 8h30 às 18h, no Auditório Sumaúma da Faculdade de Ciências Agrárias da Ufam.
A proposta do “Seminário Regional de Comercialização dos Produtos da Agricultura Familiar - Norte” é estabelecer o diálogo entre os potenciais compradores - empresários de restaurantes alternativos (veganos, vegetarianos, orgânicos), empórios e órgãos governamentais - e organizações da agricultura familiar que vivem e produzem alimentos bons (saudável e prazeroso), limpos (produzido com baixo impacto ambiental e respeitando o bem-estar animal) e justos (respeito ao trabalho de quem produz, processa e distribui os alimentos), criando um contato de comercialização no estado. Veja a programação.
O evento é gratuito e as inscrições podem ser feitas pelo endereço. O segundo dia do seminário (quinta-feira) ocorrerá paralelo à feira AgroUfam, promovida pelo Núcleo de Socioeconomia da Ufam (Nusec), apoiador do seminário.
No evento serão realizadas mesas-redondas, ocasião em que os atores apresentarão experiências, demandas e ofertas da produção e da comercialização de alimentos, principalmente orgânicos e agroecológicos. Na tarde do dia 03, durante duas horas, haverá uma sessão de negócios comanda pelo Sebrae-AM, que vai elaborar uma lista de oferta (produção dos agricultores participantes) e procura (demanda de alimentos de organizações e empresários).
Nos intervalos das atividades, os participantes poderão degustar receitas gastronômicas que utilizam frutas nativas e plantas alimentícias não convencionais (Pancs) limpas – sem agrotóxicos – e minimamente processadas, em oposição à indústria do alimento e marcando movimento de resgate da cultura alimentar sem fechar os olhos para a modernidade. Uma das receitas de sucesso é o tucupi à base da fruta cubiu, que possui gosto ácido e muito parecido com o do tucupi de mandioca.
O seminário faz parte do projeto “Alimentos bons, limpos e justos: ampliando a qualificação da participação da Agricultura Familiar brasileira no movimento SlowFood”, coordenado na região Norte pela pesquisadora do Inpa, a nutricionista Dionísia Nagahama. O projeto é coordenado nacionalmente pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com o Slow Food e apoio pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário do Governo Federal. Para Nagahama, o seminário vem ao encontro do principal desafio enfrentado pela agricultura familiar, o acesso aos mercados consumidores. “Nós temos os dois lados da ponta: quem produz e quem quer comprar, mas no meio do caminho há uma grande lacuna, sendo que há muitos atores e organizações que querem diminuir esta distância”, destacou a pesquisadora.
Iniciativas
Para fazer essa conexão e atender a um novo perfil deconsumidor que está interessado em alimento livre de agrotóxico e advindo de princípios da agroecologia e do comércio justo e solidário, o Seminário trará em seis mesas-redondas específicas e uma sessão de negócios iniciativas nessa área. São organizações, microempresários e pequenos empresários e agentes públicos que desenvolvem programas como as feiras da agricultura familiar e a regionalização da merenda escolar no Estado.
Na primeira mesa-redonda, no dia 02, das 9h15 às 10h30, serão apresentadas iniciativas das microempresas Na’kau Alimentos Amazônicos, Onisafra (aplicativo de compras), Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA) e Cesta Verde como alternativas para os agricultores comercializarem seus produtos.
A Na’kau Alimentos Amazônicos, do microempresário Arthur Coimbra, fabrica chocolate usando amêndoas do cacau nativo da Amazônia. O chocolate orgânico não tem aromatizantes, glúten, lactose e gordura trans e é vendido em quatro graduações de cacau: 54%, 63%, 72% e 81%.De quebra, ainda há uma valorização do produtor que estampa as embalagens das barras.
“Outros exemplos são a Cesta Verde e a Onisafra, que compram do agricultor e fazem a interlocução para vender como se fosse um cestinha. A cesta verde da CSA, por exemplo, você encontra na feirinha de orgânicos do Incra e tem até lista de espera”, contou Nagahama.
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