A fé é complemento da ciência, diz padre Paulo na 44ª Reunião do Geea no Inpa
“Por isso, a produção científica é importante o para o bem-estar, para a qualidade de vida e para a paz no planeta, mas também é ambivalente”, diz padre Paulo durante palestra do Geea
Da Redação – Ascom Inpa
A fé, embora seja um domínio da espiritualidade, não é contrária à ciência, é a favor dela. A fé é um complemento da ciência no aperfeiçoamento do ser humano. Este foi o foco da palestra do filósofo e padre Francisco Paulo Pinto, na manhã desta quara-feira (7) na 44ª Reunião do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (Geea) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC).
Autoridade no assunto, o vigário da Igreja Nossa Senhora de Lourdes (Parque 10), o padre Paulo é bacharel em Filosfia, Direito e Teologia e vigário judicial do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Manaus. Também é assessor jurídico da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Amazonas e professor de Direito Civil da Ufam e de História do Cristianismo no Centro de Estudos do Comportamento Humano (Cenesch).
Na palestra “Razão e Espiritualidade”, o padre Paulo falou sobre a importância da inteligência para que os seres humanos consigam resolver muitos problemas. “A inteligência e a razão produzem a ciência, e esta é importante para o ser humano, que é um ser inteligente”, diz o padre. “Por isso, a produção científica é importante o para o bem-estar, para a qualidade de vida e para a paz no planeta, mas também é ambivalente e pode ser usada para o bem ou para o mal”, acrescenta.
Para o padre, o ser humano tem uma natureza que provém de muito longe e os processos da inteligência não são capazes, por exemplo, de extirpar a maldade, a cobiça, a ganância e a inveja, só o processo civilizatório. “O processo civilizatório reduziu o pacote de maldade que existe dentro de nós e a religião interfere de maneira eficiente no processo de humanização”, diz.
“E no caso da espiritualidade, no sentido de que a religião ensina virtudes morais e espirituais, o aprendizado de virtudes morais e éticas ajudam o ser humano a ser mais transcedente”, diz o padre Paulo ao comentar que a religião é um olhar para a vida a partir de uma Metafísica (o que está além do mundo material). “A religião é a revelação do divino que não está no mundo”, destaca o padre.
Segundo o padre, a Razão pode ensinar o homem a diferenciar entre o bem e o mal (Filosofia), o justo e o injusto (Direito), o bem o mau (Ética), a ordem do caos (Ciências da Natureza). Também pode diferenciar entre o belo e o feio (Estética), a prosperidade da miséria (Economia) e entre o processo civilizatório e a babárie (História).
Para o diretor do Inpa, o pesquisador Luiz Renato de França, o ser humano é um ser completo e complexo, sendo que uma das coisas importantes para o ser humano é o autoconhecimento. “Quando se busca o autoconhecimento todos os aspectos inerentes à vida, como a razão, a espiritualidade e a metafísica estão presentes dentro de cada um”. diz. “É sempre bom discutir e ampliar o nosso universo, e a busca da verdade é inerente ao ser humano”.
Na opinião de um dos participantes da palestra, o técnico da Editora Inpa, o designer gráfico Tito Fernandes, o assunto tratado na reunião do Geea é relevante. “Essa interação entre razão e espirituralidade é importante para sair um pouco da racionalidade científica e entrar na questão da Metafísica”, diz. “O assunto leva ao entendimento de algo muito maior que a racionalidade e a metodologia científica não explicam, e esse não explicar está sujeito a questionamentos”, acrescenta.
Além do diretor do Inpa, a palestra contou com a presença do Arcebispo Metropolitano de Manaus Dom Sérgio Castriani, pesquisadores, professores de diversas instituições e demais interessadas no assunto.
Lançamento
Durante a reunião, foi lançado o Tomo IX do Caderno de Debates do Geea que traz os seguinte temas: Deficit de Soberania na Amazônia (pelo general doExército Theophilo Gaspar), Ética e Cidadania (pelo Arcebisbo Metropolitano de Manaus Dom Sérgio Castriani) e Violência Urbana (pela professora e socióloga da Fiocruz-RJ Maria Cecília Minayo).
“É a contribuição que o Geea deixa para a comunidadde acadêmica e para a sociedade. Estamos compartilhando com a sociedade brasileira e internacional assuntos pertinentes à Amazônia, ao Brasil e ao mundo”, diz o secretário-executivo do Geea, o pesquisador Geraldo Mendes.
O Geea é um grupo multidisciplinar de pessoas interessadas na Amazônia, no desenvolvimento sustentável da região e na promoção do ser humano. É formado por cientistas, professores, empresários, poetas, religiosos e gestores que se reúnem a cada dois meses para debater um tema previamente escolhido e apresentado por uma autoridade no assunto.
Redes Sociais