Pesquisador do Inpa fala para os novos alunos do Inpa sobre a situação do Aedes Aegypti
“Estamos mexendo com algo que ainda não conhecemos”, afirma o pesquisador do Inpa, Wanderli Pedro Tadei, sobre as relações do mosquito com os vírus da dengue, chikungunya e zika
Por Luciete Pedrosa (texto e foto)– Ascom Inpa
“O problema é muito sério porque 80% das pessoas que estão contaminadas não manifestam nenhum sintoma e talvez seja esta uma das causas da rápida disseminação do chinkungunya e do zika vírus”, disse o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Wanderli Pedro Tadei, durante aula magna dos Programas de Pós-Graduação do Instituto. “Mas por enquanto não temos elementos para poder provar isso”, afirmou.
De acordo com Tadei, tanto o vírus zika, como o chinkungunya se dispersam muito rapidamente e tudo indica que não é somente pelo Aedes aegypti. “Deve haver outra forma de dispersão e estamos atentos a isso”, disse o pesquisador, que fez um breve relato da situação daquelas doenças no Amazonas e no Brasil.
Na opinião do pesquisador, a Amazônia é o maior bioma do planeta, por isso mesmo é uma área que tem características especiais. “E são essas características que devem ser utilizadas para entender a biologia de qualquer inseto ou animal”, ressalta.
O pesquisador explica que o Aedes é um mosquito que já está adaptado a viver no centro urbano, é altamente antropófago e tem hábito diurno. “É aí que precisamos atuar para conter a reprodução desse mosquito para controlar a dengue, a chikungunya e o zika vírus”, recomenda.
Para ele, o grande problema nos centros urbanos são os criadouros domésticos, como caixas d'água destampadas, pneus usados e pratos de vasos de plantas, além das construções, que também são lugares propícios para a reprodução do Aedes aegypti.
“Estamos mexendo com algo que ainda não conhecemos. Esse vírus zika agora que apareceu para o mundo e no Brasil já se detecta a microcefalia e a possível relação com a síndrome de Guillain-Barré”, diz Tadei. “Nos outros lugares não acusam esses dados, como na Colômbia, que está infestada pelo zika e não se relata casos de microcefalia”, acrescenta.
O Ministério da Saúde investiga para esclarecer como o vírus atua no organismo humano, quais os mecanismos que levam à microcefalia e qual o período de maior vulnerabilidade para as gestantes.
A febre chikungunya é um vírus que apareceu pela primeira vez em 1952, na Tanzânia (África), e significa “aquele que se curva”, porque as pessoas ficam encurvadas com dores nas articulações. Já o zíka vírus significa “mato”, pois deriva de uma floresta em Uganda, também na África, chamada zika (que significa “invadido”, no idioma local). Foi isolado pela primeira vez na África, em 1947.
Aula
Os novos alunos foram recebidos pela coordenadora de Pós-Graduação, Rosalee Coelho, e pela coordenadora de Capacitação, Beatriz Ronchi, além dos coordenadores dos cursos do Inpa. A aula ocorreu na tarde da última terça-feira (1). “Parabéns aos que passaram no processo seletivo e esperamos que os cursos atendam plenamente as expectativas dos 114 novos alunos de mestrados do Inpa”, disse Coelho.
Segundo a coordenadora de Capacitação, Beatriz Ronchi Telles, o Inpa recebe alunos de todos os países, inclusive da Europa e dos Estados Unidos. “O Inpa nesses 40 anos de pós-graduação já formou mais de 2 mil alunos”, disse.
Para a nova aluna de pós-graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (BADPI), Marissa Chicre, é uma honra estudar no Inpa. “Estou muito feliz por ter passado no processo seletivo por ser um dos mais concorridos do Brasil e ter a oportunidade de fazer parte das pesquisas com os doutores dos laboratórios do Inpa”, disse.
O Inpa possui dez programas de pós-graduação e atualmente tem, incluindo os novatos, 588 estudantes em níveis de Mestrado e Doutorado.
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