Inpa mostra em canteiro de obra o uso da mistura cal e cloro no combate ao Aedes aegypti
Para o pesquisador do Inpa, Wanderli Pedro Tadei, os brigadistas são fundamentais no processo de combate ao mosquito. Na próxima quarta-feira (2), acontecerá nova capacitação prática
Por Luciete Pedrosa (texto e foto)– Ascom Inpa
“Nos canteiros de obra a dimensão do problema é muito maior”. A afirmação é do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Wanderli Pedro Tadei, durante treinamento de trabalhadores da construção civil com o uso da mistura cal e cloro, nesta sexta-feira (26), em um prédio comercial em construção, na zona Leste de Manaus. A proposta é formar brigadas de combate ao Aedes aegypti.
Os profissionais aprenderam na prática como utilizar a mistura cal e o cloro nos canteiros de obras e comprovar a eficiência da solução para matar as larvas do mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika. A mistura é uma técnica elaborada pelo pesquisador do Inpa e a equipe do Laboratório de Malária e Dengue do Instituto.
“É importante conhecer técnicas simples e de fácil manuseio e colaborar para exterminar o mosquito da dengue”, disse o almoxarife de obras, Carlos Augusto Marques, um dos participantes da atividade.
A capacitação é uma parceria entre o Inpa, a Secretaria Municipal de Saúde e o Serviço Social da Construção Civil (Seconci).
Para o pesquisador, os brigadistas são fundamentais no processo de combate ao mosquito. E como a obra tem diferentes fases de construção, em umas acontece uma ampliação dos ambientes de reprodução dos mosquitos e, em outras, uma redução desses sítios.
“O brigadista precisa ter uma boa formação e antecipar o problema para todos os setores da obra, evitando que haja uma proliferação desses mosquitos”, ressalta Tadei.
Segundo a gerente de Promoção à Saúde da Semsa, Francinara Lima, há a necessidade do envolvimento dos gestores das empresas na luta de combate ao Aedes. “Precisamos fazer essa mobilização e sensibilização, não só com os trabalhadores, mas também atrair os gestores que precisam se envolver mais nesse processo e somar conosco. Só vamos vencer essa guerra quando todos se unirem”.
Para a supervisora das equipes de pontos estratégicos do Distrito de Saúde (Disa) Oeste, Shirlene Bonfim Maia, as informações repassadas pelo pesquisador do Inpa sobre a cal e o cloro foi proveitosa, porque eles puderam ver que a mistura é um arranjo simples e eficaz contra as larvas do mosquito.
Estiveram presentes na capacitação, o representante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (Crea-AM), o engenheiro Carlos Figueiredo; a superintendente do Serviço Social da Construção Civil (Seconci), Alair de Souza Paula; e a gerente de Promoção à Saúde da Semsa, Fracinara Silva.
A superintendente do Seconci afirma que a capacitação é importante para que a cadeia da construção civil monte suas brigadas. “Precisamos avançar muito mais e tentar sensibilizar as empresas para a formação de suas brigadas e realizar, semanalmente, um monitoramento para eliminar os possíveis focos do mosquito nos canteiros de obras”, ressalta.
Ainda segundo Alair de Paula, na manhã da próxima quarta-feira (2), acontecerá nova capacitação prática em um canteiro de obras com outro grupo de trabalhadores mostrando como eliminar possíveis focos do mosquito Aedes utilizando a mistura cal e cloro. Desde 2010, o Seconci capacita os trabalhadores no combate à dengue e repassa informações sobre outros temas nos locais de trabalhos da construção civil.
Para o engenheiro do Crea-AM, Carlos Figueiredo, a ação do Inpa em parceira com a Semsa é de fundamental importância. “Veio na hora certa para juntar os trabalhadores das empresas da construção civil para auxiliar no combate e prevenção ao Aedes Aegypti”, disse Figueiredo.
Segundo Figueiredo, o Crea-AM tem aproximadamente 4,5 mil associados. “Estamos fazendo a nossa parte divulgando no site e entre os profissionais e em empresas registradas a necessidade de participar de capacitações como essa”.
Saiba mais
A cal em contato com a água forma o hidróxido de cálcio, que provoca reações cáusticas e irritantes aos organismos aquáticos, liberando também calor ao meio. Já o cloro orgânico em contato com a água altera o pH do meio e libera ácido hipocloroso, que desempenha um papel oxidativo matando as larvas.
Segundo o pesquisador, para cobrir um metro quadrado de área altamente infestada de larvas são necessários oito copos descartáveis (180 ml) de cal e dois copos de cloro. “Esta fórmula tem uma reação cáustica e mata imediatamente a larva e o mosquito adulto e o ovo não eclode”, explica o pesquisador.
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