“Depressão é uma doença que não estamos preparados para enfrentar”, dizem especialistas, no Inpa
A proposta foi debater não só as causas da depressão entre os estudantes, mas trazer possíveis soluções para promover uma rede de proteção para alunos que estão precisando de ajuda
Karen Canto (Texto e foto) – Ascom Inpa
Depressão não é frescura e nem falta de fé. É uma doença patológica que não estamos preparados para enfrentar. A afirmação foi da psicóloga Katherine Benevides, uma das convidadas da sexta edição da Roda de Conversa, evento que o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) promove mensalmente. O tema tratado foi sobre a depressão na pós-graduação.
Nesta edição, que aconteceu na última quarta-feira (13), o encontro contou com a presença de alunos, professores, psicólogos e membros da Comissão da Qualidade de Vida do Instituto. Também estiveram presentes a psicóloga da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Selma de Jesus Cobra, e a diretora do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) Dr. Afrânio Soares/Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), a psicóloga Luciana Oliveira Lopes.
A proposta foi debater não só as causas da depressão entre os estudantes, mas trazer possíveis soluções para promover uma rede de proteção para alunos que estão precisando de ajuda. Atualmente, o Inpa possui cerca de 500 estudantes de mestrado e doutorado em dez programas de pós-graduação. “Espaços coletivos como a Roda de Conversa para se discutir o assunto já é um começo”, disse Lopes.
Ela explica que como muitos alunos da pós-graduação do Inpa são de outras cidades e de outros estados, o aluno perde aquele suporte social familiar e de amigos, que são fatores projetivos que se têm a vida inteira, e de repente desfalece.
Para ela, mesmo soando um pouco capitalista, as pessoas valem pelo que produzem, quanto e como. “Não podemos fugir de pensar que a pós-graduação não entra nesse processo mercadológico da produção”, ressalta a psicóloga, ao acrescentar que o estudante valerá mais dependendo do número de artigos que publicará em determinada revista. “E tem que ser revista A1 ou A2, porque se o artigo for aceito na C, é sinal que não é tão bom assim”, diz.
No Brasil, utiliza-se como base classificatória da qualidade das publicações os periódicos listados no Qualis Capes. As classificações são: A1 (mais alto nível), A2, B1, B2, B2, B4, B5 e C (mais baixo nível).
Na opinião de Lopes, a iniciativa do Inpa em trazer ações como estas para momentos de diálogo, assim como de outras instituições brasileiras, é de suma importância. Ela comenta que o curso de medicina da Universidade Federal de São Paulo (USP) teve número recorde de suicídios entre os estudantes. Tal circunstância fez com que houvesse uma intervenção dentro da graduação.
Dados estatísticos de dez anos atrás afirmavam que a depressão seria a segunda doença não transmissível que mais traria mortalidade e mortandade entre as pessoas no ano de 2020.
Segundo a psicóloga, “Depressão: vamos conversar”, é o tema que a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) elegeu para este ano. “Por que só em falar a palavra depressão continua sendo uma espécie de tabu? Porque conscientemente ela leva a outra palavrinha que ninguém quer ouvir e que as pessoas morrem de medo: o suicídio”, finaliza.
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