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Workshop no Inpa discute criação de nova geração de pesquisadores para trabalhar na Torre Atto

  • Publicado: Quinta, 05 de Outubro de 2017, 19h55
  • Última atualização em Quinta, 05 de Outubro de 2017, 20h07

“Temos de criar um sistema viável para formar novas pesquisadores e atraí-los para o experimento”, diz o coordenador do projeto Atto pelo lado brasileiro, o pesquisador do Inpa Carlos Alberto Quesada

Texto e foto Luciete Pedrosa – Ascom Inpa

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Criar nova geração de pesquisadores para trabalhar na Torre Atto. Esta é uma das metas que foi discutida durante o workshop de integração do projeto Atto, realizado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) e encerrado nesta quinta-feira (5). A ideia é tentar atrair bolsas para os programas de pós-graduação voltados para pesquisas relacionadas com a torre.

O workshop reuniu durante dois dias, no Auditório da Ciência, cerca de 50 pesquisadores de diferentes nacionalidades que mostraram seus trabalhos em diversas linhas de pesquisa e discutiram a integração do projeto Atto. O objetivo do workshop foi aumentar a relação entre Brasil e Alemanha e melhorar a colaboração científica do projeto.

Para o diretor do Inpa, Luiz Renato de França, desde a inauguração da torre, em 2015, já se planejava realizar este workshop de integração que, segundo ele, pode ser classificado como a largada efetiva para os trabalhos operacionais da torre. “A partir de agora, poderemos ver o que pode ser feito e de forma real para no futuro termos pela primeira vez, com os resultados conseguidos na Amazônia, parâmetros concretos”, disse.    

Segundo o novo coordenador do projeto Atto pelo lado brasileiro, o pesquisador do Inpa Carlos Alberto Quesada, é preciso fazer um programa de treinamento e educação com o objetivo de criar uma nova geração de pesquisadores. “Hoje, no Inpa, não temos pesquisador que trabalhe na área específica do projeto Atto”, destaca Quesada.

Para ele, com a atração de bolsas para os programas de pós-graduação os alunos serão ser orientados pelo lado alemão e pelo lado brasileiro. “Isso deverá fortalecer as colaborações científicas verdadeiras entre Brasil e Alemanha e criar uma nova geração que possa garantir o futuro da Torre Atto e o futuro dessa área de conhecimento no Brasil”, diz o coordenador.

Na opinião de Quesada, foi feito um investimento multimilionário numa torre que foi projetada para realizar estudos durante 20 anos, mas que agora é preciso começar a se preocupar com quem vai tomar conta do  projeto. “Temos de criar um sistema viável para formar novas pesquisadores e atraí-los para o experimento”, diz o pesquisador ao comentar que a torre de 325 metros agora já está completa.

Equipamentos

O Observatório de Torre Alta da Amazônia (Atto, na sigla em inglês) é a maior torre de estudos climáticos do mundo. Está equipado com a aparelhos para mensuração de diversos gases de efeito estufa, gases traço reativos e aerossóis, assim como dados micrometeorológicos. A infraestrutura da torre é composta por mais duas torres de 80 metros, que, desde 2012, fazem medições de aerossóis e dos parâmetros do tempo, como temperatura, vento e radiação solar em alta resolução.

Quesada explica que a essência da Atto é o estudo das interações da floresta com a atmosfera. Pesquisadores de diferentes nacionalidades estão interessados em saber como ocorre a interação da floresta amazônica intacta  com o clima e o ciclo da água ; qual é a função da floresta amazônica nos ciclos globais de gases de efeito estufa como do dióxido de carbono (CO2), gás metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O); como orgânicos voláteis emitidos pela vegetação e pelos solos afetam a química atmosférica e a formação de aerossóis e nuvens.

“A Torre está num lugar remoto, numa atmosfera limpa e protegida, excelente para o monitoramento contínuo de gases de efeito estufa. É como se fosse um novo laboratório que está abrindo uma janela para um novo mundo de medições contínuas”, diz o coordenador do projeto Atto.

Investimentos

Quanto aos investimentos, Quesada explica que o projeto é um investimento bilateral entre Brasil-Alemanha onde cada país contribuiu com uma quantia em torno de R$ 11 milhões. Desse montante, o lado brasileiro ainda tem cerca de R$ 6 milhões e o lado alemão também cerca de R$ 6 milhões. “Os recursos do Brasil e da Alemanha garantem pelo menos mais três anos para manutenção do sítio”. 

De acordo com o coordenador do projeto no Brasil, não existe um financiamento conjunto para o lado brasileiro, o que precisa ser melhor trabalhado de agora em diante. “A saída é a criação de chamadas públicas específicas para a Atto para financiamento de pesquisas pelo lado brasileiro”, diz . 

Para a coordenadora do projeto Atto pelo lado alemão, Susam Trumbore, é preciso ter uma equipe com pesquisadores de diferentes países que tenham conhecimento em diferentes áreas como física, química, biologia para interpretar os resultados do projeto Atto e integrá-los numa visão do papel da Amazônia no clima global e como se adaptar às mudanças climáticas. “A Atto é um projeto de longo prazo e precisamos entender essas mudanças e o que o significa a floresta para o futuro”, diz.

Sobre a Torre Atto

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Com 325 metros de altura a torre está localizada na maior floresta tropical contínua do planeta, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, a 150 quilômetros em linha reta de Manaus (AM), no município de São Sebastião do Uatumã. Instalada numa área livre de qualquer tipo de poluição, a torre vai monitorar o clima na região amazônica, por um período de 20 a 30 anos, a partir da coleta de dados sobre os processos de troca e transporte de gases entre a floresta e a atmosfera.

A floresta tropical da Amazônia é um dos ecossistemas mais sensíveis do planeta e possui uma enorme influência no ciclo da água, que desempenha um papel importante na estabilização do clima regional e global.    

Inaugurada em agosto de 2015, é um consórcio entre o governo brasileiro e alemão, executado pelo Inpa, Unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC); o Instituto Max Planck de Química e o de Biogeoquímica; e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

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