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Simpósio do Inpa discute reprodução de peixes e impactos da hidrelétrica de Belo Monte

  • Publicado: Segunda, 13 de Novembro de 2017, 19h57
  • Última atualização em Segunda, 13 de Novembro de 2017, 20h50

O II Simpósio de Biologia e Pesca em Água Doce segue até sexta-feira. Para esta terça-feira estão previstas seis palestras, entre elas Peixes da Amazônia: desafios ambientais, Potencial Impacto de novas hidrelétricas andinas sobre o ecossistema fluvial amazônico, Golfinhos da Amazônia e Ictiofauna amazônica: diversidade e descobertas

 

Da Redação – Ascom Inpa

Fotos: Cimone Barros – Ascom Inpa

 

Técnicas que utilizam células-tronco germinativas para preservação de animal em risco de extinção, incluindo peixes, e impactos da hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu (PA) são alguns dos temas discutidos no primeiro dia do II Simpósio de Biologia e Pesca em Água Doce, nesta segunda-feira (13). Promovido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), o evento segue até sexta-feira (17) no instituto com palestras e minicursos.

A palestra de abertura sobre Espermatogênese e transplante de espermatogônias tronco em peixes foi proferida pelo diretor do Inpa Luiz Renato de França, que é professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde desenvolve pesquisas sobre reprodução animal, indo de peixes até os mamíferos, incluindo o homem.  França deu uma visão geral da técnica e das possibilidades de transplante com células germinativas em mamíferos e peixes.

“Essa técnica é uma ferramenta muito valiosa para diversos objetivos e cada pesquisador vai desenvolver o seu de acordo com sua necessidade, como preservação de animal em perigo de extinção, reprodução de animais que não se reproduzem em cativeiro, produção de animais com o objetivo de melhorar zootécnica e geneticamente, entendimento de mecanismos e muitos outros”, conta França, que aproveitou a oportunidade para divulgar o 11° Simpósio Internacional de Fisiologia da Reprodução de Peixes, que acontecerá em Manaus de 03 a 08 de junho de 2018. Mais informações no endereço http://isrpf2018.com.br/pt/home/.

 

II Simposio Badpi Foto Cimone Barros INPA 60

 

Em peixes, as pesquisas apresentam-se com enorme potencial econômico da piscicultura no mercado mundial de alimentos, a exemplo dos estudos desenvolvidos no Japão para produção de atum, na República Tcheca para esturjão e na França com a truta. Na UFMG já são realizados estudos com o pirarucu, espécie que demora a se reproduzir. Em cativeiro, o peixe leva de quatro a cinco anos.

Nativo da Amazônia e um dos maiores peixes de água doce do mundo, o pirarucu, segundo França, é uma espécie que não se reproduz em condição laboratorial de cativeiro ou a reprodução não é boa, além disso, a espécie tem apenas uma gônoda (órgão onde são produzidas as células sexuais, os gametas, necessária para a reprodução), tem poucos alevinos e a viabilidade das larvas é pequena.

O pirarucu tem atraído o interesse dos piscicultores pelo seu grande porte, que pode chegar a três metros de comprimento e atingir 200 quilos, possuir carne branca, magra, saborosa e permitir cortes sem espinhas de excelente qualidade.

“Então, o que estamos tentando fazer é criar um mecanismo para no futuro o pirarucu possa se reproduzir em outras condições e também melhorá-lo geneticamente. Para isso, estamos utilizando a tilápia como peixe-receptor como se fosse uma ‘barriga de aluguel’”, explica França, lembrando que a tilápia é um peixe resistente, de rápido crescimento e não sazonal, considerado um “modelo perfeito” para pesquisas laboratoriais.

Até a sexta-feira o Simpósio receberá cerca de 40 palestrantes de várias áreas, entre estudantes e egressos da pós-graduação, pesquisadores e professores do Inpa e de outras instituições ligados ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas Biologia de Água Doce e Pesca Interior (Badpi). Para esta terça-feira estão programadas palestras como Peixes da Amazônia: desafios ambientais (Dr. Adalberto Val/Inpa), Potencial Impacto de novas hidrelétricas andinas sobre o ecossistema fluvial amazônico (Dr. Bruce Forsberg/ Inpa) e golfinhos da Amazônia (Marcele do Valle/ Ampa).

 

II Simposio Badpi Foto Cimone Barros INPA 11

 

De acordo com a organização do evento, o Simpósio é uma oportunidade de divulgação de pesquisas e de integração entre professores e estudantes da pós-graduação (mestrado e doutorado) e da graduação, que serão os futuros alunos do curso. O evento acontece a cada dois anos.

“Esse é um espaço de temas variados, indo desde as cinco linhas de pesquisa do Badpi, como biologia, ecologia e conservação de peixes e distribuição e conservação da biodiversidade, até o papel da mulher na ciência e a depressão na pós-graduação”, explicou a pesquisadora do Inpa e uma das organizadoras do evento, Cláudia de Deus.

Hidrelétrica no rio Xingu

A estudante de doutorado do Badpi Alany Gonçalves falou sobre a Hidrelétrica no rio Xingu: o que perdemos com Belo Monte?. Segundo a bióloga, a construção da hidrelétrica com o desvio do leito do rio provocou sérios impactos ao ambiente e a população, como perdas com relação aos peixes, outros organismos aquático e terrestre – ariranhas e lontras estão se afastando da região e o gavião-real está perdendo seu habitat –, e aumento da violência na região.

Das 24 turbinas previstas, dez estão em operação e o restante está previsto para começar a funcionar até 2019. “Houve um grande índice de desmatamento e isso acabou retirando o habitat de diversas espécies. E essas mudanças que vão ocorrer no ambiente aquático também estarão impactando uma série de espécies que são endêmicas do xingu, que ocorrem somente lá”, conta Gonçalves.

II Simposio de Biologia e Àgua Doce Foto Cimone Barros INPA 8

 

No rio Xingu, região de muitas cachoeiras, a estimativa é que existam mais de 460 espécies de peixes, sendo 50 endêmicas do Xingu. Dentre essas, há um conjunto de espécies que ocorre somente na região de Volta Grande, onde a hidrelétrica é construída. “E são peixes que têm uma dependência muito grande de substrato, da qualidade da água e de onde estão vivendo”, conta a doutoranda.

Conforme Gonçalves, as mudanças no leito do rio geram um impacto significativo sobre várias espécies, com algumas correndo o risco de desaparecer como é o caso do acari-zebra (Zebra), que está na lista oficial de espécies ameaçadas do Brasil, sendo um peixe ornamental com alto valor de mercado pela sua raridade e beleza.

“Essa região em especial a da Volta Grande, onde é construída a hidrelétrica e onde tem essa quantidade de espécies endêmicas elevada, a previsão é que ela fique apenas com 20% do volume de água original. Então será se esse volume reduzido de água com todas as mudanças que acabará ocorrendo com o aumento da temperatura da água, variações na qualidade de água vai suportar as espécies que habitam esses ambientes?”, questiona.

 

II Simposio Badpi Foto Cimone Barros INPA 16

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