Instituições e movimentos sociais debatem no Inpa caminhos para a Amazônia até 2030
Amazon Day conseguiu engajar diversas instituições, comunidade indígena, Exército, indústria, comunidade científica, para gerar documento sobre a Amazônia que se quer nos próximos anos
Da Redação – Ascom Inpa
Foto: Luciete Pedrosa - Ascom Inpa
Movimento de mulheres indígenas, Exército, organizações não-governamentais, representantes do governo estadual e pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) estiveram reunidos na terça-feira (19), durante o Amazon Day (Dia da Amazônia), juntamente com técnicos da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) para elaborarem a “Carta da Amazônia”. O documento reunirá as expectativas dos diferentes movimentos sociais dos caminhos que se quer para a Amazônia nos próximos anos até 2030, focando no desenvolvimento e respeitando o meio ambiente e os seres humanos.
Para o diretor do Inpa, o pesquisador Luiz Renato de França, o Instituto se transformou num hub (espaço colaborativo de trabalho) do Amazon Day, que resultou em discussões ricas e proveitosas. “Tivemos um engajamento de diversas instituições como a comunidade indígena, secretarias estaduais e a indústria e, certamente, vai gerar um documento importante para a Amazônia”, disse o diretor. “Isso mostra que o Inpa tem muito a contribuir para a Amazônia e que mais ações práticas saiam dessas discussões”, acrescentou.
Esta foi a segunda edição do Amazon Day, uma iniciativa da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (SDSN-Amazônia), organização ligada à Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) esecretariada pela FAS. O evento fez parte da programação da Conferência Internacional sobre o Desenvolvimento Sustentável para debater como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são alcançados nos países da bacia amazônica.
O evento foi retransmitido simultaneamente de Nova York para Manaus (AM) e Rio de Janeiro, no Brasil, e para alguns países da bacia amazônica como Iquitos e Moyobamba (Peru), Letícia (Colômbia) e Turrialba (Costa Rica).
A pesquisadora e coordenadora de Extensão do Inpa, Rita Mesquita, destacou durante o Amazon Day que o Instituto possui alternativas para muitos dos problemas da Amazônia. Para ela, o que não se está fazendo é integração de esforços para dar a escala que se precisa. “Quando falamos de desenvolvimento, esta deveria ser a primeira discussão que deveríamos nos aprofundar e nos perguntar: qual é o desenvolvimento que queremos para a Amazônia?”, instigou.
Na opinião da pesquisadora, é preciso mudar o entendimento do que é e o que significa ser e estar desenvolvido. “É necessário tomar cuidado para não nos tornarmos advogados de um modelo falido. Como cientistas, não podemos correr o risco de reproduzir um modelo que nos levou para onde estamos”, disse Mesquita. “E onde estamos? numa encruzilhada global, e é este modelo temos que rever”.
Para Mesquita, agora é o momento de reconstruir uma visão de desenvolvimento até 2030 para que o modelo saia da Amazônia para o mundo. “Aqui, no Inpa, todo dia é dia da Amazônia”, ressaltou a pesquisadora ao lembrar que a Amazônia não é a solução para os problemas do mundo e também não será a solução para os problemas do Brasil. “É preciso resolver primeiramente os problemas da Amazônia, e temos aqui as condições de iniciar este processo”, assegurou.
A pesquisadora destacou ainda que o Inpa possui pesquisas e projetos prontos, testados e premiados fora do país que poderiam se transformar em políticas públicas. Ela deu como exemplo as pesquisas de moradias sustentáveis com produtos oriundos da floresta (tijolo vegetal, paineis de cascas de frutas, o purificador que torna a água poluída em água potável para redução de doenças de veiculação hídrica), dentre outros estudos, que passam pela saúde, alimentação, agricultura, piscicultura.
Alinhamento
Para o superintendente técnico da FAS, Eduardo Taveira, o que foi mais surpreendente é que, apesar da diversidade de instituições, os temas foram bem alinhados. “Acredito que teremos um caminho bastante proveitoso para compartilhar experiências e desenvolver melhor as políticas públicas para a Amazônia”, disse Taveira ao acrescentar que, agora, o grande desafio do grupo, que participou neste primeiro momento da elaboração do documento, é transformar essa vontade e organizar as estratégias em ação e fazer com que as instituições voltem a conversar.
O debate foi mediado e pontuado pelo consultor da SDSN-Amazônia e líder do Grupo de Trabalho Agenda 2030, Carlos Aragon. O consultor é responsável pela formatação final da Carta da Amazônia, que será apresentada à Organização das Nações Unidas (ONU).
A representante da Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas, Rosemeire Vieira Teles, espera a partir do encaminhamento dessas discussões que até 2030 a sociedade supere o grande desafio da questão ambiental e da sustentabilidade dos povos que existem na Amazônia, especificamente, no Amazonas. “Sabemos que aqui temos um potencial enorme que pode ser usado em benefício da sociedade, basta fazer com que políticas públicas aconteçam de fato, seja por meio do governo ou das instituições”, disse.
Redes Sociais