Inpa implantará duas unidades demonstrativas na produção de alimentos
O projeto foi contemplado com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) equivalentes a R$ 3 milhões. A duração do projeto é de um ano com a possibilidade de renovação para mais um ano
Por Karem Canto – Ascom Inpa
Foto: Acervo - Luiz Augusto de Souza e Elizabeth Gusmão
Capacitar cerca de mil produtores e produzir dez novos títulos instrucionais. Estes são os compromissos do projeto “Implantação de Unidades Demonstrativas Agroflorestais na Amazônia”, a ser instalado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) e envolverá as áreas de piscicultura e em plantios agroflorestais e de agroecologia.
Grupos de Pesquisas em Aquicultura e em Agronomia do Inpa estão em processo de implantação do projeto, que será instalado em Manaus (AM) e no município de Benjamin Constant, distante a 1.121 quilômetros da capital.
O projeto foi contemplado com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) equivalentes a R$ 3 milhões. A primeira parcela, de quase R$ 2 milhões, foi liberada no final do ano passado. A duração do projeto é de um ano com a possibilidade de renovação por mais um ano.
Os recursos serão utilizados, entre outras coisas, para a produção de matérias instrucionais, tanto em forma de cartilhas, livros, vídeos e jogos, que favoreça o treinamento, a educação e a passagem do conhecimento.
A coordenação do projeto esta á cargo da doutora Denise Gutierrez, que também é coordenadora de Tecnologia Social do Inpa. Ela explica que na unidade demonstrativa de piscicultura, situada no Campus III do Instituto, no V8, o projeto compreende a revitalização de algumas estruturas da aquicultura para que haja a possibilidade de alcançar maior número de pessoas treinadas e capacitadas na área de produção de peixes.
“Teremos essa revitalização e um plano com calendário de capacitações e de visitas técnicas, onde estudantes e pequenos produtores poderão ser bem acomodados, e, de fato, terem a experiência das boas práticas na produção de peixe”, garante Gutierrez, acreditando que em fevereiro já comecem as atividades.
Aos pequenos piscicultores, a coordenadora explica que será oferecida a oportunidade de melhorar a capacidade técnica, dinamizar e contribuir para o aumento da produção. “O Amazonas importa peixe para a sua alimentação de outros estados, sobretudo de Rondônia e de Roraima. Temos, assim, uma demanda reprimida em termos de mercado”, destaca.
Já na área dos plantios agroflorestais, uma unidade será implantada em Benjamin Constant, município distante a 1.121 quilômetros de Manaus, que segundo a coordenadora, embora seja um local distante, existe uma alta demanda por capacitação técnica na agronomia.
Interação
O município de Benjamin Constant foi uma escolha do Grupo de Pesquisa em Agronomia, que já está trabalhando com agroecologia e com plantios agroflorestais naquela região. “Então, já existe uma história de interação com as comunidades locais, além da presença das universidades, que nos dão retaguarda em infraestrutura, hospedagem e acolhimento”, explica Gutierrez.
A coordenadora justifica que se todos os projetos do Inpa estiverem sendo desenvolvidos apenas no quintal de casa, não se cumpre a missão institucional, que é ser um instituto de pesquisas da Amazônia. “E à medida que se tem recurso para executar idas à campo e a mobilização de comunitários, as pesquisas vão junto”, diz.
Pela proposta do projeto, a ideia é utilizar parcerias locais e os próprios quintais dos produtores para os plantios, levar estudantes, fazer coletas e acompanhar os canteiros de implantação de culturas agroecológicas, todas de interesse de espécies amazônicas. “A meta é instalar essas unidades, esses campos demonstrativos, e dinamizar a visitação local para poder compartilhar o conhecimento produzido pelo Inpa”, diz.
Extensão
O projeto é interinstitucional e tem como parceiros a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e o Instituto Federal do Amazonas (Ifam). Segundo a coordenadora, o objetivo do projeto é ser, essencialmente, de extensão.
“Esse é o principal diferencial”, destaca Gutierrez para acrescentar que a maior parte dos projetos que se tem no Inpa é centrado apenas na pesquisa. “Esse, não. Temos a condição de fazer pesquisa aplicada em uma proposta que tem como objetivo central a extensão. É a disseminação de conhecimento junto à comunidade”, afirma.
A coordenadora explica que além dos parceiros, há também a participação do grupo de pesquisa multidisciplinar, o Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos Amazônico (Nerua), encabeçado pelo Dr. Hiroshi Noda, pesquisador aposentado do Inpa, mas que continua ativo, orientando alunos de mestrado e doutorado.
“É uma pessoa de referência para esse projeto, juntamente com os demais colegas da agronomia, dentre os quais citamos alguns: Danilo Fernandes da Silva Filho, Luiz Augusto Gomes de Souza e Rosalee Albuquerque Coelho Neto”, ressalta.
Para Gutierrez, o projeto é de extrema importância para o Instituto, mas é também uma conquista do Inpa e dos grupos de pesquisas envolvidos. “Todos se esforçaram para compor uma proposta que fosse abrangente e de impacto, que, além de produzir material de divulgação da ciência, também trará recursos que podem alavancar as atividades de interesse dos laboratórios”, conclui.
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