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Florestas de igapós são importantes ambientes para a conservação de primatas

  • Publicado: Sexta, 22 de Abril de 2016, 10h55
  • Última atualização em Sexta, 22 de Abril de 2016, 10h55

Segundo o mestrando de Ecologia do Inpa, Alessandro Rocha, no igapó há sazonalidade na produção de frutos, que está relacionada diretamente com os períodos de cheia e vazante. A pesquisa aborda também a caça de primatas, tradição cultural, ainda recorrente no Açutuba, localidade do município de Iranduba-AM

Da Redação - Ascom Inpa

Foto: Acervo Alessandro Rocha

Com o título “Disponibilidade de recursos e antropização estruturando a assembleia de primatas em florestas de igapó” o mestrando em Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Alessandro Rocha, estuda os primatas na localidade do Açutuba, em Iranduba (município a 30 quilômetros de Manaus-AM). A pesquisa também envolve moradores das comunidades da Cachoeira do Castanho, Serra Baixa e Açutuba, que participaram da pesquisa respondendo questionários para saber qual a relação deles com os macacos do igapó.

Iniciado em fevereiro de 2015, o trabalho é orientado pelo primatólogo e doutor em Biologia, o pesquisador Wilson Roberto Spironello, coordenador do Grupo de Pesquisa de Mamíferos Amazônicos do Inpa.

Segundo Rocha, a pesquisa busca responder como o uso do igapó está relacionado à disponibilidade de recursos (frutos e estrutura arbórea). Ele explica que, no período de cheia há maior disponibilidade de frutos em comparação com o período da vazante. “Quanto à estrutura arbórea, no igapó temos árvores de maior porte (20-30 metros), árvores intermediárias (entre 10 e 20 m) e arbustivas (menores que 10m). O uso desses microhabitats pelos primatas é diferenciado dependendo da espécie”, contou.

O estudo busca ainda descobrir quais macacos são residentes permanentes e quais são temporários nestas florestas alagadas. E, ainda, se a caça de primatas é uma atividade recorrente nas comunidades presentes na área de estudo.

 

PrimataAcervoAlessandroRocha

 

Rocha registrou sete espécies de primatas habitando a floresta de igapó: Alouatta juara (bugio), Aotus vociferans (macado-da-noite), Cacajao ouakary (bicó), Cebus albifrons (cairara), Pithecia crhysocephala (parauacu), Saimiri sciureus (macaco-de-cheiro) e Sapajus macrocephaulus (macaco-prego). Dessas espécies, os residentes temporários do igapó são: parauacu e macaco-prego, encontrados apenas no período de cheia. Já o bicó, bugio, cairara, macaco-de-cheiro e o macaco-da-noite foram considerados residentes permanentes; encontrados tanto no período de cheia como na vazante.

Os resultados mostram que a disponibilidade de frutos é uma das variáveis bióticas estruturantes das populações de primatas. “A oferta de alimento e o habitat são essenciais para o estabelecimento e manutenção das espécies, e os avistamentos de primatas diminuem drasticamente no período da seca ou vazante, assim como a disponibilidade de frutos”, ressaltou Rocha.

 

CairaracomendofrutoFotoAlessandroRocha

 

O mestrando alerta que, como a área de estudo está inserida na Região Metropolitana de Manaus, ela vem sofrendo pressão decorrente da ocupação humana, intensificada pela construção da ponte sobre o Rio Negro, inaugurada em outubro de 2011. Uma das atividades impactantes é a derrubada de árvores de maior porte e alto valor comercial, como a Jacareúba, Loro-Namuí, Tachi e Pequiá.

A caça é outra atividade recorrente nas comunidades, tradição cultural, realizada normalmente pelas pessoas mais velhas e pouco disseminada entre os mais jovens. As espécies de primatas de maior porte, como o guariba, são as mais caçadas e de forma oportunística. Segundo Rocha, se nenhuma intervenção for realizada dentro de poucos anos espécies de primatas, como o bugio, o prego e o bicó, poderão ser extintas localmente pela perda de habitat (desmatamento) e pressão de caça.

“Se isto ocorrer, perderemos espécies de primatas que são importantes dispersores, predadores de sementes, comprometendo assim os processos ecológicos, como a manutenção das espécies arbóreas de maior porte, impactando na estrutura vegetal da floresta”, alerta o mestrando.

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