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Estudo do Inpa demonstra sutilezas na dieta do macaco uacari-de-costas-douradas

  • Publicado: Quinta, 24 de Março de 2016, 10h55
  • Última atualização em Quinta, 24 de Março de 2016, 10h55

A pesquisa foi realizada no Parque Nacional do Jaú, entre os municípios de Novo Airão e Barcelos, no estado do Amazonas, por uma equipe de pesquisadores que há nove anos desenvolve trabalhos na região

Da Redação da Ascom Inpa

Foto: Bruna Bezerra – UFPE

Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) revelou que o uacari-de-costas-douradas (Cacajao ouakary) usa de sutilezasao selecionar o que vai comer. Ao contrário da maioria dos macacos, que prefere os frutos maduros, esses uacaris comem os frutos maduros e imaduros, evitando com isso a competição entre as espécies.

O uacari-de-costas-douradas, ao escolher os frutos imaduros ou duros, explora um “tendão de Aquiles”, um ponto fraco, para atacá-lo com mais sucesso e não correr o risco de quebrar os dentes.

Alguns frutos como o ingá-xixica (Inga obidense), seringa do igapó (Hevea spruceana) e arapari (Macrolobium acacifolium) têm umas fendas ou sulcos, que são linhas naturais de fraqueza onde a casca se abre para liberar as sementes quando estas estão prontas e a fruta já está madura. “Estas fendas são os pontos mais fracos do resto da casca, durante o processo de desenvolvimento. Essa é a diferença que os uacaris exploram”, diz o pesquisador bolsista do Programa de Capacitação Institucional do CNPq, no Inpa, Adrian Barnett, que está vinculado à Coordenação de Biodiversidade do Instituto.

male uacari bruna bezerra 1

Segundo Barnett, ao usar a força, repetitivamente, os uacaris mordem as partes mais frágeis do fruto duro para guardar energia e correrem menos risco de quebrar as pontas dos dentes caninos. “Isso seria um evento fatal, já que essas estruturas são as principais ferramentas para sua sobrevivência”, diz.

O estudo baseou-se na coleta de frutos imediatamente depois de os uacaris já terem extraído as sementes. Observou-se que 95% das mordidas foram feitas diretamente nos sulcos. “Também usando um canino protético do uacari para medir a força necessária para penetrar os frutos, descobrimos que a força usada nos sulcos foram até 45% menor que nas outras partes do fruto”.

Segundo o pesquisador, os músculos do crânio dos uacaris-de-costas-douradas são bem desenvolvidos, assim como os caninos, que possuem uma poderosa potência para penetrar e abrir as cascas duras dos frutos e ter acesso às sementes. Ao escolher os frutos imaduros, os uacaris necessitam empreender uma mordida com tamanha força igual ao de uma onça”, revela o pesquisador.  

uacari big 2 by Bruna bezerra

 

Barnett, que é doutor em Antropologia Biológica pela Universidade de Roehampton, em Londres (Inglaterra), conta que alguns gatos grandes usam uma metodologia parecida com a dos uacaris, inserindo a ponta dos dentes entre as vértebras nos pescoços de suas presas, permitindo uma quebra mais certeira e rápida e correndo menos risco para seus valiosos dentes.

Um gato grande e um uacari podem ter aparências distintas, mas em alguns aspectos de sua biologia são bem parecidos”, compara.

A pesquisa foi publicada na revista American Journal of Physical Antropology, no mês de março. Os estudos foram realizados no Parque Nacional do Jaú, unidade de conservação, onde existe um grande número daquele animal, situada a 220 Km de Manaus, entre os municípios de Novo Airão e Barcelos, no Amazonas,   por uma equipe de pesquisadores, que há nove anos desenvolve trabalhos naquela região. Porém, desde 1999, estudos preliminares são realizados por um núcleo do Projeto de Estudo Igapó (Igapo Study Project).

Participaram da pesquisa os pesquisadores Adrian Barnett, Wilson Spironello (Inpa); Bruna Bezerra e Pedro Santos, do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Peter Shaw, do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Roehampton; Ann MacLarnon e Caroline Ross, do Centro de Pesquisa em Antropologia Evolutiva da Universidade de Roehampton.    

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