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No Brasil, suicídio de homens idosos é quase quatro vezes maior que de mulheres

  • Publicado: Quinta, 28 de Abril de 2016, 14h32
  • Última atualização em Quinta, 28 de Abril de 2016, 17h19

De 2000 a 2008 foram registrados 73.261 óbitos por suicídio no Brasil, sendo 79,1% (57.937) de homens e 20,9% (15.324) de mulheres, o que significa 22 mortes por dia. Os dados foram apresentados, no Inpa, pela professora da ENSP da Fiocruz Cecília Minayo

Por Luciete Pedrosa (texto e foto) – Ascom Inpa

No Brasil, evidencia-se uma leve tendência de aumento dos suicídios em ambos os sexos, sobretudo, no sexo masculino de todas as idades e, particularmente, entre homens idosos. As informações foram apresentadas pela professora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz-RJ, a socióloga Maria Cecília Minayo, pioneira nesse estudo,  em palestra sobre suicídio entre idosos, na tarde da última quarta-feira (27), no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI).

Os dados são resultados do estudo “É possível prevenir a antecipação do fim? Suicídio de idosos no Brasil e possibilidades de atuação de atuação do setor Saúde”, realizado entre 2010 a 2012 com o objetivo de compreender a magnitude e a significância do suicídio na população brasileira acima dos 60 anos ou mais que faleceram por suicídio no período de 1989 a 2009 no Brasil.    

Minayo1FotoLucietePedrosa

“Os homens estão morrendo mais do que as mulheres. Queremos os homens unidos a favor da vida, porque nós mulheres adoramos vocês”, disse a professora em tom de brincadeira ao apresentar que no período de 2000 a 2008 foram registrados 73.261 óbitos por suicídio no Brasil, sendo 57.937 homens (79,1%) e 15.324 mulheres (20,9%), o que significa 22 mortes por dia.

De acordo com os dados, o Sul lidera com a taxa média anual de 8 para cada 100 mil mortes, seguido pelo Centro-Oeste com 6 para cada 100 mil mortes. No Norte e Nordeste, as taxas médias anuais foram de 3,2 para cada 100 mil mortes e 3,4 para cada 100 mil, respectivamente. O Sudeste mantém-se pouco abaixo do padrão nacional com taxa média de 4 para cada 100 mil óbitos por ano.

Segundo a professora, o que leva uma pessoa a cometer o suicídio nunca tem uma só causa. Estudos realizados apontam que a influência da história de vida da pessoa, incluindo o sofrimento, a violência, o isolamento, e muitas vezes maus-tratos levam a pessoa a se suicidar. “E aí quando a pessoa chega à última idade sente que sua vida não tem mais sentido”, esclarece. 

O tema é um problema de saúde pública, no qual a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde têm investido na ideia de que é possível prevenir o suicídio.

 

MinayoFotoLucietePedrosa

 

Minayo destaca as ações da OMS que elaborou um manual para profissionais de saúde, o Supra-miss,onde fundamenta a ideia de que o suicídio poder ser evitado. O manual ensina como identificar uma pessoa em risco de suicídio e foca na Atenção Primária (Postos de Saúde) e na preparação das equipes locais de saúde  e dos cuidadores, além do apoio comunitário e o papel das famílias em momento de crise. Já o Ministério da Saúde criou a Portaria nº1876, de 14 de agosto de 2006, que institui as Diretrizes Nacionais de Prevenção ao Suicídio.     

O suicídio encontra-se entre as dez principais causas de mortes no mundo. Em 2012, foram registradas pelos 172 estados membros da OMS cerca de 800 mil mortes autoinfligidas, representando uma taxa anual 11.4 para cada 100 mil habitantes, sendo 15 para cada 100 mil em homens e 8.0 para cada 100 mil em mulheres.   

Nos países mais ricos, o suicídio é responsável por 81% das mortes entre homens e mulheres e nos países periféricos é responsável por 44% das mortes do sexo masculino e 70% do sexo feminino por causas violentas.  

“No Amazonas, embora não tenhamos taxas altas comparadas a outras regiões do país, encontramos registro de cerca de 40 casos entre 2001 e 2007”, diz a coordenadora de Tecnologia social do Inpa, a psicóloga Denise Gutierrez, responsável pelo workshop. 

 

Minayo2FotoLucietePedrosa

 

Para o diretor do Inpa, Luiz Renato de França, é uma honra receber a professora Minayo, que é uma profissional altamente qualificada para falar de suas experiências com os idosos. “O tema suicídio é um tema atual e instigante porque a população está envelhecendo, mas é  preciso viver com qualidade e com dignidade”, disse. 

Na opinião da chefe do Núcleo de Saúde do Idoso da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), enfermeira Maria Eliny Ribeiro da Rocha, o tema é importante, porque o Brasil está envelhecendo e cada vez o número de idoso  aumenta. “É preciso conhecer o comportamento dessa população idosa para poder compreender e buscar na Atenção Primária estratégias que evitem que um idoso cometa suicídio”, diz Rocha. 

A palestra da professora Cecília Minayo contou com a participação maciça de estudantes, professores, técnicos e profissionais de saúde de Manaus. O evento também contou com a presença da diretora da Fundação Dr. Thomas, Martha Moutinho Cruz; do presidente da Liga de Gerontologia e Geriatria do Amazonas, Genival Miranda; da representante da Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade do Estado do Amazonas (Unati/UEA), Stella Regina Torres; e da professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Camila Bezerra.        

 

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