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Inpa realiza cerimônia de premiação de royalty com entrega de cheque simbólico para Vetter

  • Publicado: Quinta, 09 de Junho de 2016, 11h59
  • Última atualização em Quinta, 09 de Junho de 2016, 12h14

Pesquisador Roland Vetter inventou uma tecnologia capaz de desinfectar águas contaminadas por germes de rios, lagos e igarapés, através da radiação ultravioleta tipo C, evitando as doenças ocasionadas pela ingestão de águas contaminadas

 

 

Por Cimone Barros (texto e foto) – Ascom Inpa

 

 

A invenção aliada à proteção do conhecimento começa a dar os primeiros frutos financeiros em forma de royalty a um pesquisador de uma instituição pública do Norte do país. Trata-se do alemão Roland Vetter, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), que desenvolveu o purificador de água (Água Box), que já foi instalado em 28 aldeias indígenas e comunidades ribeirinhas da Amazônia, além de Nampula, na África.

 

Em 2012, a tecnologia de desinfecção solar de água foi transferida para a empresa amazonense Q’Luz EcoEnergia, que aprimorou o aparelho, agora chamado de Ecolágua, passando a produzi-lo em escala. Como resultado da comercialização do produto, o pesquisador e a instituição começam a receber pela primeira vez o pagamento de royalties.

Conforme a Lei de Inovação (Lei nº 10.973/2004) e o Marco Legal de CT&I (Lei nº13.243/2016), Vetter receberá, a título de premiação pela sua invenção, um percentual variável entre 5% a 1/3 do royalty pago ao Inpa.

 

Para incentivar e motivar outros pesquisadores e estudantes de pós-graduação do Inpa a investirem na cultura da propriedade industrial, a Coordenação de Extensão Tecnológica e Inovação (Ceti/Inpa) realizou na tarde da última quarta-feira (09) uma cerimônia de premiação a Vetter com a entrega de um cheque simbólico. Na oportunidade, foram realizadas palestras sobre transferência de tecnologia.

 

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“Queremos mostrar que é possível ter receita extra inclusive no seu salário como premiação pela sua criatividade. A lei permite que se tenha esse ganho econômico. E nós estamos tratando como prêmio para o pesquisador e para o Instituto como forma de retroalimentar a pesquisa”, disse a coordenadora da Ceti, a tecnologista Noélia Falcão.

 

A ideia do purificador surgiu em 2005, após Vetter visitar os povos Deni e Kanamari, no rio Xeruã, afluente do rio Juruá (a dez dias de barco de Manaus-AM). O pesquisador ofereceu aos indígenas da aldeia Deni Morada Nova, sua então invenção, um secador de madeira movido à energia solar para que eles usassem para secar madeiras, folhas e até frutos e sementes. Eles agradeceram, mas o que lhes interessava de mais urgente era ter água potável. Naquele ano, 11 crianças morreram de diarréia.

 

O valor do pagamento dos royalties ainda é pequeno por depender de escala de comercialização. Para Vetter, mais importante que a quantia é o que isso representa. “Tem um empresário que está pagando e isso significa que o resultado da minha pesquisa está sendo muito bem reconhecido”, disse Vetter.

 

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Segundo o pesquisador, ele utilizará os recursos para reinvestir na pesquisa, mesmo tendo a liberdade de fazer o que quiser com o extra que receberá. “Eu vou usar nas minhas pesquisas. Muitas vezes, os equipamentos quebram e necessitam de consertos imediatamente e essas liberações numa instituição pública são demoradas, então costumo gastar do meu próprio salário”, contou.

 

Outras tecnologias

 

O Inpa possui outras 74 tecnologias em cerca de 20 setores de atividades econômicas diferentes passíveis de serem transferidas às empresas locais e nacionais. Para manter a proteção industrial dessas tecnologias é investido R$ 300 mil por ano.

 

De acordo com o diretor do Inpa, Luiz Renato de França, existem várias maneiras de intermediar essas patentes para que elas se transformem em produto, e a instituição passe a exercer o seu papel em amplitude de fazer a pesquisa e disponibilizá-la para que tenha utilidade para a população.

 

 “Agora, é claro que tem de ter empresários interessados, porque o Inpa não pode produzir, nem comercializar diretamente as tecnologias que desenvolve”, destacou França.

 

Segundo o diretor da Q’Luz EcoEnergia, Roberto Lavor, desde o estágio de pesquisa concluída ao processo de industrialização, foram feitas várias otimizações tecnológicas para adequar o  purificador ao mercado. Entre elas estão o desenvolvimento de fornecedores de componentes de partes-peça, já que nem todas têm no Brasil, para se poder baixar os custos do produto.

 

“Nós já conseguimos reduzir em cerca de 40% os custos do produto. E isso é muito importante para que possamos ganhar capilaridade”, contou Lavor, adiantando que em dez dias o produto ganhará divulgação no interior, via rede de televisão. 

 

 

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Purificador

 

Protegida como modelo de utilidade, a tecnologia é capaz de desinfectar águas contaminadas por germes de rios, lagos e igarapés, através da radiação ultravioleta tipo C, evitando as doenças ocasionadas pela ingestão de águas sujas, como diarréia e Hepatite A.

 

O aparelho, que já está instalado em 28 comunidades do interior da Amazônia, via emenda parlamentar do então Senador João Pedro, pesa 13 quilos e é capaz de purificar até 400 litros de água por hora, utilizando energia solar e bateria. A vida útil da lâmpada ultravioleta é de 10 mil horas, o equivalente a três anos de duração. Cada aparelho tem condições atender até 300 pessoas com água potável.

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