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Segunda Roda de Conversa debate coleta e uso de animais em experimentos científicos

  • Publicado: Quarta, 19 de Abril de 2017, 10h28
  • Última atualização em Quarta, 19 de Abril de 2017, 11h08

De acordo com o pesquisador Mario Cohn-Haft, a coleta é usada em situações cada vez mais restritas, onde ainda é avaliada como necessária e onde não ameaça a continuada sobrevivência de populações da espécie

Por Karem Canto (texto e foto) – Ascom Inpa

Com um tema polêmico, a segunda Roda de Conversa do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) debateu sobre a coleta de animais na pesquisa. Realizado na última quarta-feira (13), o evento aconteceu na Sala de Estudos da Biblioteca e trouxe como pano de fundo a Lei Arouca, que regulamenta os procedimentos para o uso científico de animais.

Iniciativa da Coordenação de Extensão (Coext) do Inpa, sob a responsabilidade da pesquisadora Rita Mesquita, o debate foi conduzido pelo especialista em aves, o pesquisador do Inpa Mario Cohn-Haft, e pelo tecnologista da Instituição, o veterinário Leonardo Brandão Matos, membro da Comissão de Ética no Uso de Animais (Ceua/ Inpa). Além do diretor do Inpa, o pesquisador Luiz Renato de França, vários outros pesquisadores e estudantes da pós-graduação participaram da atividade.

Cohn-Haft pontuou algumas questões éticas e morais sobre coleta de animais. “Coletar um animal, para todo mundo entender, é matar o animal. Você pode coletar apenas um pedaço de uma planta; mas o animal coletado é abatido”, disse o pesquisador acrescentando que essas atividades têm fins científicos, mas são polêmicas. “Tem gente que acha que isso é totalmente errado”, completou.

Segundo o pesquisador, é importante entender que a coleta científica é uma atividade regida por leis e cuidadosamente controlada pelo governo, mas a temática toca na questão ética, na questão moral que é saber quem tem direito em decidir se um outro ser vivo morre ou vive. “Neste sentido, a discussão é análoga à do aborto, da eutanásia, da pena de morte, de matar por legítima defesa, ou de comer carne. Isso é muito pesado, tira as pessoas de sua zona de conforto e é quase impossível haver um consenso”, afirma ele.

 

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Para Cohn-Haft, essas questões são polêmicas, as pessoas têm opiniões diversas, mas o cientista tem de aprender a viver com o fato. “A sociedade concorda que a coleta científica tem seu lugar, e está claro que as coleções biológicas fazem uma contribuição muito importante ao conhecimento. Mas a coleta em si pesa para o cientista e faz ele sempre avaliar com muito cuidado a necessidade da atividade”, revela o pesquisador.

De acordo com Cohn-Haft, existem outros métodos não destrutivos de estudar várias questões que a coleta também aborda. “De fato, há alternativas para certas informações. Por exemplo, a presença de uma determinada espécie em um certo lugar pode ser documentada por fotos ou gravações, material genético pode ser colhido de uma amostra de sangue de um animal capturado que é depois solto, sexo determinado através de uma pequena cirurgia, e dieta usando lavagem estomacal”, conta.

O pesquisador explica que a coleta é usada em situações cada vez mais restritas, onde ainda é avaliada como necessária e onde não ameaça a continuada sobrevivência de populações da espécie.  “Todas essas técnicas alternativas também impõem riscos, e às vezes o animal morre depois, sem sabermos e sem preservar o exemplar como testemunho. A coleta é extremamente eficiente no aproveitamento da maior quantidade de informações de cada exemplar e também permite a comparação com espécimes coletados ao longo dos últimos séculos e preservados nas coleções biológicas”, completa.

Avaliação de projetos

A Lei 11.794, conhecida nacionalmente como Lei Arouca, entrou em vigor em 8 de outubro de 2008, e foi o ponto de partida para o tecnologista Leonardo Brandão:“Foquei a minha apresentação sobre o aspecto legal que envolve o uso de animais em procedimentos científicos”, disse Brandão.

Conforme Brandão, qualquer projeto a ser realizado e que envolva o uso de animais tem que passar por uma avaliação prévia do Comitê de Ética no Uso de Animais, que fará as observações necessárias para que se diminuam os sofrimentos causados aos animais durante todo o procedimento experimental.

A Ceua do Inpa é responsável pela avaliação de projetos desenvolvidos pelos pesquisadores da instituição quando se fizerem uso de animais. A maior parte dos projetos avaliados por este comitê está relacionada a animais convencionais de laboratório (pequenos roedores) e peixes. A criação e a utilização de animais (vertebrados) em atividades de ensino e pesquisa científica no Inpa devem obedecer aos critérios estabelecidos na Lei Arouca, além das resoluções do Conselho Nacional de Controle e Experimentação Animal (Concea).

Roda de Conversa

Os encontros da Roda de Conversa acontecem na segunda quarta-feira de cada mês, às 16h, na Sala de Estudos da Biblioteca do Inpa, situada no Campus I, bairro Petrópolis, Manaus (AM).

A Roda de Conversa possui um grupo de mobilizadores formado por Flavia Costa, Mateus Ferreira, Dionísia Nagahama, Flavia Delgado e Marcos Vinicius Simões. Ao término de cada encontro, será feito um resumo dos debates e o posterior compartilhamento para toda a comunidade.

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