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Programa do Inpa encontra filhote de gavião-real na Mata Atlântica no Sul da Bahia

  • Publicado: Quinta, 07 de Abril de 2016, 16h30
  • Última atualização em Quinta, 07 de Abril de 2016, 17h19

 Considerada a maior ave de rapina brasileira, a harpia passou a ser mais conhecida e também mais protegida nos últimos 15 anos por meio do Programa de Conservação do Gavião-real (PCGR) do Inpa

 

Da Redação da Ascom – Inpa

Foto: Jailson Souza - divulgação

 

Um ninho com filhote de Harpia, mais conhecido como gavião-real, foi registrado pela primeira vez na Mata Atlântica, no Parque Nacional do Pau Brasil-BA, pela equipe do projeto “Harpia na Mata Atlântica”, coordenado pelo Programa de Conservação do Gavião-real do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e financiado pela Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel.

 

Segundo a coordenadora do Programa, a pesquisadora do Inpa, Tânia Sanaiotti, a descoberta ocorreu durante três meses de buscas por um filhote de gavião-real que havia sido fotografado no Parque. “A equipe de monitoramento da RPPN, localizou um filhote com quase um ano de idade em um ninho encontrado em um Embiruçu a cerca de 35 metros de altura, e nesta região do Parque ainda não se conheciam ninhos”, explicou.

 

Sanaiotti conta que a harpia, considerada a maior ave de rapina brasileira, passou a ser mais conhecida e também mais protegida nos últimos 15 anos por meio do Programa de Conservação do Gavião-real (PCGR), que combina colaboração com comunidades e monitoramento por satélite para acompanhar a vida de exemplares do animal na Amazônia, na Mata Atlântica, no Cerrado e no Pantanal, dentre as estratégias para a conservação da espécie propostas pelo Inpa.

 

“A iniciativa inclui também o estudo da variabilidade genética, a reintegração de exemplares resgatados à natureza, além de programas de educação ambiental voltado para escolas e comunidades do entorno”, explicou a pesquisadora, lembrando que umas das ferramentas de divulgação nas escolas rurais e em Unidades de Conservação (UC) é o documentário fotográfico do livro Harpia, lançado pelo fotógrafo João Marcos Rosa em 2010, e financiado pela Vale S.A.

 

HarpiafilhoteFotoJailsonSouzadiv

 

Ainda de acordo com a pesquisadora, a descoberta do filhote amplia os conhecimentos sobre uma espécie da fauna brasileira ameaçada de extinção, na categoria vulnerável. “O acompanhamento deste ninho permitirá aos pesquisadores ampliarem o conhecimento da espécie, e entender mais sobre a capacidade de suporte de Harpias no Parna do Pau-Brasil, que é uma área de Mata Atlântica de 19.027 hecatares, tudo para contribuir ainda mais com o programa de conservação da espécie”.

 

Pesquisa e conservação

 

Pesquisa realizada no Inpa pelo Programa de Conservação do Gavião-real descobriu que um casal de harpia mantém cuidado parental durante um período longo, com o filhote ficando de um ano e meio a dois anos com os pais. “Durante o primeiro ano eles voam em uma área de uso de 700 metros de raio do ninho, desenvolvendo ali suas habilidades de voo e caça. Sendo importante conservar a floresta no entorno do ninho, fiscalizar a caça dentro da UC e sensibilizar as comunidades do entorno sobre a importância da Harpia e das florestas”, explicou a aluna de Pós-Graduação em Ecologia do Inpa, Helena Aguiar, envolvida no projeto.

 

Resultados

 

A coordenadora do programa Tânia Sanaiotti comemora um ano de soltura da terceira Harpia reintegrada à natureza no Parna do Pau Brasil. De acordo com ela, uma fêmea jovem foi resgatada no entorno do Parque em 2012 e após reabilitada foi solta. “O rastreamento é realizado por meio de um transmissor via satélite e outro VHF. A Harpia também recebeu anéis de identificação do Centro Médico Veterinário (Cemave/ICMBio). Nestes 14 meses deslocou-se cerca de oito quilômetros ocupando nos últimos meses a região sudeste do Parque, numa região distante dos ninhos conhecidos”.

 

Sanaiotti explica ainda que a ferramenta de monitoramento tem ajudado a entender a dinâmica territorial do gavião-real. “Esses deslocamentos pelo Parque indicam que ela está encontrando seus recursos alimentares dentro da área do parque, um bom indicador da boa qualidade de suas florestas. O desafio é que, muitas vezes, eles vão além da área protegida, seja por medo ou para alimentação, e assim se expõem ao risco de serem caçados”, destacou.

 

Parcerias

 

O Programa de Conservação do Gavião-real do Inpa busca através de projetos regionais atender as demandas do Plano de Ação Nacional para Aves de Rapina do ICMBio. Na Bahia, o projeto é financiado pela RPPN Estação Veracel, e é executado por equipe multidisciplinar: na reabilitação das aves resgatadas, envolve grupos de falcoaria SOS Falconiformes, ABFPAR (Associação Brasileira de Falcoeiros e Preservação de Aves de Rapina), Raptor Controle Ambiental, CRAX e Instituto Pro Raptors, além da equipe da RPPN; envolve a Ufes nas pesquisas da genética da conservação, e as solturas são em parceria com o Instituto Chico Mendes (ICMBio), tem o apoio de: Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (CIPPA), Centro Médico Veterinário (Cemeve) e Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS-IBAMA/BA).


 

 

 

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