Pesquisadores do Inpa propõem alternativas à construção de novas hidrelétricas na Amazônia
“O Brasil tem melhores opções de geração de energia e dispõe de um enorme potencial em outras fontes renováveis, como a eólica e a solar”, afirma o pesquisador do Inpa, Philip Fearnside um dos autores do artigo publicado na revista científica Biodiversity and Conservation
Da Redação da Ascom – Inpa
Foto: Acervo Philip Fearnside
Para assegurar a independência energética e a exploração de recursos minerais, os governos dos países amazônicos estão investindo na construção de barragens pela Amazônia, que segundo o artigo publicado neste mês, na revista científica Biodiversity and Conservation, tem causado grandes impactos sobre as biotas aquáticas e terrestres do mundo.
O alerta é de uma equipe de pesquisadores dos EUA, do Brasil e do Reino Unido, dentre eles estudiosos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Jansen Zuanon e Philip Fearnside. Os pesquisadores afirmam que as bacias hidrográficas da Amazônia e do Tocantins representam 6% do potencial hidrelétrico global. Os nove países que compõem o bioma amazônico já construíram 191 barragens em toda a bacia e estão planejando desenvolver outras 246 barragens adicionais.
Os pesquisadores propõem evitar construir grandes usinas nas partes baixas dos grandes afluentes, redirecionando esforços para usinas menores em trechos intermediários dos rios e realizar análises para avaliar os impactos de uma combinação de pequenas e grandes usinas hidrelétricas considerando bacias hidrográficas inteiras e não estudos isolados dos impactos de cada empreendimento.
Além dessas medidas, os pesquisadores também propõem que seja diversificada a matriz energética brasileira e dos países amazônicos vizinhos, reduzindo a dependência em relação à energia hidrelétrica, reduzir as perdas de energia nas linhas de transmissão e para modernização ou repotencialização de usinas antigas.
Barragens na Amazônia
A maioria destas barragens está concentrada no sul do rio Amazonas Dentre elas, inclui-se a hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará. A hidrelétrica já recebeu a licença final e deve começar a gerar energia ainda este mês. Até 2019, quando estará concluída, terá capacidade de 11.233 megawatts.
De acordo com o trabalho dos pesquisadores, que fizeram a revisão na literatura para sumarizar os impactos da construção de barragens na biodiversidade na Amazônia, esses 437 empreendimentos hidrelétricos poderão acabar com habitats raros dos rios da região, como corredeiras e pedrais. Estes locais são o lar de muitas espécies endêmicas, ou seja, de espécies que não são encontradas em nenhum outro lugar do planeta.
Segundo a publicação, a expansão na rede de barragens poderá resultar em grandes alterações aos rios amazônicos por obstruir o movimento da fauna aquática, tanto a montante quanto a jusante, submergindo essas corredeiras sob enormes lagos, inundando as florestas adjacentes e criando ilhas de floresta que não podem sustentar populações viáveis de muitos animais e plantas.
Os pesquisadores ressaltam que, embora muitas espécies ameaçadas pelas barragens na Amazônia brasileira estejam formalmente protegidas pela legislação brasileira de serem caçadas ou comercializadas, existem disposições legais que permitem que sejam extirpadas por estes projetos de construções de barragens na Amazônia.
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