Pesquisadores do Inpa debatem em workshop a cadeia produtiva do pirarucu na Amazônia
O objetivo é identificar os problemas e construir soluções, melhorando o desempenho e a competitividade da criação do pirarucu em cativeiro
Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa
Foto: Elizabeth Gusmão e Jeffson Nobre - Acervo
Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) participarão nesta quinta e sexta-feira (7 e 8) do Workshop Piscicultura: Cadeia Produtiva do Pirarucu na Amazônia. O evento acontece, em período integral, no Auditório Samaúma da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
O evento é promovido pela Secretaria Adjunta de Pesca e Aquicultura (Sepa) da Secretaria de Produção Rural do Amazonas (Sepror), em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e instituições parceiras. O objetivo é identificar os problemas e construir soluções, melhorando o desempenho e a competitividade da criação do pirarucu em cativeiro, dentro dos princípios da economicidade e sustentabilidade.
Durante dois dias, o evento reunirá os integrantes de todos os elos da cadeia produtiva da Região Norte, dentre eles, representantes de instituições públicas, privadas e de estudo, pesquisa e extensão a fim de transferir conhecimentos sobre Reprodução e Genética, Sistema de Produção, Nutrição, Sanidade e Biossegurança, Tecnologia Pós Colheita e Agregação de Valor, além de debater sobre a Comercialização e o Mercado.
Na manhã desta quinta (7), às 10h50, o pesquisador do Inpa Alexandre Honczaryk falará sobre as “Práticas de manejo para reprodução do pirarucu”. À tarde, às 16h, a pesquisadora Elizabeth Gusmão Affonso debaterá sobre “Nutrição e saúde do pirarucu sob condições laboratoriais e de cultivo”, e a pesquisadora Ligia Uribe mostrará o “Projeto Cigas: resultados iniciais em nutrição de larvas de pirarucu”, às 16h25.
Já na manhã de sexta-feira (8), às 10h, o pesquisador Rogério Souza de Jesus participará de uma mesa-redonda, na qual apresentará o tema “O potencial biotecnológico na cadeia produtiva local: a gestão dos recursos naturais” e, às 10h25h, o pesquisador Nilson de Carvalho falará sobre os “Avanços nas tecnologias para o aproveitamento integral do pirarucu”.
Produção competitiva
Para a pesquisadora do Inpa Elizabeth Gusmão, que falará sobre os últimos resultados dos estudos relacionados à nutrição do pirarucu, o maior custo para a produção da espécie é a ração produzida com a farinha de peixe. A proposta da pesquisa é substituir a farinha de peixe em até 30% pelo farelo de soja como alternativa de ingrediente para tornar a produção do pirarucu mais barata e competitiva no Amazonas.
Nos mercados e feiras de Manaus, a média de preço do quilo do filé de pirarucu é de R$ 25, enquanto o quilo de tambaqui roelo (peixe inteiro de até 4 kg), é de R$ 8. Segundo Gusmão, a produção de pirarucu de cativeiro no Amazonas ainda é incipinte. A maioria do pirarucu consumido pela população é oriunda de manejo no próprio Estado e das fazendas de criação de Rondônia.
“A farinha de peixe é o principal ingrediente dentro da ração e o insumo mais caro para a produção de peixe”, ressalta Gusmão. Ela explica que em razão do hábito carnívoro, o pirarucu requer altas concentrações de proteína, que é o principal nutriente da alimentação dessas espécies.
Segundo a pesquisadora, embora a soja não seja um produto regional, existem várias indústrias graneleiras no Amazonas que poderiam viabilizar a industrialização de ração com um custo inferior ao praticado hoje no mercado. “É extremamente importante, se pudermos substituir em até 30% o ingrediente mais caro dentro da ração na produção do pirarucu”, destaca Gusmão.
Reprodução artificial
Outro entrave para o desenvolvimento da cadeia do pirarucu é que ainda não se tem definida uma reprodução artificial da espécie, apesar de ter muitos estudiosos se debruçando sobre o assunto. Conforme a pesquisadora, a piscicultura precisa disso.
“Se ela não tem a semente, que é o alevino, como se vai produzir o peixe? Ninguém até hoje conseguiu fazer a reprodução artificial do pirarucu, porque é muito difícil. Ele é um peixe selvagem e de grande porte, que tem um comportamento reprodutivo complexo. Não se sabe como acontece o início da reprodução desse peixe, ao contrário do tambaqui que se tem muito e é barato em relação ao pirarucu”, conta Gusmão.
Para se ter ideia, o milheiro do tambaqui custa R$ 100, já o pirarucu é vendido por tamanho e não se compra a unidade por menos de R$ 10. Além disso, na alimentação do tambaqui são injetados 28% de proteína na ração e na ração do pirarucu são 45%.
Redes Sociais