Pesquisa mostra utilização de modelo capaz de simular o clima urbano da cidade de Manaus
O estudo tem o objetivo de mapear a evolução de áreas urbanas, periurbanas e verdes da cidade de Manaus e simular o clima resultante dessa paisagem
Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa
Foto: Cimone Barros
A utilização de um modelo do clima urbano permite simular um ambiente tipicamente urbano bem próximo do real. Medições de variáveis climáticas, como temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do vento, precipitação e radiação solar fornecem elementos físicos suficientes sobre o impacto das edificações, asfaltos, áreas verdes na alteração do microclima da cidade de Manaus. Este foi o foco da pesquisa apresentada nesta quarta-feira (20), no V Congresso de Iniciação Científica (Conic), que acontece no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC).
O V Conic do Inpa teve início na última segunda-feira (18), no Auditório do Bosque da Ciência, e prossegue até sexta-feira (22). Ao todo, serão apresentados 196 trabalhos desenvolvidos pelos bolsistas e orientadores das diversas áreas de pesquisas do Inpa.
A pesquisa intitulada “Avaliação da habilidade do modelo WRF/UCM na simulação do clima urbano em Manaus” foi apresentada pelo bolsista de iniciação científica do Inpa/Fapeam e graduando de física da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Jorge Luiz Briceno, com a orientação do pesquisador Luiz Antonio Candido. O trabalho foi realizado no Laboratório de Modelagem Climática (LMC) do Inpa, dentro do Projeto Experimento de Grande Escala da Biofera-Atmosfera na Amazônia (LBA).
O estudo utilizou dados de duas estações meteorológicas da Rede de Mudanças Climáticas (Remclam) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), instalados em regiões de alta densidade residencial, uma situada na Policlínica da Faculdade de Odontologia da UEA, no bairro da Cachoeirinha, e outra, no Colégio Militar de Manaus, no centro da cidade. A simulação foi realizada no período de 15 a 30 de agosto de 2013 quando foram coletados dados para radiação solar, temperatura do ar, velocidade do vento, pressão e precipitação.
Para o pesquisador do Inpa e orientador do estudo, Luiz Candido, a aplicação de modelos físicos em áreas urbanas é fundamental para o desenvolvimento de estratégias mitigadoras do efeito da urbanização no clima local. Segundo Candido, no estudo, um modelo físico foi aplicado e avaliado quanto à sua habilidade de representar o clima na cidade de Manaus em um bairro de intensa urbanização.
“Este é um estudo de base para o desenvolvimento de cenários de mitigação do aquecimento urbano associado ao crescimento da cidade”, contou Candido, que é doutor em Meteorologia e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Clima e Ambiente (PPG-Cliamb/ Inpa-UEA).
O estudante explica que para o período simulado o modelo mostrou uma equiparação entre os valores de temperatura máxima e mínina dos dias estudados, assim como para a variação diária da umidade do ar. Os resultados mostram que o modelo tem habilidade de representar o clima da cidade de Manaus.
Segundo Briceno, eventos de altas temperaturas não só afetam a saúde humana através do estresse térmico, aumentam o consumo de energia elétrica com o maior uso de aparelhos de ar condicionado, que intensificam ainda mais o aquecimento na cidade. Segundo Briceno, Manaus tem contribuído para as diversas transformações ocorridas nos últimos anos em termos do avanço da urbanização na região central da Amazônia.
Para se ter ideia entre 1990 e 2010 houve uma mudança no desenvolvimento urbano da cidade, que registrou em 1990 uma população de 800 mil habitantes e em 2010 passou para cerca de 1,8 milhão, mais que dobrou o número de habitantes. Como resultado das alterações da superfície originou-se o fenômeno denominado “ilhas de calor”, característicos das grandes cidades, onde a temperatura da área urbana é cerca de 3ºC a 5oC maior que seu entorno. Este é um dos principais efeitos conhecidos de anomalia ambiental associada à intensificação da urbanização.
“Com as simulações realizadas pode-se esperar que no futuro próximo sejam fornecidos informações climáticas para vários pontos da cidade em zonas de grande ocupação urbana em comparação com zonas de áreas verdes”, explicou o estudante.
Briceno destaca a importante contribuição das simulações com o modelo de clima urbano pela habilidade em representar as variáveis locais. “Este tipo de estudo pode se tornar importante fonte de informação para os tomadores de decisão e gestores de políticas públicas sobre uso e ocupação do solo na cidade de Manaus. Por outro lado, é necessária a continuação de novas simulações para outros locais de Manaus para efetivar um mapeamento mais confiável no microclima da cidade”, ressalta.
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