Inpa estuda controle do Aedes aegypti usando a larva do mosquito elefante
As larvas têm o potencial de serem agentes de controle biológico natural de outros insetos e buscam proteínas, alimentando-se de larvas de outros mosquitos, incluindo os da dengue. Já os adultos não sugam sangue, mas sim o néctar das flores
Por Luciete Pedrosa - Ascom Inpa
Foto: Acervo Letep -Inpa
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) estuda mais uma forma de fazer o controle dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, transmissores da dengue, da febre chikungunya e do zika vírus. A pesquisa utiliza larvas do mosquito elefante, que são predadoras ativas, inclusive, de mosquitos causadores da malária, da febre amarela e de outras doenças.
Estudos realizados no Laboratório de Etnoepidemiologia (Letep), vinculado ao Laboratório de Malária e Dengue do Inpa, comprovaram que uma larva do mosquito elefante (Toxorhynchites haemorrhoidalis haemorrhoidalis) é capaz de ingerir, durante o período larval (uma média de seis dias) aproximadamente 120 larvas do Aedes aegypti. A duração do ciclo de vida do Aedes a partir da oviposição até a fase adulta é de sete a dez dias.
Para o responsável do Letep, o pesquisador Hugo Mesquita, a utilização dessas larvas em criadouros do mosquito da dengue pode ajudar no controle da doença. “Porque essas larvas são predadoras naturais de mosquitos em ambiente de vegetação”, diz.
Com o título “Preferência de oviposição de Toxorhynchites (L.) haemorrhoidalis haemorrhoidalis em criadouros artificiais de diferentes cores em um fragmento de mata do município de Manaus, Amazonas”, o projeto é desenvolvido pelo bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic/CNPq) no Inpa, Jefeson Cruz de Souza. A orientação é da pesquisadora Raquel Telles Sampaio com a colaboração do técnico Ulysses Barbosa.
“Esse estudo é importante porque aponta outros meios para controlar os mosquitos transmissores de doenças”, destaca a orientadora.
A pesquisa é monitorada, semanalmente, em 24 criadouros artificiais plásticos do tipo ovitrampas nas cores preta, verde, azul e branca, distribuídos em seis diferentes pontos de fragmentos de mata urbana, localizada nas dependências do Campus I do Inpa. A pesquisa teve início em agosto de 2015 e deve prosseguir até julho deste ano.
Os mosquitos elefantes ao colonizarem em ambientes de vegetação as suas larvas se alimentarão dos transmissores da dengue, chikungunya, zika e de outras doenças. “E junto com outros predadores naturais vão controlar a população do mosquito do gênero Aedes”, diz Mesquita. “Mas só vamos conseguir isso mantendo uma vegetação mais perto possível do natural deles”, enfatiza.
Uma das características dos mosquitos elefantes é que eles são dotados de palpos que lembram as presas do elefante. Os adultos não sugam sangue, alimentado-se de néctar das flores. As larvas têm o potencial de serem agentes de controle biológico natural de outros insetos e buscam proteínas, alimentando-se de larvas de outros mosquitos, incluindo os da dengue.
Segundo o pesquisador, as plantas são elementos importantes nesse processo de controle natural, porque sevem como alimento, tanto para o macho quanto para a fêmea que ainda não está grávida do mosquito elefante. “Eles serão atraídos por esse tipo de vegetação (flores) e vão procurar desovar em volta desse ambiente”, acrescenta.
“O mosquito elefante pode ser considerado amigo do homem por não transmitir doenças, pois na fase adulta não se alimenta de sangue e não pica o homem”, ressalta o estudante Souza.
Espécies
A maioria das espécies de mosquito elefante habita regiões tropicais arborizadas ao redor do mundo. Das quatro espécies registradas na Amazônica brasileira (Toxorhynchites guadaloupensis, T. haemorrhoidalis, T. theobaldi e T. purpureus), apenas a Toxorhynchites haemorrhoidalis haemorrhoidalis foi encontrada em Manaus, utilizando criadouros artificiais como pneus, copos descartáveis e recipientes plásticos para a postura dos ovos.
Mesquita explica que na Colômbia outra espécie de mosquito elefante já é criada em cativeiro para ser solta no ambiente. “Aqui, ainda não chegamos nesse estágio de pesquisa”, diz.
Conforme o pesquisador, no momento, Jefeson está estudando se essas fêmeas do mosquito elefante têm alguma preferência pela cor do ambiente onde elas vão desovar para poder fazer armadilha a fim de capturá-las para serem criadas em laboratório. Em outra etapa, o Laboratório de Etnoepidemiologia dará prosseguimento ao estudo visando identificar quais plantas atraem os mosquitos elefantes.
“Esta segunda fase será importante, uma vez que tenhamos certeza de que plantas atraem mais os mosquitos, podemos recomendar que as pessoas plantem suas florzinhas perto de suas casas, o que seria interessante a comunidade colaborar a atrair o mosquito”, ressalta Mesquita.
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