Inpa proporciona tarde de lazer e esclarecimento sobre tipos de câncer para servidores
Especialista relata que uma das grandes preocupações das mulheres é com relação ao câncer de colo de útero e de mama
Por Karen Canto (texto e foto) – Ascom Inpa
Quando se fala em qualidade de vida é necessário falar em prevenção. Assim, informações referentes ao diagnóstico e prevenção dos tipos mais comuns de câncer que atingem homens e mulheres foram tema central da campanha Novembro Azul e Rosa. O intuito é que o servidor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) tenha consciência da importância da prevenção.
No evento realizado pela Comissão do Programa Qualidade de Vida do Inpa, na tarde da última quarta-feira (29), teve espaço ainda para serviços de massoterapia, aferição de pressão, medição de bioimpedância, cuidados com a beleza, sorteio de brindes para os servidores e coffee break.
Estiveram presentes servidores, pesquisadores e o diretor do Instituto, o pesquisador Luiz Renato de França. Também esteve presente a ginecologista e obstetra Cristiane Pacheco, que trouxe esclarecimentos sobre o câncer de mama e do câncer do colo de útero.
“O Inpa quer que o servidor se previna, tenha mais qualidade de vida e que ele realmente se sinta bem aqui no ambiente de trabalho. A prevenção é o melhor caminho”, ressalta a coordenadora de Gestão de Pessoas doInpa, Carolina Maia.
A médica especialista convidada destaca que uma das grandes preocupações das mulheres é com relação a esses dois tipos de câncer, daí a necessidade de fazer um apanhando para explicar ao público, principalmente às mulheres. “Trata-se de um câncer comportamental e que pode ser prevenido através de exames periódicos”, lembra.
Pacheco ressalta que um marcador característico geneticamente do câncer de mama, por exemplo, é o histórico familiar da mulher. “Aquela mulher em que a mãe, irmã, tias já tiveram câncer de mama, as chances de desenvolver a doença são de 50%”, diz. Entretanto, a ginecologista alerta para outros fatores tão importantes quanto. “Digamos se essa mesma mulher fume, então as chances sobem para mais 20%; aí essa mulher engravidou apenas uma vez ou nunca engravidou, nunca amamentou (o que seria um fator de prevenção) e ainda tomou estrogênio ou anabolizante, essa mulher vai ter 90% de chances de ter câncer de mama”, alerta.
Segundo a profissional, é por isso que hoje mulheres que apresentam um forte histórico familiar estão fazendo os marcadores tumorais, o BRCA1 e BRCA2, que são marcadores genéticos de predisposição ao câncer de mama. “Quando isso ocorre, muitas mulheres realizam a mastectomia, porque nesses casos já é comprovado que ela terá 80% de chances”, afirma.
HPV
Durante a palestra, a especialista mencionou também que o HPV (do inglês Human Papiloma Virus) se apresenta de diferentes formas. Uma delas é quando ele está incubado no organismo e pode levar anos. “Há casos onde uma mulher pode ter tido um namorado passado, se infectado com o HPV. Passam-se três anos, já está namorando uma outra pessoa e ela começa a apresentar os sintomas. Vamos pesquisar e o atual parceiro não tem. Foi esse parceiro de três anos atrás”, diz a médica ao acrescentar que sempre que surgem questões que mexem com a sexualidade são extremante melindrosas. “A primeira coisa que a pessoa pensa é que o outro foi infiel, e não é. Tem esse período aí de lacuna que a gente não tem como precisar quando houve a infecção”, pontua.
As outras duas formas que o HPV se apresenta são a lesão subclínica, que é essa que a gente ver só com exames ou com a colposcopia, que são os exames mais minuciosos e a lesão clínica, que é quando se vê propriamente a lesão.
Barreira
Um dado alarmante ainda que a médica traz é sobre a existente barreira em não fazer da saúde a prioridade principal. Nesses casos, ela relata que a questão cultural em relação a muitos pudores com o próprio corpo ainda é muito forte. “É muito comum encontrarmos mulheres, já adultas, que não conhecem o próprio corpo; acham que a vagina é um buraco sem fim; não sabem onde fica o colo do útero; não sabem os lugares da própria vagina em que sentem mais prazer, o que acarreta problemas com a sexualidade”, diz.
Para a médica, essas barreiras se baseiam em duas coisas: na falta de conhecimento do que é de fato o câncer que ela possa se prevenir e na questão cultural dos pudores. “Da vergonha em ir lá e abrir as pernas. Elas acabam não gostando muito dessa situação, mas é importante”, afirma ao ressaltar que o diagnóstico precoce do câncer aumenta as chances de cura significativamente.
Saúde do homem
Se aspectos da saúde já apresentam um quadro complicado para nós mulheres, em se tratando dos homens a situação é ainda mais crítica. A médica revela que a grande maioria dos homens acaba indo ao médico por tabela. “Às vezes estão sentindo alguma dor, um incômodo no pênis, e pedem à mulher que vá ao ginecologista para ver se está tudo bem com ela, ao invés dele ir ao urologista”, diz.
Um dos motivos, segundo a ginecologista obstetra, tem a ver ainda com a aversão ao exame do toque e a certos estereótipos preconceituosos. “Tem muito homem que acha que isso irá comprometer sua masculinidade ou sexualidade. Existem aqueles que defendem que homens não adoecem”, afirma. “A mulher acaba sendo mais suscetível em ir ao médico, mas o homem não”, alerta.
Para a especialista, a iniciativa do Inpa em proporcionar uma tarde de conscientização aos servidores é uma forma de facilitar e de pular barreiras, é o acesso fácil, direto e esclarecedor. “Eu poderia estar dando essa palestra lá na unidade de saúde, mas aí o servidor do Inpa estaria trabalhando, e sendo na área de saúde e ele trabalhando em outra área, não teria porquê ele ir”, diz.
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